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segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Mais de mil pacientes aguardam
transplante de órgãos no Amazonas

Portal Amazônia
Manaus  – Há quase dois anos, Antônio Clóvis pode enxergar completamente pela primeira vez depois de 26 anos. Casado e pai de uma filha, Antônio sofria de leucoma no olho esquerdo e, aos 34, recebeu um transplante de córnea. Como ele, somente no Amazonas, mais de 500 pessoas receberam o órgão desde 2004 até o primeiro semestre deste ano.
Antônio Clóvis é maranhense e se mudou para Manaus em 2005, quando passou em um concurso público. No ano seguinte, recebeu indicação para realizar o transplante e aguardou três anos na fila de espera para receber o órgão. O transplante foi realizado em fevereiro de 2009 e mudou a vida do servidor público.
“Ninguém pode imaginar o que é passar 26 anos sem enxergar completamente. Enxergar o mundo com os dois olhos mudou o sentido da minha vida, sou outra pessoa”, afirmou. Sempre emocionado, Antônio Clóvis falou ainda da importância de doar. “Ser doador é dar oportunidade a outra pessoa”.
Atualmente, o Amazonas realiza apenas transplantes de córneas e de rins, que só podem ser realizados a partir de doadores vivos. Cerca de 660 pessoas aguardam na fila para o transplante de córnea, segundo informações do Banco de Olhos do Amazonas. Na fila para transplante de rins, 481 pacientes com problemas renais crônicos enfrentam uma dramática espera pela mesma oportunidade dada a Antônio.
De acordo com dados da Secretaria de Estado de Saúde (Susam), de 2002 a 2005 foram realizados 521 transplantes de córnea no Amazonas, o mais comum no estado. A situação se agrava no caso de transplante de rins. No primeiro semestre deste ano foram 81 cirurgias, metade das cirurgias realizadas desde 2002, um total de 161 transplantes.
Para o gerente de Transplantes do Estado do Amazonas, Noaldo Lucena, a participação da população aumentou, diante das campanhas de conscientização realizadas, e isso ajudou a aumentar o número de doações, que ainda pode crescer. “No próximo ano, o Amazonas já terá capacidade para realizar transplantes de rins a partir de doadores não vivos”, afirma.
De acordo com Lucena, as cirurgias de transplantes de órgãos de não vivos tem maior complexidade e precisam de uma infraestrutura funcionando 24h. “São cirurgias de urgência, ao invés das planejadas, porque os órgãos não suportam muito tempo fora do corpo. O coração, por exemplo, suporta cerca de seis horas”, explicou.
Após consolidadas essas medidas, a próxima etapa será a realização de transplantes de fígado e coração, que são prioridades no Estado.
Lucena lembra o quanto é necessário que toda pessoa pense sobre a importância doação de órgãos. “As pessoas precisam pensar em doar antes de viverem momentos difíceis”, disse.
Nesta segunda-feira (27), é Dia Nacional do Doador de Órgãos e as entidades e órgãos envolvidos com o tema irão promover uma série de atividades para comemorar a data.
Pesquisa
Encomendada pela Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos (Adote), uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha revelou que 64% das pessoas doaria órgãos após a morte. Mais de duas mil pessoas foram entrevistadas, em 118 municípios, em março de 2009.
Do total, apenas 28% respondeu que não doaria órgãos. Apesar do grande número de pessoas que afirmaram a intenção de doar, apenas 39% disseram que já conversaram com a família sobre o desejo de ser ou não doador. O número atinge 50% entre os entrevistados que doariam órgãos.
Lei
A nova Lei sobre transplantes, nº 10.211, de 23 de março de 2001, alterou a Lei anterior. Com a mudança, a manifestação pelo desejo de doar órgãos após a morte em Carteira de Identidade Civil e na Carteira Nacional de Habilitação perdeu a validade. A partir da nova legislação, a doação depende de autorização da família. Para ser doador, é preciso comunicar o desejo à família para autorizar a doação, de acordo com informações do Ministério da Saúde.





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