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terça-feira, 31 de maio de 2011

SARNEY RASGA A HISTÓRIA DO CONGRESSO


                                                                                                                                     *Osny Araújo

Mais uma pérola arquitetada pelo todo poderoso presidente do Congresso Nacional, senador José Sarney (PMDB-AP), autorizando que o Congresso Nacional rasgasse a sua própria história ao retirar do “túnel do tempo”, o corredor que liga o plenário aos gabinetes dos parlamentares, e as Comissões Técnicas, o impeachment do ex-presidente da República Fernando Collor de Melo, hoje senador da República pelo PMDB alagoano.

Justificando esse ato danoso para a história republicana da política brasileira, Sarney que é imortal da Academia Brasileira de Letras, ao reinaugurar com pompas a nova galeria disse que o fato foi apenas um acidente e por isso não pode ser visto como relevante, daí perder a vaga na galeria histórica do Congresso Nacional. Uma pena. A sorte é que a história não é mutante e certamente, ela ficará guardada na memória dos brasileiros, especialmente dos chamados “caras pintadas” que comandaram as manifestações anti-Collor naquela época.

Como o Congresso Nacional recebe a visita de milhares estudantes anualmente para pesquisar essa mesma história, ao chegarem lá vão encontrar uma histórica ( ou estória) política mutilada, mas o político ardiloso e o intelectual Sarney, justificando esse ato criminoso contra os feitos importantes do Congresso Nacional saiu-se como mais uma pérola, classificando o fato como apenas “um acidente da história que não deveria ter acontecido” daí a sua retirada da galeria, deixando no seu entendimento apenas os fatos considerados por ele como importantes.

O fato senador, é que o impeachment aconteceu se não inteiramente pela renúncia de Collor, mas os seus direitos políticos foram cassados por essa Casa e mesmo renunciando, ficou fora da vida política brasileira por oito anos. Essa é a história e o Senado teria a obrigação de preservá-la e não riscar dos grandes acontecimentos vividos pelo Congresso Nacional.

Insatisfeito com a posição assumida por Sarney, o senador Cristovam Buarque, (PDT) ex-reitor da Universidade Nacional de Brasília e professor, justificando a sua revolta com esse fato, disse que “um país que rasga a sua história é um país envergonhado” está cheio de razão o senador-professor. Só que o País não está envergonhado com esse fato histórico, os políticos, estes sim, devem estar. A sociedade não.

O painel retirada do “túnel do tempo”, conhecido deste articulista, continha fotos panorâmicas das manifestações dos “caras pintadas” nas ruas e dizia claramente que em 29 de dezembro de 1992, o Senado aprovou por 76 votos contra cinco a perda do cargo de presidente da República e de seus direitos políticos até o ano 2000” e só não sofreu impeachment porque Collor resolveu renunciar o mandato antes do início do julgamento, o que não invalidou o seguimento da histórica reunião.

É lamentável, que uma Casa como o Senado da República, através de um ato de seu presidente, o maranhense José Sarney, senador pelo Amapá, tenho tido uma postura dessa, não permitindo que as futuras gerações que visitarão aquela Casa tenha conhecimento desse importante fato histórico para a política brasileira ocorrida em dezembro de 1992. Ainda bem que esse fato está contado em vários livros, em jornais da época, em arquivos televisivos e hoje disponibilizado também na internet, de onde o presidente Sarney não poderá rasgá-la ou deletá-la.

Só espero que agora o todo poderoso presidente do Senado não esteja arquitetando rasgar também um pedaço da história da República, exatamente a parte em que fala da sua posse na presidência da República , um tanto esquisita, mas que serviu para manter o País em calmaria após a morte do saudoso Tancredo Neves, que não conseguiu ser empossado presidente da República.

E é exatamente em função da não posse de Tancredo Neves que entra a história. O então presidente da República João Batista Figueiredo se recusou a entregar à vice-presidente eleito José Sarney à faixa de presidente a República, por entender, que de forma constitucional o cargo seria assumida pelo então presidente da Câmara dos Deputados, o saudoso Ulysses Guimarães (PMDB) e outra eleição deveria ter sido marcada.

O fato é claro, o vice assume no impedimento do titular e como Tancredo não foi empossado, não foi presidente da República, apenas eleito e se o titular não é empossado, o vice, no caso Sarney não poderia ter assumido a presidência da República. Pelo menos é assim que pensam renomados juristas. Isso também presidente Sarney, será que não é relevante para a nossa história? (Postagem simultânea nos sites: Noticianahora, amazonianarede, Tadeudedouza e blog Jornalismo Eclético).

*Osny Araújo é jornalista e analista político.
E-mail: osnyaraujo@bol.com.br

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