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segunda-feira, 17 de maio de 2010

Alterações do clima aumentam
casos de malária na Amazônia


Manaus - O aquecimento na região amazônica pode resultar no aumento de casos de malária na região. A relação entre a doença e as mudanças no clima na região amazônica foram alguns dos principais assuntos do 2º Workshop do Centro de Estudos de Adaptações da Biota Aquática da Amazônia - Adapta, realizado recentemente em Manaus.
“Com o aquecimento há uma aceleração do metabolismo dos insetos e eles se desenvolverão mais rápido. Se analisarmos o caso do mosquito da malária, haverá um aumento na transmissão da doença”, afirmou o diretor do Inpa, Walnderi Tadei.
Segundo Tadei, a regra vale também para o mosquito da dengue e o mosquito comum, conhecido na região amazônica como carapanã. “A Amazônia tem um clico hidrológico regular, são oito meses de água subindo e quatro de água baixando. Mas se há uma quebra nessa sequência, seja por qualquer alteração ambiental, teremos de ser capazes de intervir neste processo e é essa a proposta do Adapta e da Rede Malária: contribuir para que elaboremos modelos que possam chegar às comunidades ribeirinhas e agir preventivamente”, destacou.
Histórico
Há pouco mais de dois anos, em março de 2008, durante o seminário “Impactos das Mudanças Climáticas sobre Manaus e a Bacia do Rio Negro”, especialistas alertavam para o risco de focar as preocupações apenas em hipóteses futuristas quando o assunto é a influência das mudanças climáticas na saúde humana. O médico Ulisses Confalonieri, do Comitê de Saúde do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas - IPCC, alertava que a população brasileira já é, em geral, muito doente. “Em 2007, a região do Alto Rio Negro teve 17,1 mil e Manaus, 34,1 mil, uma quantidade absurda. As pessoas me perguntam se, com as mudanças climáticas, a malária chegará a São Paulo ou se surgirá uma doença nova, desconhecida. Temos que nos preocupar com o que já existe: entre três e quatro milhões de pessoas morrem por ano de diarréia. É essa população pobre, assim como os 1,5 milhão de famílias da Amazônia que dependem diretamente dos recursos naturais para sobreviver, que estará mais vulnerável aos efeitos das mudanças climáticas”, alertava o pesquisador.
Rio Negro
Alguns modelos climáticos apontam que a Bacia do Rio Negro deverá ficar mais seca entre 2050 e 2100, além de mais sujeita a eventos extremos, como a seca de 2005. Os pesquisadores explicam que no início e no fim da estação chuvosa os casos de malária em geral aumentam, já que há mais água empoçada, ideal para reprodução do mosquito. Durante a cheia, a água tende a lavar as larvas. Já se a seca for muito forte, podem sobrar poucos reservatórios para o mosquito se reproduzir. Mas alguns deles, como Confalonieri, alerta que a relação entre clima e doenças tropicais é influenciada por outros fatores, como as políticas de saúde e o uso da terra.
Em 2007 o relatório do IPCC reconheceu os primeiros sinais de que as mudanças climáticas globais estão afetando a saúde humana. Na Europa houve, segundo os pesquisadores, disseminação da encefalite para a Escandinávia, porque a temperatura do continente aumentou em média 3ºC nos últimos 40 anos e o carrapato causador da doença migrou para o país nórdico. Outro sinal é a maior ocorrência de alergias respiratórias, já que a primavera européia está mais longa e a concentração de pólen na atmosfera é maior.
Os estudos indicam que doenças hoje frequentes nas regiões tropicais do planeta como a dengue podem se espalhar para outras áreas do globo, elevando de 2,5 bilhões para 3,5 bilhões o número de pessoas vivendo em zonas com risco de contrair a enfermidade. Os casos de dengue devem aumentar em países que já convivem com a doença, sendo esse o caso do Brasil. Uma elevação na temperatura média do planeta até o final do século, como previsto nos cenários mais pessimistas do IPCC, pode reduzir a disponibilidade de alimentos e levar mais de 530 milhões de pessoas a passar fome. Calcula-se também que 3,2 bilhões de indivíduos venham a enfrentar escassez de água, enquanto 20% da população mundial passará a viver em zonas sujeitas a enchentes.
Adapta
O Centro de Estudos de Adaptações da Biota Aquática da Amazônia - Adapta é uma proposta ousada do ponto de vista científico que preconiza a reunião de várias linhas de pesquisas, fazendo com que elas gerem conhecimentos novos sobre a Amazônia O projeto é amplo e evolve várias áreas do conhecimento científico. Segundo Domingos Luiz Wanderli, pesquisador e professor da Universidade do Oeste do Pará, o Adapta permite, além do avanço significativo das pesquisas na região, a interação com estudantes do ensino fundamental e médio para formar assim novas gerações de pesquisadores. (Assessoria)



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