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sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

AS VOLTAS DA POLÍTICA E DA VIDA- *Osny Araújo


No passado adversários políticos, depois inimigos. No presente, companheiros, amigos. É isso mesmo. Isso é política, onde o ser humano quase sempre muda de comportamento, até de ideologia e filosofia de vida, às vezes esquecendo princípios, ética e valores que deveriam ser preservados.
Esta introdução é para falar da nomeação do advogado, professor, empresário, ex-vice-governador e ex-prefeito de Manaus, Manoel Henriques Ribeiro pelo prefeito Amazonino Mendes, para ocupar a vaga deixada pelo deputado licenciado Bosco Saraiva na presidência do Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb), um dos órgãos mais importantes da administração municipal.
O leitor pergunta? Qual a razão da introdução? É simples, o prefeito Amazonino Mendes acaba de nomear e empossar na presidência do Instituto, um homem, que no passado, quando prefeito da capital foi taxado pelo então governador Amazonino Mendes de corrupto e desonesto e tudo fez para tomar-lhe a prefeitura naquela oportunidade.
Vamos refrescar um pouco a memória, para que possamos entender direitinho essa história. Em 1998, o instituto Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), aprovou um parecer favorável, com base em “irregularidades” e com base em aprovação da Assembléia Legislativa do Estado, com base absolutamente governista aprovou e o Governo do Estado, sugerindo intervenção na Prefeitura de Manaus e o governador Amazonino Mendes co0nsumou o fato.
Com isso, Manoel Ribeiro que fora eleito para o cargo em eleição direta, foi obrigando a deixar a prefeitura, assumindo em seu lugar o hoje ministro Alfredo dos Transportes, senador licenciado e pré-candidato ao Governo do Estado com o apoio do presidente Lula e do próprio prefeito Amazonino Mendes.
A época, eu exercia a função de editor de política do centenário Jornal do Comércio e como toda a imprensa, acompanhei atentamente essa briga e a troca de insultos e acusações entre os dois, com o então governador, em várias entrevistas, inclusive que ainda hoje devem estar gravadas em algum arquivo radiofônico de “corrupto e desonesto”.
Ribeiro não ficou por baixo e deu o troco em grande estilo. Também falando para os jornalistas, garantiu o então ex-prefeito que o governador havia cometido um “violento e arbitrário”, alegando, inclusive que o ato contra ele aprovado pelo extinto TCM, órgão que segundo ele só servia para empregador apadrinhados e parentes de políticos, sob grande influência da família Lins, o que demonstra claramente a confusão política que se estabeleceu em Manaus naquele longínquo ano de 1998, mas que a história registrou com detalhes os acontecimentos.
Ao que parece, Manoel Ribeiro tem consciência de que o povo e a história não esquecerem esses acontecimentos, tanto é verdade que ele fez questão de afirmar durante a sua posse, que quem “vive de passado é museu”, garantindo que o conflito do passado ficou para trás”. Que bom que eles pensam assim.
Como as acusações contra Manoel Ribeiro, devidamente armadas pelo grupo de Amazonino Mendes, não prosperaram ele conseguiu após algumas refregas judiciais retornar ao comando da Prefeitura de Manaus, já no final de seu mandato, a tempo de passar o cargo para as mãos do novo prefeito eleito da capital, Artur Virgílio Neto.
Após isso, Ribeiro por vontade própria se exilou no Rio de Janeiro, onde passou quase vinte anos e agora retorna com o pedido de desculpas ou mesmo o perdão de Amazonino Mendes para integrar a equipe do Governo Municipal, dirigindo o Implurb.
Advogado, empresário, político e professor de Inglês, o novo presidente do Implurb tem todas as condições para realizar bom trabalho e agora, com Amazonino Mendes tendo outro pensamento sobre ele, ajudar e muito na administração municipal. Talento e competência têm de sobra para isso.
Na verdade, essa história não é nenhuma novidade em política. Elas acontecem sempre, até porque, nessa arte, os inimigos de hoje serão os amigos de amanhã e vice-versa, o que nos leva a crer que em política tudo é possível acontecer. O mais importante em política é somar e multiplicar e nunca dividir ou subtrair.

*Osny Araújo é jornalista e analista político.
e-mail: osnyaraujo@bol.com.br

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