Agronegócios: Stephanes fala sobre pecuária no Bioma Amazônico
*Thomaz Meirelles
Formado em economia, com especialização em Administração Pública na Alemanha, e em desenvolvimento econômico pela Cepal/ONU, o ministro Reinhold Stephanes trabalhou durante oito anos no Ministério da Agricultura, participou da criação da Embrapa (empresa reconhecida mundialmente), diretor do INCRA e secretário de agricultura do Paraná. Ainda no âmbito do Paraná, foi secretário de Administração e, também, de Planejamento e Coordenação-Geral. Na área da previdência, foi presidente do INPS (atual INSS). Foi ministro do Trabalho e Previdência Social (1992), ministro da Previdência e Assistência Social (1995) e atualmente está no Ministério da Agricultura. Foi ministro de Collor, Fernando Henrique e, hoje, do presidente Lula. É, sem dúvida alguma, um dos grandes nomes do PMDB para fazer parte da chapa presidencial, em parceria com o PT, nas eleições do próximo ano. Afinal de contas, e por questões de representatividade e potencialidade dentro da economia nacional, já está no momento do agronegócio e da agricultura familiar indicar um nome para o Palácio do Planalto. Pela idoneidade, capacidade técnica e experiência adquirida nos cargos públicos que exerceu e ainda exerce, tenho a firme convicção de que o nome deputado Reinhold Stephanes deve fazer parte da agenda do PMDB. Afinal de contas, ter sido chamado para ser ministro dos três últimos presidentes é, indiscutivelmente, um fato inédito e um grande diferencial.
ENTREVISTA PARA A REVISTA “TERRA BRASIL”
A última edição da revista “Terra Brasil”, já disponível no site do ministério da agricultura, traz entrevista com o ministro Reinhold Stephanes afirmando que é possível fazer pecuária no Bioma Amazônico sem prejuízo ao meio ambiente. Eis a íntegra das respostas do ministro.
Por que a pecuária é vista como um grande fator de pressão sobre o bioma amazônico?
RS - Se, por um lado, setores da pecuária atingiram um padrão de excelência em técnica e genética, incorporando conceitos modernos de rastreabilidade e de manejo, destacando a carne brasileira no exterior, por outro, em algumas regiões ainda perdura o modelo tradicional de criação, extensivo, com o gado solto no pasto. Essa é uma realidade em áreas que estão dentro do bioma amazônico e onde, historicamente, a pecuária tem uma presença muito forte.
É possível uma convivência harmônica entre a pecuária e a floresta naquela região?
RS - É possível, sim, mas é necessário que a atividade se adapte aos sistemas e tecnologias disponíveis para melhorar a eficiência produtiva, de forma sustentável. Seja pelo aspecto econômico ou ambiental, não faz sentido desmatar para gerar novas pastagens no bioma amazônico. Por exemplo, uma propriedade que esgota os recursos da pastagem e que migra cinco mil bois para uma nova área de cinco mil hectares prejudicará o meio ambiente e vai gerar poucos empregos. Essa consciência já existe e precisa ser disseminada.
A proposta de desmatamento zero, que é o carro-chefe do Programa Boi Guardião, tem apoio dos pecuaristas?
RS - Sem dúvida. A participação dos pecuaristas e dos frigoríficos do Pará foi fundamental para desenvolver o projeto-piloto no estado, além da intensa ação do governo local, com a Adepará (Agência de Defesa Agropecuária do Pará). Foram escolhidas mais de quinze mil fazendas de municípios da região com maior concentração do rebanho. Cada fazenda foi visitada e o proprietário sabe que a área da fazenda será monitorada por satélite. Se houver desmatamento, não será emitida a Guia de Trânsito Animal, que é necessária para o transporte até o frigorífico e o navio para embarcar o boi vivo para o exterior. E isso será feito em tempo real, já que a Guia estará on-line.
O governo estuda outras medidas para implantar no bioma amazônico?
RS - Além do Boi Guardião, o Ministério da Agricultura quer ampliar a adesão de produtores aos programas de recuperação de áreas degradadas e de integração da lavoura com a pecuária e a floresta. Reitero, no entanto, que o desmatamento na região não está restrito à pecuária. Há outras causas. De qualquer forma, a agricultura tem feito sua parte. São exemplos o Zoneamento Agroecológico da Cana-de-Açúcar, que excluiu o bioma amazônico das áreas de plantio, e a moratória da soja, que, há quatro anos, era apontada como a grande vilã da floresta.
*Thomaz A P Silva Meirelles – administrador, funcionário público federal, especialista na gestão da informação do agronegócio e escreve semanalmente neste endereço. E-mail: thomaz.meirelles@hotmail.com
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
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