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terça-feira, 6 de julho de 2010

Não foi virose, mas “PAIXÃO”

                                                                                                             *Thomaz  Meirelles


Lá se foi o 45º Festival Folclórico de Parintins, com merecida vitória do Caprichoso, com uma grande interrogação na diferença de pontuação da primeira noite, que deve ser avaliada, mas que não tira o brilho da conquista do BOI AZUL.
 Ao longo dos anos, até por ser filho de parintinense, tenho acompanhado alguns acontecimentos que envolvem essa bela festa cultural. Entretanto, diante da visível redução do público que visita a Ilha Tupinambarana nos três dias, temo que a festa dos BOIS, oportunidade ímpar de geração de emprego e renda para os parintinenses, siga o mesmo caminho da falência econômica da produção de juta, malva, castanha, entre outros produtos regionais.
 Creio que a situação ainda é reversível, mas nada tenho observado nessa direção. Muito pelo contrário, novos fatos desagradáveis aparecem a cada edição do Festival. Acho estranho que, apesar de receberem apoio financeiro idêntico, é inquestionável a melhor saúde orçamentária do Caprichoso, visíveis no acabamento das alegorias, das fantasias e nas recentes contratações, vindas do Garantido. Enfim, no Caprichoso, observo a presença de planejamento e organização.
Com relação ao episódio que envolveu o David Assayag, posso afirmar que foi uma mudança que não fez bem ao Garantido, ao Caprichoso e nem ao próprio levantador de toadas. No meu entendimento, e observando quase tudo o que vem acontecendo nos últimos anos no Boi Vermelho, o David tomou a atitude correta, mesmo contrariando o seu coração, que é vermelho, e não azul. O Garantido jamais deveria permitir que itens de destaque pudessem participar de processos eletivos internos (principal motivo da saída do David) e, também, deveria ter superado qualquer proposta financeira do Caprichoso, afinal de contas, e como dito antes, recebem o mesmo apoio financeiro do governo e de parceiros privados. Nesse aspecto, qual a razão de somente o Caprichoso ter dinheiro? O David é diferente, e como tal, deveria ter recebido tratamento diferenciado do Garantido. Durante as três noites, notei um Rei triste, que cantou pouco e sem a empolgação que conhecemos. E não foi por virose, mas por “PAIXÃO”.
O lugar do David é no Garantido, cantando “Boi de Pano”, “Vermelho” e “Boi do Carmo” pra felicidade de todo o Festival. No lugar dos inaceitáveis ataques, alguns absurdamente pesados, a atual diretoria do Vermelho deveria trabalhar incansavelmente para tê-lo de volta o mais breve possível.
 Posso afirmar que não é tarefa das mais difíceis, pois, como falei antes, o coração do Rei David é vermelho, e não azul. Além disso, todos sabem que o David não é unanimidade no Caprichoso. A sugestão de retorno que aqui faço, nada tem a ver com o resultado e nem com o desempenho do novo levantador, Sebastião Junior, que, aliás, cumpriu muito bem o seu papel superando favoravelmente todas as expectativas. Inclusive, no segundo dia, ao interpretar a toada “lamento de raça” incendiou a inigualável galera vermelha e branca. Mas, tem coisas na vida que não cabe mudança, e a saída do David é uma delas. Assim como o Zico é do Flamengo; o Rogério Ceni é do São Paulo; o Pelé é do Santos, o Rei David Assayag deve ser eternizado no Boi Bumbá Garantido.
Mudando de tema, mas que também envolve o Festival, entendo que a movimentação financeira dos Bumbás deva ter maior transparência a fim de que a sociedade possa acompanhar melhor o que vem sendo feito pelas diretorias, evitando surpresas desagradáveis e, até mesmo, o fim dessa bonita festa parintinense por problemas de gestão.
 O excessivo número de ingressos na mão de cambistas também deve merecer atenção dos organizadores da festa, pois tem prejudicado um grande número de turistas interessados em conhecer Parintins. Na segunda noite, nos camarotes localizados acima da arquibancada especial do lado vermelho, observei dois bombeiros filmando e batendo fotos dos camarotes durante a apresentação do Boi Caprichoso. Certamente não eram turistas, pois estavam fardados e demonstravam certa preocupação com o que estavam vendo. Será que estava ocorrendo algo errado? Penso que é bom checar o que houve a fim de evitar desagradáveis surpresas no futuro.
Ao chegar em Manaus, depois de uma alegre, confortável e segura viagem no Navio Dona Carlota, percebi que dentro do Porto não existe táxi, obrigando os turistas a uma longa, absurda e exaustiva caminhada até o ponto mais próximo, que está localizado fora das dependências do porto flutuante. Se, de fato, o Amazonas quer gerar emprego e renda com o turismo, muita coisa tem de mudar, e urgentemente.

*Thomaz Antonio Perez da Silva Meirelles, administrador, funcionário público federal e escreve semanalmente neste endereço sobre agronegócios. E-mail: thomaz.meirelles@hotmail.com



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