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segunda-feira, 11 de outubro de 2010

DEBATE ACALORADO NA TV

                                                                                *Osny Araújo

Ontem me abstive da cervejinha com os amigos para aguardar o debate inaugural do segundo turno da corrida presidencial entre a petista Dilma Roussef e o “tucano” José Serra e parece que não fiz um bom negócio, até porque, não sei onde os chefões da Rede Bandeirantes estavam com a cabeça quando marcaram um debate político dessa envergadura para as 21 horas de domingo (hora Manaus). É por essas e outras razões que a Rede Globo se mantém no topo. Uma mancada dessa, a Globo, a rede do plim,plim, não comete jamais.
Confesso que esperava um debate mais elevado por parte dos postulantes ao Palácio do Planalto. O nível não foi bom e as trocas de farpas e acusações marcaram todo o debate, com Serra se apegando a sua larga biografia de homem público e Dilma partindo para fazer comparações dos governos do PSDB, (Fernando Henrique Cardoso) e do PT com Lula, que em sua opinião o país cresceu mais, houve a geração de muitos milhões de empregos, a economia permaneceu estabilizada mesmo diante da grave crise econômica internacional e o crescimento foi considerado muito bom. Todos esses pontos, claro, foram contestados por Serra.
O debate foi tenso e provocativo do primeiro a último minuto e as provocações foram muitas, até pela própria estrutura do programa que permitia perguntas diretas entre os candidatos, com replica e tréplica, o que gerou uma espécie de bate-boca, sem muito interesse para a sociedade, que esperava um debate mais inteligente, claro, responsável e de propostas concretas por parte dos dois candidatos que disputam o segundo turno para ter a honra e o privilégio de governar o Brasil e traçar novos rumos para os brasileiros.
Os temas abordados foram muitos e variáveis, mas sempre com provocações, deixando um clima tenso durante todo o programa, com assuntos quentes como privatizações, o caso Erenice Guerra, a fuga de um assessor de Serra com alguns milhões de reais e por aí a coisa caminhou, numa demonstração clara que os dois candidatos não chegaram a TV Bandeirante com os espíritos desarmados para um grande debate democrático. O comportamento dos dois, não foi legal.
O que os políticos precisam entender, especialmente a nível de presidência da República, é que esses debates, como o de ontem promovido pela Band, não foram idealizados para que candidatos promovam um grande bate-boca e sim, para expor idéias e propostas de Governo, mas infelizmente, isso quase não se viu no programa de ontem. Vamos aguardar, que o debate de encerramento da campanha que deverá ser promovido pela Rede Globo e não num domingo a noite, na véspera de um feriadão, Dilma e Serra, Serra e Dilma, compareçam mais desarmados e possam fazer um debate digno do cargo que tentam conquistas através das urnas. Um debate de idéias e propostas, sem agressões, provocações e bate-boca. Um debate que realmente sirva para esclarecer o eleitor, especialmente os que ainda estarão indecisos quando o debate for realizado.
Aqui pelas nossas bandas, a Amazônia cantada em verso e prosa em tempo de campanha política, mostrando a sua importância para o País e para mundo, especialmente em função da suas riquezas naturais, foi vagamente citada em duas oportunidades e ainda assim, de forma muito periférica, talvez porque em toda a Amazônia vivam apenas cerca de 17 milhões de eleitores, que talvez não interesse muito aos presidenciáveis.
O que os candidatos não podem e nem deve esquecer, é que aqui na Amazônia, uma região de fronteira e territorialmente continental, vivem brasileiros sofridos, mas brasileiros orgulhosos da sua pátria, a mesma coisa ocorrendo no nordeste, a duas regiões politicamente mais abandonadas pelos Poderes da República. (Este artigo é publicado simultaneamente nos sites noticianahora e tadeudesouza.com.br)

*Osny Araújo é jornalista e analista político.
E-mail: osnyaraujo@bol.com.br

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