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quarta-feira, 19 de maio de 2010

Tecnologia aposta na integração Lavoura-Pecuária-Floresta
para gerar renda e desenvolvimento sustentável

Belem, PA-Estima-se em média 0,9 cabeças de bovinos por hectare de pastagem produtivas, não degradadas. O uso das tecnologias poderá elevar em duas vezes esta produção sem comprometer o meio ambiente
Os sistemas de plantio direto e sintonia com a integração Lavoura-Pecuária-Floresta são a forma mais promissora de minimizar os impactos sobre a floresta
A Amazônia tem hoje cerca de 60 milhões de hectares área de pastagens cultivadas e 30 milhões de hectares de pastagens degradadas ou em processo de degradação. São aproximadamente 70 milhões de cabeças de gado. Os dados são da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa.
Apesar do cenário, a região é palco de propostas tecnológicas que começam a promover a mudança do processo produtivo, a exemplo dos sistemas de integração Lavoura-Pecuária-Floresta que recuperam áreas degradadas pela pecuária com o uso de agricultura e o sistema Plantio Direto, que gera renda e emprego, permitindo uma recuperação de extensas áreas desmatadas e abandonadas.
Os sistemas de integração Lavoura-Pecuária-Floresta reúnem as atividades de agricultura, pecuária e silvicultura na mesma área, conferindo sustentabilidade ao sistema no ponto de vista ambiental, econômico e social. Segundo o pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Paulo Fernandes, “a síntese da tecnologia é a recuperação de áreas degradadas pela pecuária com o uso de agricultura. A recuperação de pastagens degradadas de forma direta é inviável economicamente, para a maioria dos pecuaristas, mesmo recebendo financiamentos. O custo de reaver diretamente um hectare de pastagem degradada está em torno de R$ 2 mil. A recuperação com uso da agricultura paga este custo e retorna ao sistema produtivo a área anteriormente degradada”.
O pesquisador explica que, ao introduzir a rotatividade de atividades agrícolas na área com pastagem empobrecida melhora a qualidade do solo ao longo dos anos. “Ao se recuperar a pastagem o negócio volta a ser viável. A propriedade é dividida em áreas e se faz um rodízio de culturas – milho, feijão, palhada, arroz. Aos poucos a terra é recuperada”. Segundo Paulo, a pecuária foi introduzida na Amazônia há cerca de 40 anos, incentivada pelo governo. “Hoje não há como retirar o boi da região, deve-se conviver com ele em harmonia com a natureza. É fundamental viabilizar e esclarecer as pessoas sobre a recuperação das áreas degradadas”.
De acordo com o pesquisador da Embrapa, Alfredo Homma, “é necessário fazer uma nova pecuária, uma nova agricultura, reflorestamento, recuperação de áreas que não deveriam ter sido desmatadas, plantar cacaueiro para acabar com as importações de um terço do cacau consumido no país, plantar seringueiras para reduzir as importações de 75% do consumo de borracha natural no Brasil”.
Para Homma, “o Programa de Produção Sustentável de Palma de Óleo no Brasil, lançado no último dia 6 de maio pelo Presidente Lula, no município paraense de Tomé-Açu (veja matéria) é um exemplo de que nos próximos anos o Brasil será autossuficiente e exportará excedente de óleo de palma para biodiesel. “Precisamos de programas dessa natureza para o cacaueiro, seringueira, reflorestamento, recuperação de pastagens degradadas, plantio de castanheiras, entre outros”.
Integração recupera áreas degradadas pela pecuária
“A questão ecológica é fundamental, mas podemos viabilizar a pastagem por intermédio da agricultura. Acreditamos em tecnologias adaptadas à realidade de cada produtor”, explica Paulo Fernandes. Atualmente, estima-se uma média de 0,9 cabeças de bovinos por hectare de pastagem produtivas, não degradadas. Segundo ele, o uso das tecnologias poderá elevar em duas vezes esta produção sem comprometer o meio ambiente.
Os sistemas de integração Lavoura-Pecuária-Floresta contam com a participação de 70 pesquisadores e permitirá o retorno ao sistema produtivo de parte dos 30 milhões de hectares de áreas degradadas na Amazônia Legal.
O município com ações mais avançadas no estado do Pará é Paragominas. A tecnologia foi adotada há cinco anos e tem cerca de 5% da área de agricultura do município em plantio com Integração. O polo Paragominas foi escolhido por estar incluído nas listas de municípios que mais desmataram nos últimos anos. “As pessoas estão incorporando o conhecimento. O negócio vai além da propriedade. Com a tecnologia da integração estamos auxiliando na recuperação do meio ambiente. Quando se aumenta a produção se reduz a emissão de metano, diminuindo o efeito estufa. Hoje se pode produzir de maneira sustentável”, destaca Paulo.
No município de Paragominas estão sendo feitos plantios de milho e eucalipto por meio do sistema de Integração, desencadeando uma cadeia produtiva. “O milho se destina à avicultura e ração. Depois planta-se o feijão e a soja, formando-se um ciclo. Depois da soja retorna-se com a pastagem.
Plantio direto na palha
O sistema plantio direto é um processo constituído dos fundamentos de não revolvimento do solo, de formação de palhada de cobertura e de rotação de cultura, que tem como objetivo a produção sustentável das diversas culturas. A plantação do feijão na palha é uma técnica conservacionista, pois protege o solo das intensas chuvas e do sol da região, evitando o processo erosivo.
“O objetivo é o desenvolvimento de técnicas capazes de converter os sistemas produtivos atuais em sistemas sustentáveis de produção de grãos, para viabilizar a reincorporação de áreas alteradas ao processo produtivo. Os sistemas de plantio direto e sintonia com a integração Lavoura-Pecuária-Floresta são a forma mais promissora de viabilizar a utilização de áreas alteradas minimizando assim impactos sobre a floresta. A capacitação de produtores e técnicos multiplicadores das tecnologias precisa ser implementada com modernos mecanismos de extensão rural. Os treinamentos são direcionados em diferentes categorias para produtores, técnicos em agropecuária e profissionais de nível superior”, afirma Paulo.
Em 2009 o Balanço Social da Embrapa contabilizou um lucro social de R$ 18,84 bilhões, apurado com base nos impactos de uma amostra de 104 tecnologias e 140 cultivares desenvolvidas pela Empresa e seus parceiros, gerando 85.725 empregos no ano. Isto quer dizer que a aplicação de cada real do Governo Federal gerou R$ 10,37 para a sociedade brasileira.(Noticias da Amazônia)

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