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quarta-feira, 24 de março de 2010

Jacarés passeiam  pelas ruas
levando perigo à população


Manaus - Uma média de seis jacarés, por mês, é capturada somente em Manaus. Dados da Reserva Sauim Castanheira apontam que, apenas nos primeiros 82 dias deste ano, 19 reptéis já foram retirados da zona urbana da capital. Ontem, um crocodiliano — medindo 1,2 metros — foi encontrado por pedestres na praia da Ponta Negra, Zona Oeste.
De acordo com o cabo Souza Andrade, do Batalhão Ambiental da Polícia Militar, o animal identificado como ‘jacaré pedra’, teria deixado as margens do rio Negro, habitat natural, e estava prestes a avançar para pista.
“Este é um fato raro, pois geralmente somos chamados para o resgate de animais em áreas próximas a margem do rio Negro. Este jacaré foi localizado entre um ponto de táxi e um box da polícia, área de grande tráfego de pedestres”, disse o cabo Sousa Andrade.
O coordenador da reserva Sauim Castanheiras, Laércio Chiesorin, informou que os animais capturados por populares são encaminhados a reserva para receberam atendimento especializado e em seguida são recolocados na natureza. Somente neste ano, 19 jacarés já foram encaminhados para o local. Chiesorin garante que o número não foge a estatística. “Fazemos a capturação quando o animal está fora do seu habitat e apresenta risco para a população. Realizamos um trabalho de tratamento e quando ele está em boas condições de vida, devolvemos à natureza em uma área distante. Mas, apesar dos números, ainda estamos dentro da média de atendimento”, disse.
O mestre-doutor em crocrodilianos da Amazônia, Ronis da Silveira, informou que esse surgimento de répteis não é comum, mas ocorre pelo fato de o homem estar invadindo o espaço dos animais. “O ser humano está impactando a vida dos animais e invadindo o lado das florestas e igarapés. Com isso, ocupa o espaço que eram dos bichos. Na semana passada, foi encontrado um jacaré pequeno na Zona Leste da cidade. Dentro do estômago do animal havia várias pedras de seixos. Isso comprova que o réptil estava próximo de construções e com fome”, disse o especialista.
Na tarde da última segunda-feira (22), um filhote de jacaré foi atropelado no estacionamento da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Ainda não se sabe qual a origem do animal.
Medidas
Para o mestre-doutor Ronis da Silveira, a melhor medida a ser tomada ao se deparar com um jacaré é se afastar e chamar o Batalhão Ambiental, que tem especialização na captura desse tipo de animal.
A reprodução dos jacarés ocorre uma vez por ano, geralmente no mês de setembro. Os animais da capital, conhecidos como ‘jacaré-coroa’ podem ter entre 15 e 20 filhotes. Já os animais do interior, conhecidos como ‘jacaré-açu’, chegam a colocar 40 ovos. Porém, um animal leva aproximadamente 20 anos para estar prontos para reprodução.
Apreensão
Em 2009, de janeiro a novembro, fiscais da Semmas capturaram 115 jacarés. Conforme a assessoria do órgão, os répteis vêm de todas as zonas e locais da cidade, em estado juvenil para o adulto. Segundo o órgão, além do tamanho dos crocodilianos variarem muito, a tendência é que essa metragem seja menor, pois o homem invade o habitat dos jacarés.
As denúncias podem ser feitas pelo telefone 3615 – 6043, pertencente ao Sauim Castanheiras, que fica na bola do produtor, Zona Leste.
As duas mulheres, Mária do Socorro Miranda, 37, e Maria Helena da Silva, 24, que foram atacadas por um jacaré de três metros, no último fim de semana, em uma comunidade do município de Carreiro da Várzea (a 32 quilômetros de Manaus), ainda continuam internadas no Pronto – Socorro Doutor João Lúcio, na Zona Leste.
Segundo o médico Alexandre Bichara, as duas estão estáveis, mas precisaram passar por cirurgias. Socorro, que teve o antebraço cortado, poderá receber alta no fim da tarde de hoje. Já Helena, ainda não tem previsão de retorno para casa porque sofreu uma lesão mais grave e precisou ter toda a perna esquerda amputada. “As duas estão bem e recebendo todo acompanhamento médico. Helena sofreu lesões mais profundas e estamos acompanhando para evitar que ela tenha uma infecção”, comentou o médico.
Ataques são comuns no interior
No início deste ano, a pesquisadora Deise Nishimura, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) perdeu parte da perna direita após ser atacada por um jacaré na Reserva de Mamirauá, no município de Tefé (a 523 quilômetros de Manaus). O acidente ocorreu quando a pesquisadora estava em local afastado da sede da reserva. Deise tem 24 anos e estuda botos.
De acordo com o Inpa, após o acidente a pesquisadora conseguiu se comunicar com a base de Mamirauá por meio de um rádio, e foi levada ao hospital de Tefé, onde passou por cirurgia.
Segundo funcionários da reserva, Deise sofreu amputação da maior parte da perna.
A população de jacarés é muito alta na região de Tefé. O pesquisador Robinson Botero-Arias contou que há lugares em que chega a haver cem jacarés por quilômetros na margem dos rios.
Por causa da grande quantidade de animais, a caça controlada de jacarés é praticada na reserva com a autorização do Ibama.
Em dezembro do ano passado, o jovem Roleandro de Souza, 16, teve parte do rosto dilacerado por um ‘jacaré açu’. Ele não resistiu aos ferimentos e morreu no Hospital de Barreirinha.
O ataque do réptil ao jovem agricultor aconteceu quando ele atravessava um igarapé, em companhia de um irmão de 11 anos. A distância entre o local do acidente, Vila Carneiro, comunidade Samaúma, no Paraná de Urucurituba, a sete horas da sede do município, em embarcação regional, complicou o quadro de risco de morte de Roleandro. Ambiental ( Izabela Siqueira´- Emtempo)








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Um comentário:

Anônimo disse...

Quem leva perigo a cidade é o próprio homem ...incluindo vc! Os animais apenas estão em seu habitat e o homem é o invasor