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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A HORA E A VEZ DOS BIZARROS

                                                                                           *Osny Araújo

Estava num vôo entre Manaus-Porto Velho, pensando no atual momento político nacional, em função das eleições de três de outubro e me deparei com uma pesquisa, no mínimo alarmante, prevendo mais de um milhão de votos para o humorista Tiririca, o que fará uma repetição do famoso caso Enéas, até hoje, o deputado eleito com a maior votação na nossa história política, com 1,6 milhão de sufrágios, também por São Paulo, pelo ex-PRONA, fazendo uma bancada de quatro deputados, três com menos de 200 votos. A história parece que vai se repetir com o palhaço Tiririca.
Com o slogan “Pior do que ta não fica”, o conhecido palhaço que faz a sua propaganda eleitoral inteiramente em função do seu personagem, parece não ter nome próprio. Será que algum eleitor sabe que o nome do candidato é Francisco Everardo Oliveira Filho? Tenho minhas dúvidas.
Entendo, que até mesmo a aparição do folclórico candidato nos programas eleitorais, pedindo para a criançada pedir votos “para este abestado aqui”, é um desrespeito ao eleitor e fere qualquer código de ética além de macular a democracia, considerando que democracia é coisa séria.
Infelizmente, não tenho dúvida do sucesso do humorista nas urnas e levando ainda pela força da legenda três ou quatro deputados federais para Brasília pelo PR de São Paulo. A Legislação Eleitoral é assim e precisa ser respeitada, até que os nossos parlamentares, com a participação de vários Tiriricas e outros congressistas igualmente bizarros, tenham a coragem de aprovar um projeto de reforma política e eleitoral para o Brasil. Está mais do que há horta para isso ocorrer, só que os senhores deputados e senadores não pensam assim e os projetos de reforma, continuam dormindo nas gavetas ou nos computadores do Congresso Nacional.
A candidatura e certa eleição do Tiririca, não representa nenhuma exceção na política brasileira. Já tivemos as eleições de um “cacareco”, o bode cheiroso, de um Carrapeta para a Assembléia do Amazonas, de um Frank Aguiar e Agnaldo Timóteo, Severino Cavalcante, Clodovil, Antonio Lyra e Edmilson Fumaça, para a Câmara Municipal de Manaus e tantos outros, que passaram pelas casas legislativas e saíram sem saber o que foram fazer lá. Um pena que esse comportamento político e eleitoral, ainda exista nos dias atuais.
Nestas eleições, os Tiriricas estão concorrendo em todos os estados brasileiros, mudando apenas os apelidos, mas o comportamento certamente é o mesmo.
Quero dizer, que candidatos como o Tiririca, não são os culpados pelo que ocorre no nosso processo eleitoral, com essas candidaturas esquisitas e oportunistas. A culpa é da legislação e dos partidos políticos que em função da legenda, se agarram em pessoas populares como o humorista para engordar os votos da legenda e aumentar as bancadas. Está na hora de um ponto final nessa história.
Nada tenho contra os palhaços, que até gosto de vê-los nos circus e muito menos dos humoristas, que me divertem nos programas de TV, agora, no Congresso Nacional, não me parece uma coisa boa e certamente, nenhuma contribuição darão no Congresso Nacional para a melhoria do Brasil e dos brasileiros, através de um trabalho sério e competente. Aí, já será pedir demais para essa turma.
Não são apenas essas candidaturas excêntricas que preocupam. Existem também os Renans, Malufes, Castelos, Barbalhos, Sabinos, Silas, Navarros, Herbertes, Luiz Carlos, Arrudas, alguns até sonhando com a presidência da República e Governo do Estado e tantos outros que por si só, ferem o decoro parlamentar e a ética da instituição, mas devo reconhecer, que isso faz parte do jogo democrático e caberá ao povo, exclusivamente ao povo, julgar essa turma no dia das eleições.
Por outro lado, é difícil se exigir do brasileiro voto consciente, num país ainda com milhões de analfabetos e semi-analfabetos, pessoas sem horizontes, sem sonhos e sem destino que na maioria das vezes votam porque o candidato é simpático ou para pagar um favor ou por um simples aperto de mão ou um abraço, considerando que nesse momento, ele, um ninguém no seu pensamento, foi por um minuto importante.
Esse cidadão, não pode e nem deve ser crucificado por votar mal. Vota assim, porque não sabe o mal que está fazendo para ele e para o Estado. Essa é a mais cristalina realidade.
No caso do Tiririca, com eleição garantida em São Paulo, a não ser que apareça pelo seu caminho uma zebra, dessas que aparecem no futebol, o fato será consumado. Se essa eleição fosse no Norte ou Nordeste, é porque as duas regiões são atrasadas etc e tal. O interessante é que ela ocorrerá em São Paulo, o Estado mais poderoso do País e o maior colégio eleitoral. Viva o Norte e o Nordeste.
No próximo artigo, ainda voltarei falando sobre esse tema, por considerar importante, até para tentar esclarecer um pouco mais o eleitor para as eleições do próximo dia três de outubro. Aguardem.(Postagem simultâmnea nos sites Noticianahora e Tadeudesouza.com.br)

*Osny Araújo é jornalista e analista político.
E-mail: osnyaraujo@bol.com.br


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