
Desacreditado perante a opinião pública, o Senado da República, com toda a sua pujança, sob o comando do maranhense José Sarney, (PMDB-AP), parece mesmo uma Casa de Noca e o Conselho de Ética, presidido pelo senador fluminense Paulo Duque (PMDB-RJ), transformado a instituição em uma grande pizzaria. Tudo para favorecer Sarney.
O presidente do Conselho de Ética num encontro nos corredores do Senado com os jornalistas e indagado sobre a questão, levou a mão na testa e disse que tudo já estava na sua cabeça, mas ainda não era tempo de falar, o que aconteceu ontem, com o arquivamento das denúncias formuladas pela oposição com apoio de alguns peemedebistas contra o presidente da Casa José Sarney.
Com o Senado atravessando uma crise que o esta levando para o fundo do poço, sob o comando de Sarney, os senadores que formam na tropa de elite do Governo parece que estão mesmo querendo brincar com fogo. Não lembram que em 2010 teremos eleições e certamente, muitos, pela posição assumida em defender o indefensável presidente da Casa, correm o risco de não retornar a Casa.
Com a tropa de choque liderada no plenário por Renan Calheiros, e no Conselho de Ética por Duque, Sarney deve estar comemorando a sua força política neste Governo, mesmo fazendo um grande mal para a sua biografia, face ao enorme desgaste que vem sofrendo com a sua desastrosa e inescrupulosa administração no Senado da República, outrora uma Casa de respeito, hoje, fonte inspiradora de piadas dos profissionais do humor. Na verdade, o Senado da República vive hoje um grave estado de calamidade institucional.
Com a oposição prometendo recorrer da decisão antiética do Conselho, parece que essa crise só deverá acabar mesmo na próxima legislatura. Até lá, vamos ficar ouvindo e vendo pela TV, desagradáveis discussões em plenário, numa absoluta falta de respeito com o povo, especialmente, quando se tenta defender o indefensável, querendo tapar o sol com a peneira.
Gostaria de estar escrevendo sobre política do meu Estado, mas, infelizmente, mais uma vez me reporto à política nacional. Não é possível ficar calado com tudo o que vem ocorrendo no Senado. Não tenho nenhum prazer em escrever este humilde texto, o faço por dever de ofício e pela responsabilidade que tenho com os meus leitores e por patriotismo, uma vez que essa crise pode colocar em risco a democracia.
É lamentável sob todos os aspectos o momento que vive a política brasileira, através de uma das instituições mais representativas da República. É triste saber, que vamos passar o resto desta legislatura, vendo os nossos “nobres senadores”, batendo boca, fazendo discursos cheios de questões pessoais e deixando de lado fatos importantes para o país, que estão engavetadas por falta de agenda para votação nas Comissões ou no plenário.
Reforma Fiscal, reforma política, voto secreto dentro do próprio Senado e tantas outras questões interessantes e importantes para o Brasil, foram todas jogadas para um segundo plano. O grande tema dos senhores senadores, é sem nenhuma dúvida a crise. Uns acusando e outros defendendo, sem que se busque de fato uma solução, o que só seria possível através de uma investigação séria, com direito a defesa dos denunciados, mas que o Conselho de Ética, resolveu agir como um trator e esmagar as denúncias, considerando-as infundadas, por terem sido feitas com base no noticiário da imprensa. Mais uma vez, nós jornalistas, que informamos o que nos é passado e o que realmente acontece, estamos pagando o pato. Eles fazem as besteiras, cometem os erros, a imprensa notícia e no final, leva a culpa. Bela desculpa do senador Duque, tentando repassar a irresponsabilidade do Conselho que dirige, com maioria governista para nós, pobres jornalistas.
A mídia internacional, como era de se esperar, tem dado grande destaque a crise estabelecida no Senado da República e nem por isso, os nossos senadores chamam a si a responsabilidade de resolvê-la com rapidez e inteligência.
Ao invés disso, de optar responsavelmente pela investigação do presidente Jose Sarney, que certamente teria amplo direito a defesa, o Conselho de Ética, com maioria “Sarneysista”, preferiu levantar o tapete e esconder em baixo o lixo, ou seja, como naquela brincadeira de criança, fazendo tudo o que o chefe mandou. O chefe ordenou a feitura da pizza e ela foi feita com todos os ingredientes da vingança e do revanchismo, sem nenhuma responsabilidade e preocupação com a instituição.
Feliz Dia dos Pais, com paz e muita saúde.
*Osny Araújo é jornalista e analista político.
e-mail: osnyarujo@bol.com.br
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