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domingo, 2 de maio de 2010

OS MILAGRES DE UM ANO ELEITORAL

                                                                                                                        *Osny Araújo

Acho muito interessante as transformações dos comportamentos dos políticos em ano eleitoral, onde tudo é feito para demonstrar simpatia e conquistar votos. Para muitos, os meios justificam os fins, e isso, não me parece nada correto.
Assisti pelo Amazon Sat, a recente entrevista concedida pelo pré-candidato à presidência da República José Serra, do PSDB e me espantei, quando ele falou com simpatia sobre a Zona Franca de Manaus, prometendo, inclusive, perenizá-la.
Confesso que fiquei surpreso com a mudança de comportamento do Sr. José Serra em relação ao Amazonas, e, principalmente a esse fantástico modelo de desenvolvimento regional que é a Zona Franca de Manaus, onde temos um Pólo Industrial de ponta que ajuda muito o Brasil na balança de exportação, mas ainda assim, importantes lideranças brasileiras são contrários a esse modelo, inclusive, o Sr. Serra.
Conheço o pré-presidenciável “tucano” há muitos anos e na qualidade de jornalista político já o entrevistei em duas ou três oportunidades, a última, quando ministro da Saúde no Governo Fernando Henrique Cardoso e posso assegurar, que nunca vi nesse político, nenhuma boa vontade com o nosso Estado, ou melhor, com o Norte brasileiro.
Intimamente ligado a Federação das Industrias de São Paulo, a toda poderosa FIESP, ele sempre se posicionou primeiro a favor de São Paulo, depois São Paulo e finalmente São Paulo, com acenos generosos para as regiões Sul e Sudeste, sem um olhar de misericórdia para o Norte e Nordeste.
Daí a minha grande surpresa com a entrevista concedida pelo competente político ao Amazon Sat, quando demonstrou uma grande simpatia pelo Amazonas e pela Amazônia e o melhor, de apoiar caso seja eleito presidente da República incondicionalmente a nossa Zona Franca de Manaus, com a qual, nunca simpatizou por entender que o modelo prejudica industrialmente o poderoso Estado de São Paulo, como se isso fosse possível ou verdade.
Mas essa é uma das vantagens de um ano eleitoral como o que vivemos. Os comportamentos e até os ideais filosóficos se alteram. O importante é conquistar votos.
Os políticos, geralmente sofrem de amnésia, esquecem o passado e pregam o futuro, como se todos os outros eleitores sofressem da mesma doença. O fato é, que não parece normal ou possível, alguém com convicções tão fortes, mudar de pensamento de um momento para outro. Realmente, não dá para acreditar.
Espero que o candidato, tenha realmente olhado com carinho a importância da ZFM para o Amazonas e para o Brasil e que a entrevista concedida ao Canal de TV amazonense, não tenha sido uma coletânea de falácias, e realmente coloque em prática o que falou, em caso de vitória nas urnas, para o bem do Amazonas, da Amazônia e do Brasil, até pela grande importância que o vitorioso modelo representa para o meio-ambiente.
Serra rejeitou a tese de que não vê com bons olhos o Amazonas e a Zona Franca, dizendo que isso é conversa de política. O fato candidato, é que essa tese existe, o senhor demonstrou em várias oportunidades esse posicionamento e tomara, que o compromisso assumido com o Estado no transcorrer da entrevista, não entre rol das promessas esquecidos. Tomara que seja realmente um compromisso político e não politiqueiro.
Estou escrevendo este artigo, por dever de ofício e pelo compromisso que tenho com a informação e com meus leitores. Por tudo que já vi e ouvi do Sr. José Serra a respeito da ZFM, não poderia acreditar de cara, no que ele falou na entrevista, ou seja, nessa mudança repentina de pensamento a favor da Zona Franca de Manaus, até porque, não sou muito afeito a acreditar em milagres.
Ele sabe, inteligente como é, que esse modelo de desenvolvimento socioeconômico é vital para a região e especialmente para o Amazonas e conseqüentemente, um prato cheio para político, mesmo não sendo o Amazonas, um grande colégio eleitoral. Como em política, só valem duas operações aritméticas, somar e multiplicar, o apelo foi feito e certamente, renderá dividendos, mas não por falta de aviso.
É aquela velha história presidenciável José Serra: Quem te viu e quem te vê, por isso torço e muito, para que essa amnésia não tenha cura.

*Osny Araújo é jornalista e analista político.
E-mail: osnyaraujo@bol.com.br

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