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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Agronegócios:
Sugestões ao governador Omar Aziz - V parte



                                                                                                      *Thomaz Mairelles

Desde 2003, neste espaço, temos acompanhado a produção de juta e malva em nível nacional e internacional, sendo minha principal referência em termos de informação o meu colega de trabalho e excelente profissional da Conab/Mapa, Júlio D’Aparecida dos Santos. Em 2006, ao divulgar a conjuntura de mercado das fibras de juta e malva, Júlio já afirmava que “o estado do Amazonas pode e deve produzir toda a matéria-prima que as indústrias de aniagem brasileira precisam para se abastecer....o agricultor amazonense possui tradição nessa cultura...já produziu 50 mil toneladas em 1988”. Entretanto, passados todos esses anos, apesar do potencial produtivo do Amazonas, o Brasil continua importando fibra da Índia e Bangladesh para atender o mercado interno. Algumas atitudes devem ser adotadas imediatamente, entre elas o aumento da subvenção estadual (atualmente em R$ 0,20 kg), a utilização de satélites exclusivamente para o levantamento da safra de fibras e, ainda, que nas compras governamentais de sacaria para formar o estoque público sejam priorizadas as de juta e malva no lugar do polipropileno que é sabidamente altamente prejudicial ao meio ambiente.
Brasjuta
A Edição n° 64, da Revista Dinheiro Rural, que circulou em fevereiro deste ano, destacou a primeira parceria público-privada firmada, no Amazonas, entre a Agência de Fomento (Afeam) com o grupo do empresário Mário Guerreiro que viabilizou a criação da Brasjuta. “O investimento para a instalação da fábrica é de R$ 20 milhões, a Afeam entrou com R$ 9 milhões e a família Guerreiro com R$ 11 milhões”, diz Fernando Alberto Silva, diretor-executivo da Afeam. Em 16 de setembro de 2008, justamente quando soube da PPP, afirmei, neste espaço, que o envolvimento do grupo MG, comandado pelo Dr. Mário Guerreiro, traz tradição, competência e seriedade à Brasjuta. Recentemente, em visita ao empreendimento acompanhado do Sebastião Guerreiro, Ubaldino Meirelles e Idalberto Vasconcelos, pude constatar a grandiosidade do investimento que certamente vai contribuir com toda a cadeia produtiva que envolve a juta e a malva.
Aumentar a subvenção estadual ao juticultor
Por iniciativa do governador Eduardo Braga, dentro do programa Zona Franca Verde, os juticultores passaram a ter direito ao valor de R$ 0,20, a título de subvenção, por cada quilo de fibra produzido no Amazonas. Sem dúvida, uma boa iniciativa do executivo estadual, mas que precisa ser ampliado em decorrência da época em que esse valor foi fixado e da necessidade de maior estímulo ao juticultor. Hoje, por exemplo, o estado vem concedendo ao seringueiro, a título de subvenção, o valor de R$ 0,70 kg. Nos últimos dias do governo Eduardo Braga, durante seminário ocorrido na Maromba, e na presença do governador Omar Aziz, foi anunciado o aumento da subvenção estadual aos seringueiros para R$ 1,00 por cada quilo produzido. Uma medida acertada, mas que também deve ser estendida aos juticultores a fim de que o Amazonas possa aumentar a produção e atender a demanda nacional. Outro aspecto que precisa ser analisado, e que pode ser motivo do juticultor ter se afastado da atividade, que ainda é penosa, refere-se aos novos programas governamentais de compra de alimentos regionais da produção familiar. Hoje, temos a ADS com o PREME, a Conab com o PAA e, mais recentemente, as prefeituras com as compras obrigatórias para a merenda escolar (Lei 11.947/09). Entendo que esse contexto precisa ser levado em consideração e refletido em todos os seus aspectos (custo de produção, preço de comercialização, escoamento, dimensão da participação do agricultor familiar, entre outros).
Estoque Público com sacaria biodegradável
Em 2008, o deputado Luiz Castro apresentou requerimento, aprovado na Assembleia, sugerindo que o governo federal estudasse a possibilidade de utilizar somente sacaria confeccionada com produtos biodegradáveis, preferencialmente juta e malva, nas compras de produtos para formar estoque público, entre eles os de feijão, milho e arroz. Sei que ainda não temos produção de fibra suficiente para atender a totalidade das compras governamentais, mas acredito que o governo deveria estabelecer limites nessa aquisição priorizando a Amazônia, ou seja, inicialmente todo estoque público a ser formado nos estados da Amazônia deveria utilizar somente sacaria biodegradável. Se não podemos desmatar, o que é correto, também não devemos poluir esta região. O assunto precisa ser avaliado por especialistas.
Fibra por satélite
Nossas dimensões geográficas e dificuldades de acesso, aliados a inexistência de um órgão estadual de estatística do setor primário, impedem o melhor acompanhamento dos números que envolvem a cadeia produtiva de fibras. Somos sabedores que a Amazônia é acompanhada por satélites. Nesse sentido, sugiro o entendimento de todos os atores que fazem o rastreamento da região a fim de que, juntos, incluindo a Conab, possam estudar a viabilidade da implantação do projeto Geosafras, que é um marco tecnológico no sistema brasileiro de previsão de safra, já iniciado com a cultura do café. A estimativa utilizada com base nas geotecnologias melhora a precisão e a credibilidade nos números facilitando a identificação do entraves produtivos

*Thomaz Antônio Perez da Silva Meirelles, administrador, servidor público federal, especialista na gestão da informação ao agronegócio, escreve sempre neste endereço. E-mail: thomaz.meirelles@hotmail.com







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