Caso Wallace
Com medo, ex-repórter
registra ameaça de morte
“Tenho sim medo de morrer. Não posso morrer. Tenho dois filhos, um de 10 e outro de 12 anos para criar e vou criar eles”, o desabafo é da repórter e chefe do gabinete militar da Prefeitura de Manaus, Gisele Vaz, 33, que registrou ontem no 12º Distrito Integrado de Polícia (12º DIP), no Alvorada, um boletim de ocorrência (BO) por ameaça de morte.
Gisele decidiu fazer o registro na polícia depois de chegar em casa no bairro da Raiz, Zona Sul, e encontrar um bilhete ameaçador onde estava escrito: “Você teve a chance de voltar atrás. Já que não voltou. Aguarde”.
A suposta ameaça levou a força-tarefa — que investiga o crime organizado no Amazonas — a oferecer proteção à repórter que hoje vai decidir se entra para o Programa de Proteção as Testemunhas (Provita) ou se pede segurança com escolta policial permanente.
Em entrevista ontem ao EM TEMPO, Gisele disse não ter dúvidas de que as ameaças são represálias aos depoimentos prestados à Justiça e à força-tarefa que complicam ainda mais a vida dos irmãos Wallace, Carlos e Fausto Souza.
Ao EM TEMPO, Gisele confirmou o que já havia dito anteriormente e pela primeira vez garantiu que não foi orientada, não foi coagida e nem foi por motivos políticos que resolveu falar sobre o que presenciou durante os dois anos em que trabalhou como repórter no extinto programa Canal Livre. “Quando fui chamada pela força-tarefa, compareci espontaneamente e só contei a verdade. Somente o que sabia”, afirmou.
Questionada sobre o fato de só fazer as revelações agora, ela disse que só resolveu contar tudo porque os fatos vieram à tona. “A polícia já esclareceu tudo e eu só disse o que presenciei na época em que trabalhei no programa”.
Gisele disse que só não revelou os fatos na época, por ter certeza de que seria assassinada. “Se eu falasse o que eu vi e presenciei tenho certeza de que seria morta ou criariam um acidente como o que ocorreu comigo no ano passado, quando tentaram me matar”, disse.
A ex-repórter voltou a afirmar que participou da reunião em que Wallace tramava a morte de uma autoridade, falou de um caso de tortura que terminou em morte dentro de uma viatura policial, e que flagrantes eram armados e mostrados no programa. Além disso, revelou que policiais e repórteres se apropriavam de objetos e valores durante as operações realizadas por policiais do extinto Departamento de Inteligência (DI) da PM que eram acompanhados por equipes do programa.
MPE pode pedir prisões
Após orientar Gisele a registrar o BO no 12º DIP, o secretário executivo adjunto de Inteligência, Thomaz Vasconcelos Dias, afirmou que dará início as investigações para verificar de onde partem as ameaças contra Gisele Vaz.
Vasconcelos lembrou que outro réu do ‘Caso Wallace’, o PM Aldilei de Melo Ambrósio, também procurou à força-tarefa para dizer que está sofrendo ameaças. O policial disse que duas motos e um carro, sem placas, estão rondando sua casa.
O promotor de Justiça da 2ª Vara Especializada de Crimes de Uso e Tráfico de Entorpecentes (2ª Vecute), Alberto Nascimento, afirmou que as investigações apontarem para o envolvimento de alguns dos réus que respondem a processo e que teriam ligação com a organização criminosa supostamente comandada pelo ex-deputado Wallace Souza com as tais ameaças, ele irá representar pedindo à justiça da prisão de todos que estão soltos. Recentemente foram libertados por meio de Habeas Corpus concedidos pela desembargadora Marinildes Mendonça o coronel Jair Martins, o ‘Urso’, o tenente Alann da Mata, o sargento Luís Maia, o cabo Eliseu de Souza Gomes, a produtora Vanessa Lima, e o vice-prefeito Carlos Souza. (Fonte: Emtempo)
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