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sábado, 15 de setembro de 2012


VIDA DE CIRCO É PAIXÃO, TRABALHO,
 SUPERAÇÃO E MUITA ALEGRIA
 
Amazonianarede/Osny Araújo

Na era moderna, com o avanço espetacular da alta tecnologia, o circo, um pouco mais moderno, mas sem perder a sua essência, continua a fazer a alegria das plateias com seus astros nos picadeiros.

Manaus - Os tempos mudaram, o mundo sofreu e sofre várias transformações e a moderna tecnologia se espalha pelo planeta e apesar disso, mesmo sofrendo alguns percalços, o circo continua em atividade para a alegria de milhares de espectadores que adoram acrobacias, trapézios, globo da morte, magias e especialmente palhadas nos picadeiros armados debaixo de uma lona. é o circo na sua essência.
Como dissemos, os tempos mudaram e o circo já não chama tanta a atenção das crianças e jovens como, por exemplo, os nascidos nos anos 40, 50 e 60, quando ir a um espetáculo circense era tudo de bom e o sonho de qualquer criança ou adolescente da época.

Hoje é diferente. Tem gente nascido nas três ultimas décadas que nunca foi e nem tem pelo menos a curiosidade de entrar num teatro coberto com lona e um picadeiro em lugar do palco para assistir a um espetáculo de riscos, magia, perigos e muita palhada, trocam, tudo pelos games, pelas conversas virtuais, pelos milagres dos sofisticados televisores com HD, três Ds e por aí vai à farra da tecnologia e com isso aos poucos o velho e querido circo vai sendo deletada dos serem humanos que vão surgindo agora para o mundo.
Dizem os entendidos em arte, que os verdadeiros atores e atrizes nasceram nos picadeiros e depois foram para os palcos, telinhas e cinema, mas o grande aprendizado foi num teatro de lona e em cima de um picadeiro grotescamente armado, num cenário onde tudo é diferente e mais ou menos improvisado. É o circo em atividade enfrentando o cinema, os teatros com as grandes peças produzidas e montadas e vai se perpetuando na história universal, com produtor de um espetáculo variado e para todas as idades, onde o riso e a gargalhada são apenas detalhes.

No circo tudo é muito improvisado, mas de forma organizada. Nos ônibus/residências e trailer espalhados pelo terreno onde o circo está armado, tudo parece desorganizado dentro de uma organização perfeitamente entendida pela família circense, onde as individualidades familiares são respeitadas, mas no final, todos os integrantes se consideram apenas como uma grande família e por funciona a máxima dos Três Mosqueteiros “um por todos e todos por um”. É assim que a coisa funciona.
Mas o fato é que apesar de todos esses desafios o circo. Um pouco diferente, é verdade, mais moderno, reciclado, mas mantem a sua tradição de produzir espetáculos para todas as idades e repleto de malabarismo, com voos sensacionais dos trapezistas, a ilusão passada pelos mágicos do picadeiro, o suspense do famoso globo da morte e suas motos e a fabrica de risos sob a responsabilidade dos palhaços, o xodó das crianças, mas que também conseguem agradar a adolescentes e senhores e senhoras com idades mais avançadas. O espetáculo é endereçado a todos e a todas as idades.

SUPERAÇÃO SEM LIMITES
Aproveitando a temporada que o Circo Kroner, natural do Rio Grande do Sul mais uma vez faz em Manaus, iniciando com o circo armado na Torquato Tapajós, próximo a Philips e agora chegado a Avenida André Araújo, ao lado da Superintendência do INCRA, a reportagem do Portal Amazonianarede, resolveu lá comparecer fora do horário do espetáculo e saber um pouco desses artistas circenses, meio ciganos, meio nômades, que levam a vida pra lá e prá, sem paradeiro ou endereço fixo.

Uma vida realmente diferente e interessante, mas para isso, é preciso ter no sangue a vocação circense, que parece ser algo hereditário, uma vez que geralmente toda a família na hora do espetáculo entra no picadeiro.
O repórter foi recepcionado pelo diretor de Marketing da organização, Sr. Fábio Lisboa, mas logo entrou na conversa o “Pipico”, um quase aposentado palhaço, que fez questão de dizer que nasceu em Manaus, mas por falta de tempo não conhece a sua cidade e nos ajudou a entender melhor como é viver num circo, onde ele já perdeu as contas dos anos que vive de um lado para o outro com o teatro de lona. ”Não consigo viver sem esta estrutura circense. Isto faz parte da minha vida” – diz o velho palhaço, que hoje já está na reserva cedendo lugar aos mais jovens, mas de vez em quando sobe ao picadeiro com as suas brincadeiras provocando na plateia muitas gargalhadas.

Segundo o palhaço, durante o espetáculo tem eu funcionar tudo com perfeição para agradar e divertir a plateia e no caso dos palhaços, a responsabilidade ainda maior. “No circo e no picadeiro, o palhaço mesmo chorando por dentro de tristeza ele é obrigado a provocar alegria e risos na plateia. Essa é a grande responsabilidade do palhaço que não pode e nem deve demonstrar a sua tristeza pra ninguém”.
“Pipico” acha que a modernidade da mídia, especialmente a televisão, provocou um grande abalo no circo, mas isso não serviu para decretar a sua morte. “O circo está se reformulando, se reciclando para acompanhar o movimento do mundo, mas está mais vivo do que nunca” – garantiu.

Indagamos a Fabio como é viver no circo e este logo passou a palavra para o palhaço, com mais vivencia e tempo de estada para nos responder: “Viver no circo é sempre uma novidade a cada dia que surge” disse Fábio para entregar o complemento a “Pipio” que arrematou: “Todos os dias que acordamos deparamos com uma novidade e isso é muito gratificante. A vidada de um circense é sempre de superação sem limites e tudo, porque o espetáculo não pode parar e temos que agradar ao respeitável público” – enfatizou.
MANTEM A ESSENCIA

A pequena modernização a que o circo vem se submetendo, não tirou a sua essência, por isso, ainda que em menor escala continua atraindo um bom e respeitável público para os espetáculos nos picadeiros no interior de um teatro coberto com lona.
Quanto à condição de ciganos ou nômades atribuídas a eles, garantem que o circense é como um vaso de planta sem raiz que pode ser deslocada para qualquer lugar sem nenhum dano. “Essa é a vida do circo e do circense”.

Indago dobre a questão escolar das crianças, falaram que isso não é nenhum problema. Segundo eles, existe uma lei que felizmente é cumprida sem problema no Brasil e aonde as crianças chegam, tem vagas asseguradas nas escolas, com isso, a educação das crianças não é tão prejudicada.
“Morar no circo, nas nossas casas trailer e ônibus, com televisão, internet, tv por assinatura e frigobar, ar condicionado e frigobar não é nada mal, sem contar que não gastamos dinheiro em transporte para nos deslocarmos para o trabalho, não enfrentamos os engarrafamentos e o stress do trânsito e tudo isso é muito bom” – assegurou o velho palhaço.

Os nossos entrevistados respondiam a todas as perguntas sem rodeios, mas teve uma que preferiram calar, talvez com receio do leão do Imposto de Renda. Quando indagamos qual era o salário médio de um artista do Kroner, sorriram e preferiram calar. Disseram apenas que o que ganham da para vier com tranquilidade e que o pagamento é semanal e nada mais a respeito foi dito.
O CIRCO SEM ANIMAIS

Os dois entrevistados garantem que ninguém pode esconder que o circo vem perdendo um pouco de terreno, mas isso não significa o fim, por isso está se reciclando sem perder os rumos da sua história com trabalhadores preocupados em espalhar diversão e alegria por onde passam.
Os nossos entrevistas recordam que nos anos 70, existiam mais de três mil circos atuando no Brasil e esse número, se duvidar não chega hoje a cem em atividades e o Kroner é um desses teimosos que insiste em fazer espetáculos para agradar ao “respeitável público”.

“Pipico” disse ainda que a Lei que proibiu os circos de utilizarem animais ferozes, porém domesticados em seus espetáculos, como onças, tigre, elefantes leões, ursos e macacos, que despertavam muita curiosidade no público, o publico passou a se desinteressar um pouco pelos espetáculos, especialmente a garotada, que tinham nesses ferrosos animais motivos para ir ver de perto essas feras contracenarem com os humanos na reciclagem que o circo passa, procuramos de certa forma suprir essa lacuna e aos poucos estamos conseguindo e trazendo o público de volta.
QUINTA GERAÇÃO

Considerando o circo uma grande família, Fabio Lisboa, para justificar que o circo funciona com certa dose de hereditariedade, frisou que o Kroner que está em temporada em Manaus, com 80 pessoas entre artistas e pessoal de apoio, residindo em vários ônibus e trailers, de onde partirá próximo ao final do ano.
O Kroner, já na quinta geração, não e a primeira vez que a organização circense faz temporada em Manaus e sempre que vêm, os responsáveis reclamam pela burocracia para a instalação do circo, segundo eles, “tudo é feito com muitas dificuldades e exigências, isso sem contar o sacrifício para se encontrar áreas onde o circo possa ser instalado” – afirmam.

HISTÓRIA DO KRONER

Tudo começou na Alemanha, quando Luis Robattini conheceu Maria Koner. Saltimbancos, os homens da família faziam apresentações com ursos nas praças passavam o chapéu para arrecadar dinheiro.
Para fugir da guerra que assolava a Alemanha reuniram seus pertences e embarcam em um navio rumo ao Brasil, ao desembarcarem na Bahia o clima tropical muito acentuado forçou a família partir rumo ao Sul onde melhor pudessem se adaptar. E lá seguiram suas vidas como saltimbancos.

Já com oito filhos a família decidiu montar um circo tradicional de tenda, que no lugar da lona, usavam tecido costurado a mão. Alexandre Klein em 1990 sai do picadeiro da família e mantendo a tradição inicia o Circo Kroner.

Após alguns anos se apresentando no Rio Grande do Sul, Alexandre Klein decide fazer uma temporada no Uruguai, com boa administração e um grande sucesso o Circo Kroner conseguiu estabilizar-se rapidamente e se tornar um “circo de peso” em meados de 1994 o Circo Kroner inicia sua turnê Nacional para a região Nordeste em seguida Norte dos pais.
Com sucesso de público em alta Alexandre decide embarcar seu circo pela primeira vez em uma balsa rumo a Manaus. A assim o Circo Kroner levou com tradição e alegria seus espetáculos aos quatro cantos do Brasil.

Em 2007 Alexandre já com seus filhos adultos Evelyn Klein e Rudy Klein, decide fazer uma temporada no inusitad0 no exterior, percorrendo em quatro anos uma turnê em países da américa do Sul buscando difundir a cultura circense brasileira no Paraguai, Argentina, Chile e Uruguai.
No final de 2011 de volta ao Brasil, comandado por Evelyn Klein e Rudy Klein, filhos da quinta geração de família circense o Circo Kroner transforma-se em Internacional Circo Kroner e com alegria e tradição no picadeiro, promete manter por muitos anos viva a tradição circense no Brasil. (As fotos que ilustram a matéria são de espetáculos do Kroner pelo Brasil.)

 

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