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segunda-feira, 29 de março de 2010

Agronegócios:
ALFREDO,OMAR, SERAFIM E LUIZ CASTRO

                                                  *Thomaz Meirelles

As entidades representativas do Amazonas precisam, urgentemente, iniciar entendimentos visando convocar todos os candidatos ao governo do estado a fim de que, antes de outubro, possam apresentar ao segmento rural as propostas que envolvam o setor primário regional. Reconheço os avanços dos últimos anos, mas que não foram suficientes para criar um novo modelo econômico e, com isso, substituir nossa grande e quase total dependência do Pólo Industrial de Manaus. Entendo que o setor agropecuário local precisa conhecer o pensamento do nosso próximo comandante e, também, propor algumas prioridades. Afinal de contas, temos um enorme potencial ainda inexplorado e continuamos importando grande parte dos alimentos que são consumidos. Dos quatro nomes que estão sendo cogitados, o deputado Luiz Castro é, sem dúvida alguma, o que tem mais afinidade com o setor agrícola, pois já foi secretário de produção rural, além de já ter sido vereador e prefeito de Envira. Mas, pela conjuntura política que se apresenta, não deverá ser candidato ao governo, partindo à reeleição para deputado estadual. No meu ponto de vista, o encontro com os candidatos é imprescindível, e deve ser articulado pela Fetagri, Faea, OCB, Fepesca, CNS, entre outras. No último dia 18, a Federação de Agricultura do Paraná já realizou evento com a participação dos candidatos ao governo. A Associação Brasileira de Agribusiness já encaminhou 16 propostas aos presidenciáveis. A Associação Brasileira dos Criadores de Zebu também já adotou o mesmo procedimento. O setor rural do Amazonas precisa seguir esse caminho. Contudo, neste momento, aproveito para fazer algumas considerações.
Alguns temas para debate
Diante da nossa imensa e complicada geografia sou consciente do enorme desafio em implementar ações ligadas ao campo no Amazonas. Porém, algumas providências precisam ser adotadas visando minimizar essa realidade. São elas: Realizar o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) das principais culturas agrícolas, entretanto, lembro que a Embrapa somente executará essa ação após o término do Zoneamento Econômico-Ecológico (ZEE) que é de responsabilidade do Estado. Essa ferramenta, o Zarc, indica que em dez safras há a possibilidade de se obter sucesso em pelo menos oito. Para ser beneficiado pelo Proagro, pelo Proagro Mais e pela subvenção federal ao prêmio do seguro rural, o produtor tem que observar as recomendações do Zarc. Às páginas 36 e 37 do Plano Agrícola e Pecuário 2009/2010 você encontrará a extensa lista de estados que já usam essa ferramenta, menos o Amazonas. A finalização do ZEE deve, obrigatoriamente, fazer parte da agenda do próximo governador.
Ampliar o Pronaf
Anualmente, o governo federal disponibiliza bilhões de reais para aumentar a produção de alimentos, por meio do Pronaf. Dizem, inclusive, que é o dinheiro mais barato do mundo. Porém, durante toda essa década, e com todas essas vantagens, a participação do Amazonas é uma das menores do país e muito abaixo das nossas necessidades. Na atual safra, o governo federal já viabilizou R$ 6,4 bilhões em crédito. Desse total, os agricultores do Amazonas acessaram apenas R$ 30 milhões (0,5%). Uma participação inaceitável diante da necessidade de gerar emprego no interior e do aumento na produção interna de alimentos básicos. Para reverter esse quadro, o próximo governador deve se comprometer em pleitear a ampliação da presença de bancos oficiais (Banco do Brasil e Banco da Amazônia) nos municípios do interior, pois o Pronaf é viabilizado somente através dessas instituições bancárias. Sem banco, não tem crédito e, sem crédito, não tem produção. Permanecendo essa situação o interior vai continuar esvaziando.
Assistência Técnica
Nesse aspecto, é importante ressaltar a boa ação do atual governo que, além de resgatar a importância do Idam, criou escritórios em todos os 62 municípios. Mas, o setor primário regional, unido, deve reivindicar a ampliação do corpo técnico e a aprovação do PCCS (caso não seja efetivada no atual governo) do Idam. Também a SDS, ADS, Iteam, Ipaam, Codesav, Sepa, entre outras, devem ter estruturas compatíveis com o tamanho da necessidade do produtor rural. Tais providências proporcionarão avanços em programas como o PREME, PAA, PGPM da sociobiodiversidade, PAA/Merenda Escolar, Vendas em Balcão, Pronaf e outros.
Pesca extrativa e de cultivo
Sem a inclusão de algumas espécies de peixes populares (jaraqui, pacu, sardinha etc) na PGPM e a inexistência de um frigorífico público na cidade de Manaus (este assunto já está em discussão no governo federal), em épocas de pique de safra, a tendência é continuar ocorrendo desperdício. Na piscicultura, enquanto não tivermos um produto regional em quantidade suficiente para servir de ração e, também, não tivermos controle sobre a entrada de peixes de outros estados, o segmento vai continuar enfrentando dificuldades no momento da comercialização, principalmente o pequeno piscicultor. Por enquanto, vamos ficar por aqui, acreditando que é “por aí o caminho”, frase idealizada e sempre repetida pelo nosso querido e inesquecível Eurípedes Ferreira Lins, que lamentavelmente nos deixou na última semana. Saudades, e o meu agradecimento pessoal por tudo que fez pelo “Amazonas e seus problemas”. Até um dia!

*Thomaz A P Silva Meirelles – administrador, funcionário público federal, especialista na gestão da informação do agronegócio, escreve semanalmente neste endereço. E-mail: thomaz.meirelles@hotmail.com






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