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sábado, 5 de dezembro de 2009

COP-15: que bicho é este? Por: Ronaldo Pereira Santos*


Não se fala em outra coisa: COP – 15 pra lá, COP-15 pra cá. Este é o termo que se lê, se ouve e se vê nos últimos seis meses nos meios de comunicação. A julgar pelo critério de aparecimento, tudo indica que é algo muito importante, coisa de gente chique, poderosa e – como a grande maioria das coisas que aparecem na mídia – tem a ver com dinheiro (...). Será?
De fato quase tudo isso está certo, mas não se trata apenas de coisa de gente rica e poderosa. Mas, de todos que vivem na casa planeta terra.
A COP- 15 refere-se à décima quinta reunião entre todos os paises membros de um grupo das Nações Unidas voltados para discutir as questões das mudanças no clima do planeta. A reunião é realizada todos os anos, desde 1995, e debate, essencialmente, como se deve trabalhar a redução da emissão de gases na atmosfera.
Como quase todos devem saber, os gases na atmosfera – especialmente o gás carbônico e o metano – tem levado a muitos problemas climáticos, pois aumenta a temperatura que normalmente se tem no planeta. Em outras palavras, se reduzirmos a quantidade deste gás jogado no ambiente teremos um equilíbrio e, assim, poderemos evitar o diminuir as catástrofes que assistimos semanalmente acontecendo em algum ponto do mundo. Daí vem a simplificação de se falar sempre em “carbono”, pois refere-se ao gás.
O gás carbônico é o resultado da queima dos produtos que são responsáveis pela geração de renda e bem-estar no atual modelo de desenvolvimento dos países. Quase tudo que fazemos tem alguma relação com o lançamento de carbono na atmosfera: produção das diversas formas de energia, uso de veículos, produção agrícola – incluindo queima de florestas e produção de alimentos -, indústria etc. Ou seja, cada passo que damos geramos muitos quilos de carbono na atmosfera (daí surgiu, provavelmente, o termo “pegada ecológica”, assim como o termo de uso quase comum de “neutralização de carbono”).
A questão, portanto, é seria possível se estabelecer um acordo para se reduzir o lançamento deste gás? Não parece tão simples.
Cada país teria que reduzir suas emissões por meio de esforços individuais. O problema é que isso significa reduzir, e muito, o ritmo das indústrias – o que gera perdas econômicas. Por isso que muitos países relutam em assinar o acordo anterior de 1997, o Protocolo de Kyoto.
No caso do Brasil, a redução tem que ser especialmente nas derrubadas e queimadas da floresta na Amazônia – uma vez que é esta é a maior fonte de emissão de carbono no país.
A COP-15, este ano em Dezembro na Dinamarca, marcará uma diferença em relação às outras reuniões passadas. Primeiro porque os especialistas falam que o não cumprimento de metas de redução pode pôr em risco a vida neste planeta. Parece exagero? Basta ver os noticiários do clima no mundo pra responder por si só. Segundo, desta vez, espera-se que cada país apresente uma meta de redução, meta esta que seja possível se quantificar em termos percentuais. E mais importante: que se cumpra! Daí se fala tanto na COP-15.
Missão possível? O que se vê é que pouco será alcançado em termos práticos.
A COP-15 trará benefícios para a Amazônia?
Para nós, brasileiros, pelo menos observamos o governo apresentar uma meta para a redução do carbono, o que significa a inclusão da Amazônia na mesa de negociação. Como se sabe, se a floresta for mantida – resguardando o uso das regiões já desmatadas e o direito constitucional ao uso econômico responsável, além do reflorestamento das áreas que assim forem estabelecidas – teremos tímidos, mas bons resultados.
Neste tema temos que falar necessariamente do tal REDD do inglês “Reduce Emissions for Deforestation and Degradation”, ou Redução de Emissões para o Desmatamento e Degradação. Trata-se de dar valores econômicos para a floresta em pé, ou para o desmatamento evitado, como tem sido chamado. Em outras palavras: a Amazônia pode virar ouro!
Se isso for levado em conta, poderemos ser protagonistas e não mais receptores de políticas oriundas de cantos estranhos – e, pior ainda, que não tem nada a ver com a realidade local. Pagar pra ver. (Publicação autorizada pelo autor),

Ronaldo.santos@mns.incra.gov.br

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