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domingo, 11 de julho de 2010

Título inédito
Holanda x Espanha decidem hoje a Copa

Joanesburgo, Africa do Sul - É um jogo que vale título e a oitava carteirinha no clube de campeões mundiais. Entre fracassos e decepções, Espanha e Holanda ganharam a fama de convidados que sempre saíam mais cedo da festa. Chegavam bonitos, confiantes, mas nunca dançavam com a moça mais cobiçada. Neste domingo, a moça estará lá, a taça da Copa do Mundo, à espera de seu novo dono. Para conquistá-la, os dois lados usam o mesmo charme, estilo de futebol semelhante. Toque de bola, capricho - às vezes exagerado - nas conclusões, jogo ofensivo. O baile no Soccer City começa às 15h30m (de Brasília), mas não terá hora, sequer data, para acabar em um canto da Europa.
Após esta partida, um deles alcançará outro patamar no futebol mundial, com ingresso para o grupo que já tem os campeões Brasil, Alemanha, Itália, Argentina, Inglaterra, Uruguai e França. E ainda deve deixar sua marca pelos próximos quatro anos. A Copa é um torneio que costuma criar tendências. O campeão vira referência, com estilo de jogo copiado por seleções, clubes e times de várzea. Os dois volantes de Carlos Alberto Parreira em 1994, por exemplo, transformaram-se em uma epidemia no futebol brasileiro depois do tetra. Mas 2010 viveu um fenômeno diferente, refletido na decisão deste domingo: os técnicos Vicente del Bosque e Bert van Marwijk admitem que construíram suas equipes inspiradas no Barcelona. Chegaram à final com um futebol parecido. E assumem isso.
- As duas seleções estão muito bem organizadas e trabalharam segundo sua própria mentalidade. São dois times muito estáveis, dois dos melhores desta Copa. E para isso é importante sublinhar a palavra equipe - analisou o comandante holandês.
- São times de muita qualidade, jogadores muito parecidos, com um estilo igual. Não tem muita diferença entre uma equipe e outra - completou Del Bosque.
Sneijder já fez seus adversários dançarem neste Mundial: é um dos artilheiros, com cinco gols (Foto: EFE)Na Laranja, Van Marwijk já disse que tenta copiar o esquema do Barça, principalmente quando está sem a bola: quer os atacantes marcando, como Messi e Ibrahimovic. Cria do Real Madrid, o técnico espanhol deixou a rivalidade clubística de lado e fez da Espanha uma “filial” do clube catalão: sete atletas comandados por Pep Guardiola (incluindo o recém-contratado David Villa) estão entre os titulares, repetindo a escalação que venceu a sempre favorita Alemanha na semifinal.
- Tenho consciência de que a Espanha sempre buscou um futebol atrativo e competitivo. Desde que estou na seleção, buscamos esse perfil. A Holanda se aproxima do futebol que a Espanha faz. Temos que cuidar dos detalhes - afirmou Xavi, craque da Fúria e do Barça.
Sem sucesso em Copas, Espanha e Holanda são potências entre clubes. Nos últimos dois anos, o Barcelona ganhou a Liga dos Campeões, a Copa do Rei, o Mundial e duas vezes o Campeonato Espanhol. O Real Madrid é o maior campeão europeu, com nove taças. O Ajax tem quatro títulos da Champions, enquanto Feyenoord e PSV têm um cada. Em sua história, a Fúria tem duas Eurocopas. A Laranja, uma. No Mundial, a seleção holandesa chegou mais perto do topo, sendo vice em 1974 e 1978. A Roja conseguiu no máximo o quarto lugar, em 1950
As donas da bola
O toque de bola é a principal característica das finalistas. A Espanha marcou poucos gols, é verdade - apenas sete em seis jogos. Mas ninguém pode acusá-la de não tentar. Segundo as estatísticas da Fifa, o time lidera o ranking de chutes com 103 tentativas (40 na direção do gol), mais até do que Alemanha e Uruguai, que têm um jogo a mais. A Laranja, dona do segundo melhor ataque (12 gols), chutou 80 vezes, na sétima colocação.
No centro das atenções, Villa tenta ser o primeiro artilheiro espanhol numa Copa do Mundo (Foto: Reuters)Mas é na troca de passes que a Espanha se destaca nos números. O time de Del Bosque é quem acertou mais toques: 3.387, com 81% de aproveitamento. Do total de 4.206, foram 57 dentro da área e 146 cruzamentos. Nesse quesito, os jogadores da Fúria também se destacam. Entre os oito primeiros, seis são da Fúria. Os alemães Schweinsteiger e Lahm só invadiram as primeiras colocações graças à disputa pelo terceiro lugar. Mas no topo ainda está Xavi (com 464 e 81% de aproveitamento).
- A Espanha jogou muito bem nos últimos anos e não é por acaso que é a favorita. Mas temos confiança. A única coisa que importa na final é ganhar e vamos com fé e crença que isso irá acontecer - afirmou o capitão holandês Giovanni van Bronckhorst.
A Holanda é mais objetiva. Toca bem a bola e consegue colocá-la dentro da rede com mais facilidade. Tem o segundo melhor ataque, com 12 gols em 80 tentativas (sexta posição no ranking de finalizações). A Laranja está em terceiro lugar na lista de acerto de passes (2.434, atrás da Alemanha). No confronto dos artilheiros David Villa e Sneijder, que marcaram cinco vezes, o espanhol aparece como o atleta que mais chutou em direção ao gol na Copa: 16, contra dez do holandês, em sexto.
- Esperamos uma Holanda que gosta de ter a bola, que gosta de atacar. Tomara que seja um jogo bom para a Espanha, que a gente tenha mais a bola e dificulte para a Holanda recuperá-la. Se segurarmos a bola como fizemos contra a Alemanha, teremos muitas chances - disse Villa.
Se conquistar o título, a Espanha, que jogará toda de azul, será a primeira campeã do mundo com derrota na estreia. Após o 1 a 0 para a Suíça, a Fúria conseguiu cinco vitórias seguidas: 2 a 0 em Honduras, 2 a 1 no Chile e 1 a 0 sobre Portugal, Paraguai e Alemanha. Para Del Bosque, a atuação contra os alemães foi a melhor da equipe na Copa. Por isso, deve repetir a escalação com Pedro no ataque, deixando Fernando Torres no banco.
Já a Holanda pode alcançar marca mais relevante: igualar o Brasil de 1970 e se tornar a segunda equipe da história a passar por eliminatórias e Copa do Mundo com 100% de aproveitamento. Com a vantagem de que, se vencer, chegará a 15 triunfos, contra 12 do timaço comandado por Pelé. A caminhada holandesa é tão tranquila que a seleção que entra em campo na final começa na camisa 1 e termina na 11. Sem sobressaltos, sem barrações, a Holanda que termina a Copa é exatamente a que começou, com o reforço de Robben, machucado no princípio da campanha. É a Holanda ideal buscando ser, também, a primeira Holanda campeã mundial.



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