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quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

O celular e o canto da sereia - *Ronaldo Pereira Santos



Quantos celulares você já usou? É provável, muito provável, que a resposta seja “vários”. Uma pessoa mais comedida, ou com menos poder de compra, diria alguns. Mas, em média, todos os usuários de celulares no Brasil já teve mais de um aparelho. Basta olharmos os números. Atualmente temos, aproximadamente,170 milhões de usuários de celular (dados da Anatel – Agência Nacional de Telecomunicações); este número é quase o da população brasileira que beira os 190 milhões (leve em conta, claro que tem usuário com dois, três até quatro aparelhos).
Esta imensidão no número é fruto, entre outras coisas, da força de marketing. Impressiona o poder de persuasão que possui a propaganda; uma avalanche de sedução que inunda ruas, revistas, jornais, televisores, rádio. A propaganda tem um objetivo único: vender a idéia de que precisamos – a todo custo – de algo que depende da velha troca do dinheiro pelo produto. Não importa qual seja este produto.
É o que chamamos de canto da sereia: som, voz e música que chega por muitos canais, mas também pelos celulares. O canto que nos faz querer comprar o mais novo, o mais avançado, o mais bonito e, o mais caro. O canto que sega, inebria, conquista, apaixona...

Grande problema ambiental

Mas, como toda boa paixão, também ficamos cegos aos seus efeitos colaterais. Com o ritmo que se trocam os aparelhos enfrentamos um dos grandes efeitos que tem repercussão ambiental: onde colocar o lixo eletrônico dos celulares? O “x” ou problema da questão está nas baterias que alimentam estes aparelhos. Trata de lixo químico doméstico altamente perigoso, já que são produzidas com produtos que causam problemas sérios.
A nossa legislação concebe que quem gera o problema é também responsável por sua solução – o principio do poluidor-pagador. Em tese, significa que quem deve recolher as baterias são as empresas que as produz. Mas funciona?
Para o usuário bastaria depositar as pilhas usadas dos celulares em postos de coletas. Mas, onde estão estes postos? Deveriam estar em locais acessíveis disponibilizados pelas empresas que vendem os celulares. Em Manaus, difícil encontrar um destes postos de coleta, embora eles existam.
Uma pesquisa rápida nos sites da internet das empresas que produzem estes aparelhos nos levam as dicas de como se fazer o descarte. O problema é que este serviço deveria ser mais claro. Geralmente, indicam que qualquer assistência técnica autorizada que podem receber o material. Já é alguma coisa. Mas seria interessante haver locais de recebimento em shoppings ou outros locais mais fácies, afinal, ninguém sai por ai procurando uma assistência para fazer o descarte.

O consumo responsável com os celulares

Se já é difícil sair por ai procurando onde descartar sua bateria usada, imagina pensar na possibilidade de “gastar energia” procurando produtos socioambientalmtente corretos. Ter noção do que se compra e as suas conseqüências não é uma coisa fácil diante do canto e encantos que os produtos possuem e entoam. Isso é bem verdade. Não apenas os celulares, mas qualquer produto da modernidade.
Diante dos problemas que o uso exagerado de celulares pode trazer, há opções e idéias novas que surgem e, a mais forte, é o consumo responsável. Trata-se de pensar duas vezes antes de comprar qualquer produto e, se de fato, precisamos dele; finalmente, o que fazer caso não o utilizemos.
Em média, assume-se razoável trocar de celular a cada dois anos, seria suficiente. Parece difícil diante do canto inebriante do marketing, certo? Sim, mas vale a pena começa a pensar em ouvir outras músicas que cada vez mais se toca por ai.

Esse artigo é de responsabilidade do autor. Não reflete a opinião do Portal Amazônia ou do grupo Rede Amazônica. Opiniões devem ser envidas a ronaldo.santos@mns.incra.gov.br

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