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quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

PHARMACIA VITORIO: MEIO SÉCULO A SERVIÇO DA SAÚDE



          Texto: Osny Araújo

Acreditem. Fazia alguns anos que não caminhava pelo centro de Manaus, lá pelas bandas do mercado Adolpho Lisboa e ontem, resolvi matar a saudade, até porque o meu local de trabalho foi deslocado para fora do eixo-central da capital.

Para não ter transtorno com estacionamento, fiz outra proeza. Apanhei o ônibus e depois fui caminhando pelas ruas da área.

Foi nessa caminhada que adentrei a Rua Rocha dos Santos, bem frontal ao mercado e aproveitei para colocar a conversa em dias com o amigo e irmão maçônico, Humberto Figliuolo, farmacêutico conceituado, empresário e membro fundador da Academia Amazonense Maçônica de Letras.

A conversa estava muito atrasada e entre um cafezinho e outro, com adoçante natural, os dois cinqüentões e saudosistas, começaram a recordar alguns pontos comerciais da Manaus antiga, dos anos 60,70 e 80 e veio à baila a Casa Cruz, do saudoso nacionalino, o português, comendador Cruz, J. Soares Ferragens, S. Monteiro, Drogaria Fink, Drogaria Rosas,J.G.Araujo, os cines Odeon, Avenida, Guarany e Polithema, Bar Avenida, Pensão Maranhense, Dragão dos Tecidos, Casa Rabelo, na Avenida 7 de Setembro, todos estabelecimentosw tradicionais do centro da cidade e tantas outras que me fogem à memória.

Foi em meio a essa conversa que falei para o Humberto. Sabe de uma coisa, vou colocar no meu Blog, um pedacinho da longa e rica história da tua Pharmácia, isso mesmo, com Ph, isso, na antiga ortografia, agora a grafia é na forma atual, perfeitamente atualizada com modernidade.  Essa farmácia  uma das mais tradicionais da cidade no comércio de medicamentos, com muita história e referência, até para que os mais jovens conheçam um pouco da nossa história de raiz, bem antes da bem vinda Zona Franca de Manaus, quando Manaus não possuía mais de 280 a 300 mil habitantes. Hoje, somos em torno de 2 milhões de almas.

Fomos conversando e a história do cinqüentenário estabelecimento comercial do centro, especializada na comercialização de medicamentos, foi fluindo naturalmente, isso entre o atendimento de um cliente e outro o que não chegava a tirar a conversa da direção que havíamos traçado.

Figliuolo começa dizendo que a Farmacia  Vitorio, é uma grande herança de família, ou melhor, de pai para filhos, talvez por isso, seja mantida até é hoje com muito orgulho e zelo no minúsculo prédio encravado entre os imóveis da rua Rocha dos Santos, guarda em seu seio, uma grande e bonita história de um passado que não devemos esquecer.

Na verdade, cinqüentão ou não, quem é que ainda não ouviu falar em Manaus da Farmacia Vitório, ali na Rua Rocha dos Santos, bem na descida para o chamado “mercadão”.

Pois bem. Esse modelar estabelecimento comercial, está comemorando 52 anos de fundação, ou seja, já ultrapassou meio século de atividades e de bons serviços prestados a Manaus e o seu povo, ajudando na assistência à saúde e os herdeiros, orgulhan-se de ser a única Farmacia de Manaus a se manter no mesmo endereço ao longo dos decênios chegando a funcionar como um ponto de referência da cidade que ela ajuda a escrever a história.

Lá, os clientes, a maior parte, velhos conhecidos, são tratados pelos nomes, chegam com a certeza de que os seus pedidos serão prontamente atendidos, pois além de oferecer um serviço eficiente e diferenciado de atendimento, recebem orientações e conselhos, além de manter uma variedade imensa de medicamentos, visando sempre ajudar a curar os males da sua imensa e fiel clientela.

A organização comercial foi fundada no século passado exatamente em 1958, ano em que o Brasil conquistou em gramados suecos o seu primeiro título de Campeão Mundial de Futebol, a nossa primeira Copa do Mundo.

Naquela  época, o farmacêutico Vittório Figliuolo e sua mulher Rosalina Costa Figliuolo, conseguiram a custa de muito trabalho e dedicação materializar um sonho e nasceu a Farmacia Vitorio.

No início dessa história, a Farmacia trabalhava também com a manipulação farmacêutica, fazendo concorrência com outro cobra em farmacologia, o saudoso Altair Nunes, proprietário da Farmácia Nunes, também no centro de Manaus, na Rua Henrique Martins, onde eram preparadas as formulações médicas prescritas pelos renomados profissionais da medicina da época.

Chegou o ano de 74, a Seleção Canarinho já havia conquistado outros títulos mundiais e nesse ano, morria o patriarca Vittorio Figliuolo e de imediato a responsabilidade técnica do empreendimento foi assumida pelo seu filho, o também farmacêutico Humberto Figliuolo, que com a força da juventude e com o espírito de empreendedor ampliou comercialmente os negócios, sendo pioneiro em levar a farmácia para as empresas do Pólo Industrial de Manaus (PIM) e órgãos das três esferas de Governo.

Isso demonstra claramente o sucesso de um negócio familiar que iniciou timidamente com o esforço do casal Vittorio e Rosalina, disposto a enfrentar o futuro com competência e determinação, com o objetivo de realizar algo em favor da sociedade, ou melhor, da humanidade.

Atualmente, Humberto Figlioulo que exerceu importantes cargos na administração pública, na Maçonaria e no campo social como o  de presidente do Ideal Club,  já exerceu vários e importantes cargos, como: Secretário de Saúde do Estado, presidente do Conselho Federal de Farmácia e sub-secretário de Saúde do Município, retorna ao batente com mais vigor, ao lado do seu irmão e sócio Vittorio Figliuolo Junior.

Nesse mais de meio século de atividades, a Farmacia recebeu alguns retoques de modernidade e melhorou  a logística para prestar um melhor atendimento e cuidar melhor da sua imensa clientela, além da preocupação de não mudar o perfil da história , permanecendo ainda por muito tempo com a antiga ortografia e só bem mais tarde o nome de fantasia do estabelecimento foi obedeceu a nova lei orográfica brasileira e o Ph foi suprimido, passando a ser grafado de forma convencional como Farmacia Vitorio.

Além de tudo isso, os irmãos Figliuolo guardam carinhosamente nas dependências da loja, alguns medicamentos seculares que foram utilizados nossos antepassados, como os nossos avós, bisavós e pais, com a intenção única de manter viva e preservar a memória da grande evolução da atividade farmacêutica no Brasil e no mundo.

 “A idéia diz - Humberto com certa euforia – é criamos um Museu convencional, virtual e interativo, construido com a participação de doadores de peças antigas, embalagens secas de medicamentos de outrora, tudo que possa contar um pouco dessa rica história e do muito que representaram esses medicamentos do passado e seus artefatos no Brasil e na milenar história da ciência farmacêutica.

Posso garantir que esta história, pagou completamente a minha viagem de ônibus ao centro de Manaus, uma cidade que se transforma a passos largos dia-a-dia, demonstrando com evidência que é sem nenhuma dúvida, uma cidade que nasceu de costas para o rio, mas de frente para o futuro.

*Osny Araújo é jornalista e analista político.
e-mail: osnyaraujo@bol.com.br

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