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domingo, 28 de junho de 2009

A GRANDE ENCHENTE EM MANAUS


Manaus - Os bairros da capital amazonense situados às margens do rio Negro estão submergindo a cada dia, alertando para os limites do que a cidade poderá suportar
Até a última quarta-feira, todos os planos urbanísticos de Manaus levavam em conta a cota de 29,69 m do rio Negro. Na quinta-feira, as águas já estavam acima dessa marca e muitas estruturas, principalmente do Centro, estão comprometidas. As redes de esgoto e drenagem são as principais.
Os 29,72 m de elevação do rio Negro, medidos na última sexta-feira, 26, ‘derrubaram’ as previsões do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) – que no terceiro alerta no dia 1º de junho estimava a cota máxima deste ano em 29,57m – e deixaram 8.200 famílias desabrigadas na capital amazonense, 65 mil em todo Estado e uma média de 392 mil pessoas afetadas pela cheia.
O Centro de Manaus ganhou novo cenário com ruas alagadas e prédios históricos, como o da alfândega, interditados, e verdadeiras ‘trincheiras’ construídas com sacos de areia para conter a invasão das águas. Algumas ruas tiveram o trânsito interrompido e moradores de vários edifícios começaram a deixar suas residências porque a rede de esgoto encheu e o fluxo retornou às casas.
De acordo com o secretário municipal de Infraestrutura, Américo Gorayeb, a situação é caótica, porém suportável. “É claro que ninguém estava preparado para isso (enchente).
Hoje, tanto a rede de esgoto quanto a rede de drenagem do Centro de Manaus estão comprometidas porque foram construídas para trabalhar sem pressão, somente à base da gravidade, e agora também não estão mais permitindo o escoamento da drenagem para dentro do esgoto”, disse.
Para complicar ainda mais a situação, Gorayeb citou que a maioria dos prédios do Centro foi construída em cima das galerias e foram feitas ligações clandestinas que saturaram ou danificaram a rede de drenagem.
DEPOIS A RECONSTRUÇÃO
Para Américo Gorayeb, pior que a enchente será o período de vazante, quando serão necessários cuidados com a saúde da população e a reconstrução de boa parte da cidade. “A prefeitura terá que enfrentar a reconstrução das ruas, consertar as redes partidas, esgotos e drenagem. Vamos ter um trabalho gigantesco para normalizar tudo e isso deve durar um período de 30 dias”, afirmou. De acordo com o prefeito Amazonino Mendes, o município terá que investir R$ 20 milhões nessa tarefa.
Quanto à cota 30 — nível em que estabelece a altura das edificações na cidade, tomando por base o histórico hidrológico, que tinha a cota de 29,69 m como máxima, até agora — o secretário explicou que pouco se pode fazer para evitar o comprometimento dessas estruturas. “Não temos como resolver o problema porque teríamos que deslocar tudo para uma cota maior, o que é humanamente impossível. O que a gente pode fazer é conviver com o problema como os nossos antepassados sempre conviveram”, declarou. Ele ressalta que a prefeitura está preparada para recuperar o que for danificado pela enchente.
Segundo a arquiteta e urbanista Cristiane Sotto Maior, o limite mínimo de cota (topográfica) já existe no Plano Diretor de Manaus. “Já temos isso em lei que estabelece os limites nos cursos d’água da cidade. As construções devem deixar 30 metros livres contando com o nível da maior enchente que, inclusive, é medido pela Semma e Ipaam. O Plano estabelece a cota de 31 metros, ou seja, dois metros a mais que a última cota da maior enchente que foi a 1953”.

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