Aeroportos para Copa de 2014 estão
no limite da capacidade, afirma Ipea
“Situações preocupantes são aquelas em que o nível de utilização das instalações suplanta 80% de sua capacidade. Os casos críticos, quando o nível de utilização das instalações supera a capacidade instalada ocorre em deterioração do nível de serviço. Nesses casos, dependendo do percentual alcançado está-se beirando o colapso operacional”, diz o estudo do Ipea.
Situações preocupantes são aquelas em que o nível de utilização das instalações suplanta 80% de sua capacidade. Os casos críticos, quando o nível de utilização das instalações supera a capacidade instalada ocorre em deterioração do nível de serviço. Nesses casos, dependendo do percentual alcançado está-se beirando o colapso operacional"
Trecho do estudo do Ipea
O Aeroporto de Congonhas e de Guarulhos, ambos em São Paulo, onde uma das semi-finais do mundial deve ocorrer, também operam com níveis bastante superiores ao limite máximo. Congonhas tem capacidade de atender a 24 operações de pouso ou decolagem simultâneas, mas registra demanda de 34 operações. Guarulhos tem limite de 53 operações e funciona com fluxo de 65 pedidos.
O estudo do Ipea não apresentou a situação dos aeroportos em Cuiabá (MT), Salvador (BA), Fortaleza (CE) e Recife (PE), que também irão abrigar os jogos da Copa. Mas, segundo o Ipea, a situação também é preocupante nesses aeroportos. De acordo com o instituto, o terminal de cargas de Manaus ficou absolutamente congestionado com a importação de insumos e peças para montagem de televisores e as empresas tiveram que readequar a produção.
A grande preocupação, segundo o Ipea, é justamente o nível de ampliação da demanda que eventos como a Copa das Confederações, em 2013, a Copa do Mundo, em 2014, e os Jogos Olímpicos (2016) irão provocar no país. Apenas em São Paulo, o movimento nos aeroportos será amplificado em 600 mil visitantes, segundo o estudo. “Não se pode deixar de considerar que um acréscimo estimado, para São Paulo, de 600 mil visitantes em dois meses causará grandes transtornos em Guarulhos e Congonhas, se não forem removidos a tempo os gargalos que afetam estes aeroportos”, afirma o estudo.
O estudo indica uma série de ações imediatas que podem resolver o problema e prega a injeção de recursos no setor em médio prazo para viabilizar os eventos esportivos e evitar que o setor aéreo venha a prejudicar e até impedir o crescimento econômico do país. Um dos pontos abordados pelo Ipea é a abertura de capital da Infraero, a empresa pública que controla os aeroportos, ou a concessão dos aeroportos mais lucrativos à iniciativa privada. A ampliação de terminais e construção de novos aeroportos por meio de parcerias público-privadas também é levantada.
Problemas
A evolução do transporte aéreo no país encontrou obstáculos que justificam as deficiências atuais. Na avaliação do Ipea, problemas de “ordem institucional, legal, infraestrutural e operacional” fizeram com que as melhorias no setor não acompanhassem o crescimento acelerado da demanda.
Os governos deveriam ter adotado medidas que vão desde o “adequado planejamento de longo prazo para o sistema de aviação civil” ao estabelecimento de “políticas consistentes” com “marco legal e regulador mais condizente com o novo ambiente competitivo”. “Além do mais, não se tem uma definição clara de estratégias para a aviação brasileira nos próximos 30 anos e, sobretudo, não se têm políticas e regras de regulação econômica que balizem a evolução dos mercados internacional, doméstico e regional”, critica o estudo.
Medidas
Para superar as dificuldades no setor, o Ipea argumenta que o governo vai ter que “conter a dispersão de recursos por uma grande diversidade de aeroportos, sem critérios claros de prioridades decorrentes das necessidades da demanda” e ainda distribuir os investimentos de acordo com o que a demanda e a segurança “exigem em termos de terminais, pátios, pistas e sistemas de aproximação e proteção ao voo”.
Desta forma, segundo o Ipea, será possível estimular o crescimento do transporte aéreo e a sua popularização, que devem ser vistos como positivos para o país. “Olhando para o futuro, independente do tipo de cenário projetado, os investimentos nas infraestruturas aeronáutica e aeroportuária deverão ser incrementados de forma significativa a médio e longo prazo.”Fonte:
Capacidade de pousos e decolagens simultâneos em horários de pico
AEROPORTO CAPACIDADE DEMANDA
NATAL (RN) 7 - 8
PAMPULHA (MG) 5 - 8
CONFINS (MG) 16 19
SANTOS DUMONT (RJ) 15 - 18
CURITIBA (PR) 14 -18
PORTO ALEGRE (RS) 14 -20
MANAUS (AM) 9 - 17
BRASÍLIA (DF) 36 - 45
CONGONHAS (SP) 24 - 34
GUARULHOS (SP) 53 - 65
Fonte: Ipea (dados de 2009) Robson Bonin Do G1, em Brasília
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