Conselho julgará denúncia de
promotora contra o MPE

Três fundações patrocinaram o evento do MPE. Muraki, Bradesco e Fucapi doaram cerca de R$ 50 mil. O congresso teve ainda outros patrocinadores.
Depois de buscar na PGE os esclarecimentos sobre o patrocínio, a promotora encaminhou ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) um pedido de apuração, sob a “alegação de inércia por parte da Procuradoria Geral de Justiça do Amazonas na averiguação de denúncias acerca de fundações de direito privado, investigadas pelo Parquet e patrocinadoras do II Congresso do Ministério Público”. O pedido está na pauta de julgamento da próxima sessão do CNMP, marcada para terça-feira (22), segundo o site do órgão, www.cnmp.gov.br.
A promotora disse que ficou ‘surpresa’ ao descobrir que o congresso organizado pelo MPE estava sendo patrocinado por fundações. Kátia Maria é a responsável pela promotoria do MPE que investiga suspeitas de irregularidades em fundações e instituições que recebem verbas públicas.
Ela considera um risco o MPE receber esse tipo de patrocínio sob pena do órgão perder a isenção nas investigações. “Há um conflito de interesse e tráfico de influência nisso, porque se o órgão fiscaliza, não pode receber esse tipo de patrocínio”, informou.
A promotora contou que foi até a Subprocuradoria de Assuntos Administrativos buscar mais informações sobre o dinheiro repassado e, mesmo não tendo conseguido ser atendida pelo subprocurador Edilson Martins, comentou o assunto na antesala do gabinete com servidores que aguardavam no local.
No mesmo dia, segundo Kátia Maria, ela tomou conhecimento de que a corregedoria do órgão havia aberto um procedimento administrativo contra ela por fazer ‘críticas públicas’ ao Ministério Público. “Isso é uma espécie de censura e a legislação permite a crítica pública. O próprio MPE vem combatendo a censura em todo o País”, disse. A reportagem não conseguiu falar com o subprocurador Edilson Martins.
Kátia Maria ressaltou ainda que a corregedoria negou todos os recursos ingressados por ela e que aguarda decisão final do Colegiado de Procuradores do Ministério Público. “Se não conseguir, vou entrar na Justiça”, informou.
A promotora informou que, mesmo diante da ‘censura’, abriu inquérito civil público para apurar o ocorrido e recomendou que as fundações avaliassem os patrocínios dados, principalmente, quando se tratar de órgãos públicos. Ela disse ainda que considera esse tipo de patrocínio um desvio de finalidade das fundações.
O MPE tem vários processos que investigam a Fundação Muraki. A entidade recebeu, sem participar de nenhuma concorrência pública, cerca de R$ 308,852 milhões do Governo do Amazonas, para intermediar a contratação de mão de obra da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e de diversas secretarias estaduais, durante a gestão de Eduardo Braga no governo do Estado, entre 2003 a 2008.
Procurador-geral
Para o procurador-geral de Justiça do Estado, Otávio Gomes, o fato do MPE receber dinheiro de órgãos e empresas investigadas não prejudica o trabalho de fiscalização e nem impede o MPE de abrir inquéritos contra essas instituições. “Se fosse por isso, não poderíamos receber apoio de ninguém”, disse.
Otávio Gomes ressaltou que o custo de um congresso, como o 2º Congresso do MP do Amazonas é em torno de R$ 200 mil e que o órgão teve o ‘cuidado’ de não vincular o patrocínio das fundações e demais empresas ao MPE. Todos os acordos, segundo ele, foram feitos pela Associação Amazonense do Ministério Público (AAMP).
Otávio Gomes disse ainda que a denúncia da promotora de Justiça Kátia Maria Araújo Oliveira não foi o fator decisivo para o órgão abrir um procedimento administrativo contra ela. Ele ressaltou que não tinha mais detalhes sobre a investigação. “Tem alguma coisa sobre a forma de tratamento dos funcionários”, afirmou.(D-AM24)
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