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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

PALACETE PROVINCIAL: UMA VIAGEM PELA CULTURA E PELA HISTÓRIA

                                                                                                                    Texto: Osny Araújo

Por absoluta falta de tempo, até por ficar fora da minha rota de trabalho, ainda não havia visitado o imponente Palacete Imperial, antigo Quartel Geral da Polícia Militar do Estado, bem no centro da cidade, frontal a Praça Heliodoro Balbi, também conhecida como a popular Praça da Polícia.
Após ter participado de uma reunião de trabalho no centro da cidade, resolvi matar minha curiosidade e fui até o Palacete Provincial. Lá passei cerca de duas horas e não tive um minuto de arrependimento e sim muito prazer.
O velho prédio, hoje inteiramente reformado era meu velho conhecido, pois como jornalista, perdi a conta de quantas vezes andei por lá fazendo entrevistas e outros trabalhos jornalísticos, mas confesso que o ambiente era bem diferente e hoje, certamente está mais acolhedor e humano.
A transformação é muito grande. Antes, o visitante era recebido por um sentinela armado, com fuzil e baioneta e muita austeridade, aliada a uma rígida disciplina que também era cumprida por civis. A escada em forma de Y, como a famosa divisão que existem nos quartéis entre os chamados oficiais e praças, está tudo liberado e ao invés do visitante respirar austeridade, agora os bons ventos sopram ares de lazer, cultura e história.
O velho quartel, que abrigou por tanto tempo o Comando Geral da Polícia Militar do Estado, após algum tempo fechado, foi inteiramente restaurado pelo Governo e transformado num grande centro cultural, com museus, laboratórios, pinacoteca, internet liberada e outras coisas que valem apena ser vista, principalmente pelos estudantes e pelos amantes da história e da cultura. Lá é o lugar certo para esse passeio fantástico, com direito a um cafezinho ou lanche no famoso e tradicional Café do Pina.
A equipe de recepção é fantásticas, formada por jovens educados e competentes que deixam o visitante à vontade para percorrer os caminhos da história e do conhecimento pelos corredores e salas do Palacete Imperial, onde sem nenhuma dúvida, uma referência cultural da cidade, que começa a ser conhecida pelo povo, apesar de uma maior divulgação por parte da Secretaria de Cultura do Governo, responsável pela restauração do prédio e pela montagem da nova estrutura e de todo o funcionamento, que funciona diariamente, inclusive nos fins de semana.
O restauro sob a responsabilidade do Governo do Estado, através a Secretaria da Cultura, Governo do Estado, chama a atenção pelos cuidados técnicos que foram tomados para que o prédio não perdesse seu grande valor histórico e tudo foi feito de acordo com esse princípio.
Na minha primeira parada no interior do Palacete, onde existem um grande número de fotos, mostrando o antes e o agora, além do andamento das obras, me chamou a atenção alguns números ali expostos sobre a restauração do prédio, durante os três anos e meio de trabalho.
A área construída do Palacete Imperial é de 6000² e foram consumidas 25 mil telhas de cerâmica, 15.600³ de madeira certificada, revestimento em 3000², 12 toneladas de cal e 8oo galões de tinta.
A obra foi tocada diretamente por 1.401 trabalhadores da construção civil e aproximadamente 2000 de forma indireta.
HISTÓRICO
Inicialmente construído, em 1861, para ser a residência do capitão da Guarda Nacional, Custódio Pires Garcia, o Palacete Provincial foi comprado, após seu falecimento, pelo presidente José Bernardo Michilles, que tinha a intenção de transformá-lo em Paço Municipal.
No ano de 1873, o então presidente da Província (1873-75), Domingos Monteiro Peixoto, determina a conclusão da obra do Palacete Provincial, visando os benefícios que o prédio traria ao operário público, pois nele seriam abrigadas várias repartições provinciais, pelas quais se pagava excessivos alugueis.
Após um ano, em 25 de março de 1874, com as obras concluídas o então denominado Palacete Provincial passou a abrigar, simultaneamente, várias repartições públicas: a Assembléia Provincial, a Repartição de Obras Públicas, a Biblioteca Pública e o Liceu Provincial – atual Colégio Amazonense D. Pedro II. Mas foi somente em 28 de fevereiro de 1875 que aconteceu a sua inauguração oficial.
Durante o governo efetivo de Eduardo Ribeiro (1892-96), o Palacete Provincial passou a ser o Comando da Polícia Militar. Hoje, o prédio, considerado um patrimônio tangível que foi tombado em conjunto com a Praça Heliodoro Balbi e o Colégio Amazonense D. Pedro II, encontra-se sob proteção especial da Comissão Permanente de Defesa do Patrimônio Histórico e Artístico.
DENOMINAÇÃO ORIGINAL
O Palacete Provincial, conhecido por mais de cem anos como Quartel da Polícia Militar do Amazonas, retoma sua denominação original, trazendo consigo, em seu espaço totalmente restaurado, a história do Amazonas e grandes obras de valor cultural imensurável.
Com isso, a população terá oportunidade de viajar no tempo, ao século XIX, redescobrindo sua própria história, descobrindo ou redescobrindo valores que pareciam perdidos e hoje, graças a mais essa obra do Governo do Estado estão ao alcance de todos.
O subsolo do Palacete funcionam o Laboratório de Arqueologia Alfredo Mendonça de Souza, o Bar São Jorge, a Cela Memória e Arena de Artes Newton Aguiar, destinado à realização de espetáculos ao ar livre de música, dança, teatro e cinema.
No pavimento térreo está à sala José Bernardo Michilles (exposição temporária), o Café do Pina, a Pinacoteca do Estado, o Museu da Imagem e do Som do Amazonas e o Ateliê de Restauro de Obra de Arte e Papel. E no andar superior encontramos o Museu Numismático Bernardo Ramos, com uma bela coleção de moedas internacionais, Sala de Exposições Temporárias, o recém criado Museu de Arqueologia, o Museu Tiradentes, com um pouco da gloriosa história da Polícia Militar do Amazonas, inclusive com armas e armaduras e o Salão Coronel Pedro Henrique Cordeiro Jr.
BOA AFLUÊNCIA
Apesar da pouca divulgação, segundo os competentes atendentes do Palacete Imperial, a visitação pública tem aumentado muito nos últimos tempos, especialmente durante o período escolar, quando a afluência é maior por parte dos estudantes e na temporada turística, especialmente dos cruzeiros marítimos.
Como o visitante deixa o seu nome num livro, não é difícil para os recepcionistas identificarem o expressivo numero de visitas que o Palacete Imperial vem recebendo, marca que poderá ser melhorada se o Governo do Estado, através a Agência de Comunicação trabalhar um pouco mais junto mídia para tornar esse centro cultural mais conhecido dos amazonenses e dos que nos visitam.
Vale apena agendar uma visita ao Palacete para uma inesquecível viagem pelos rios do conhecimento, através da cultura e da história. (Nas fotos, pela ordem: Prédio do Palacete Provincial,  mostruário Numismático, Museu Tiradentes e réplicas de esculturas famosas do mundo.)






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