Brasileirão
CRUZEIRO É O NOVO LÍDER ISOLADO
Globo Esporte
Uberlandia, MG - O Parque do Sabiá não é o Mineirão, mas o Cruzeiro cuidou de todos os detalhes para se sentir em casa em Uberlândia. Se as arquibancadas não estavam lotadas como deveria ser em um jogo tão decisivo, a festa em campo, comandada pelos mascotes Raposão e Raposinha e embalada por músicas de incentivo no sistema de som, criava o clima favorável para o time celeste.
Com os torcedores extasiados sob uma fumaça azul, o Cruzeiro entrou em campo a mil e o argentino Montillo não diminuiu a adrenalina nem mesmo durante a execução do hino nacional brasileiro, dando corridinhas para manter o aquecimento. Como se não bastasse tudo isso, o gol do Corinthians sobre o Atlético-GO, no Pacaembu, antes mesmo de a bola rolar, transformou o jogo em ainda mais importante.
Setor esquerdo da defesa tricolor é o caminho cruzeirense
Sem Mariano, na Seleção, e com seu substituto Marquinhos lesionado, o Fluminense mandou para campo Thiaguinho improvisado na lateral direita. No treino de sábado, Muricy Ramalho deu atenção especial ao setor, mas o volante até que cumpriu bem seu papel, bem no combate e apoiando com desenvoltura. O problema, no entanto, estava do outro lado, com Carlinhos.
Wellington Paulista comemora o gol com Fabrício (Foto: Juliana Flister / Vipcomm)Famoso pela força ofensiva, o lateral-esquerdo ficou preso a marcação do arisco Thiago Ribeiro, e não foi feliz. Válvula da escape da equipe de Cuca, o atacante estava o tempo todo com a bola, sempre dando trabalho. Não à toa, foi por este setor que saiu o primeiro gol da partida. Se Thiago Ribeiro sozinho estava difícil de segurar, imagine uma dupla com Montillo? Pois é, não foi necessário imaginar, eles entraram em ação.
Aos 14, o atacante puxou a marcação e o argentino deu o toque de classe. Com muita calma, do bico da área, ele levantou a bola no segundo pau e encontrou a cabeça de Wellington Paulista. Facilitado por um Gum totalmente perdido na marcação, o camisa 9 escorou no contrapé de Rafael e correu para o abraço.
Nos duelos individuais, cruzeirenses são mais decisivos
O lance, por sinal, diz muito do primeiro tempo. Apesar de o Fluminense até ter bastante posse de bola, o Cruzeiro se mostrava mais seguro de si e parecia ter total consciência de cada ato. Coletivamente e individualmente. No lado de tricolor, Washington recebeu uma, duas, três, quatro bolas e não foi feliz. No lado celeste, Wellington Paulista precisou de apenas uma chance para marcar após seis partidas fora da equipe.
A situação vale também para o duelo de argentinos. Conca participou mais da partida, estava sempre com a bola, arriscava chutes de longe, passes e sofria com a marcação individual de Marquinhos Paraná. Não conseguia ser decisivo. Já Montillo em determinados momentos se mostrou sonolento, lento. Entretanto, também precisou de apenas uma chance para fazer o que dele se espera: a diferença.
Deco, lesionado, foi substituído ainda no primeiro tempo por Marquinho. Nada que fizesse o torcedor arrancar os cabelos. O luso-brasileiro não jogava bem e sua participação se resumiu a um bom passe para Rodriguinho, que perdeu chance na frente de Fábio, aos 23. O Cruzeiro também sofreu uma baixa: Caçapa voltou a sentir dores no joelho e deu lugar a Gil.
Nos 15 minutos finais, o ritmo da partida diminuiu bastante. Bom para o Cruzeiro, que fez uso do meio-campo para trocar passes, manter a posse de bola e descer para o vestiário em vantagem. Para melhorar, assim que Carlos Eugênio Simon apitou o fim da primeira etapa o sistema de som entrou em ação para avisar: no Pacaembu, Atlético-GO 3 a 1 sobre o Corinthians. Era o momento certo para o Raposão entrar novamente em campo.
Montillo sai, Cruzeiro abaixa a guarda, mas Flu erra demais
Rodriguinho disputa bola com Pablo: atacante
perdeu gol incrível (Foto: Photocamera)Como se tivesse um roteiro, a partida se desenhou da mesma forma no segundo tempo: o Fluminense com posse de bola, e o Cruzeiro mais perigoso. A dupla Montillo e Wellington Paulista seguia bem demais, como no lance em que o argentino lançou para o atacante carimbar o travessão de Rafael, logo aos três. Empolgado, “Wellingol”, como é chamado pelo pai, até marcou o segundo, mas em posição irregular, após escanteio, aos oito.
E assim seguiu o jogo até os 20 minutos, quando a parceria se desfez. Montillo, sentindo dores musculares, saiu para a entrada de Roger, e o Flu, até então apático, voltou para o jogo. Era chute daqui, cabeçada de lá, cruzamento, escanteio. Pressão total, que sempre esbarrava em um mal: os erros de finalização. O pior deles foi de Rodriguinho, aos 24, quase na linha gol, quando, incrivelmente, conseguiu chutar por cima do travessão.
Edcarlos se agiganta e ‘se vinga’ do Flu
Cansado e sem seu principal condutor, o Cruzeiro passou a segurar o resultado, e teve em um ex-tricolor um dos grandes responsáveis por isso. Muito criticado pelo torcedor no período em que ficou nas Laranjeiras, Edcarlos reencontrou Cuca na Toca da Raposa, ganhou confiança, assumiu o posto de titular, e foi o grande carrasco do Flu nos minutos finais. Nas bolas aéreas e no combate direto, ele ganhou todas de Washington e cia., se impôs e garantiu a liderança celeste.
O Flu dispensou Edcarlos, trocou Cuca por Muricy, mandou Everton (que ficou o jogo todo no banco) embora, e viu suas “crias” assumirem a liderança do Brasileirão. Ainda faltam nove rodadas, mas agora o bilhete premiado tem a cor azul. Ah, e, lógico, o Raposão foi o dono da festa ao apito final de Simon.
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