Com seca na Amazônia, nível de água
no Rio Solimões bate recorde histórico
Do Globo Amazônia
Amazonas - Com o período de estiagem na Bacia Amazônica, o nível de água no Rio Solimões atingiu baixa recorde em Tabatinga (AM) - é o menor em cerca de 30 anos. A água chegou à marca de -86 centímetros nesta segunda-feira (11) na régua instalada pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) próximo à entrada do rio no país. O nível é o menor observado no local desde 1982, quando começaram as medições.
A escolha do zero em cada régua do CPRM é arbitrária e serve como referência para comparação entre diferentes períodos. "Se chegamos hoje, por exemplo, em Tabatinga, instalamos a régua de modo que o zero fique no nível da água. O nível pode ficar acima ou abaixo desse ponto com o passar dos dias. O zero de nenhuma estação fica ao nível do mar", explica Daniel Oliveira, gerente de Hidrologia da instituição.
Em setembro, a taxa em Tabatinga também bateu recorde histórico, com nível de -32 centímetros. Antes disso, o nível mais baixo havia sido observado em 2005, quando a Amazônia enfrentou uma das piores secas de sua história: 2 cm na régua do CPRM, ou seja, 88 cm mais alto que o recorde registrado nesta segunda-feira.
Balsa é flagrada ao ser carregada com madeira ilegal no Pará Microchip instalado em árvores ajuda a reduzir desmatamento em MT Iphan tomba provisoriamente Encontro das Águas em Manaus Gestão privada sobre a Amazônia deverá ser ampliada com novas concessões Operação identifica 1000 m³ de madeira ilegal em área indígena de MT Empresário transforma lixo em energia elétrica em fazenda na Amazônia Casal de Manaus produz cosméticos com produtos da floresta amazônica
De acordo com Oliveira, o nível do Rio Solimões próximo a Tabatinga voltou a subir nesta terça-feira (12) e as réguas na estação estão em -70 cm nesta quinta-feira (14).
"Os rios na margem direita do Solimões, como o Purus e o Javari, também são influenciados pela seca", diz ele. Segundo Oliveira, o Purus é o que apresenta nível mais baixo entre eles - o rio registrou a marca de 4,16 m nesta quinta-feira na estação de Boca do Acre (AM), 67 cm acima da mínima histórica, observada em 1998.
O reflexo da seca atinge cidades abastecidas pelo Solimões ou afluentes, como
Uarini (AM). "O rio secou inteiro diante do município. Do alto, você consegue ver que ele foi bem atingido", diz o fotógrafo Rodrigo Baleia, que percorre a região amazônica em busca de imagens há cerca de 10 anos.
Em Tefé (AM), barco encalhou em banco de areia. (Foto: Rodrigo Baleia/ Divulgação) No fim de setembro, ele sobrevoou áreas banhadas pelo Solimões, Juruá, Purus e Negro para fotografar os efeitos da seca na Amazônia. "Quero focar mais na vida que existe na floresta depois de passar anos registrando áreas de destruição no Pará e em Mato Grosso", diz ele, que clicou um barco encalhado em um grande banco de areia formado pela seca perto da cidade de Tefé (AM).
Rio Negro
As réguas do CPRM no Rio Negro perto de Manaus indicam nível de 15,31 cm nesta quinta-feira. A taxa está próxima da mínima histórica, de 13,64 cm, observada em 1963.
"O nível de água no Negro continua baixando. A última vazante grande assim aconteceu em 2005, quando o nível chegou a 14,75 cm", diz Oliveira. De acordo com ele, a taxa detectada agora para o Rio Negro representa a 12ª maior vazante na série histórica da estação de Manaus, feita desde 1902.
Nenhum comentário:
Postar um comentário