Silvana disse que este vai ser o pior Natal que a família vai passar e que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) foi uma "covardia".
“Levar a criança no dia de Natal é um crime hediondo. Ele foi separado da irmã (Chiara, de 1 ano e 3 meses), isso é uma covardia”, criticou a avó de Sean.
Segundo ela, o menino ficou apavorado com o assédio da imprensa ao chegar esta manhã ao Consulado Americano, no Centro do Rio. A avó disse que temeu que Sean fosse pisoteado.
O governo americano, por outro lado, criticou a superexposição do garoto pela família brasileira na chegada ao consulado no Rio. “A avó, o advogado, a família, o padrasto e outros parentes de Sean tiveram total acesso ao consulado pela garagem, mas recusaram. O doutor [Sérgio] Tostes [advogado da família], quando falamos que não precisava aquilo, disse que eles eram livres para fazer o que quisessem”, afirmou Orna Blum, porta-voz da Embaixada dos EUA.
David Goldman e o filho Sean embarcam para os Estados Unidos (Foto: Marcelo Carnaval / Agência O Globo)
Sean passou a tarde de quarta-feira (23), seu último dia no Brasil, brincando com seis amigos no apartamento da família brasileira, de acordo com Silvana. “Ele está muito triste de ir embora e ficou muito assustado com toda aquela confusão. Ele estava muito nervoso. Teve febre de 38,5 graus à noite e vomitou quando chegamos ao Consulado. Ele está realmente muito abalado”, relatou a avó.
Dizendo-se "descrente" e "com vergonha" da Justiça do país, ela disse mais uma vez que, a seu ver, os direitos de Sean foram trocados por interesses econômicos e comerciais do Brasil. Ela diz que já está ansiosa para voltar ver o neto.

O presidente do STF, Gilmar Mendes, decidiu na terça-feira (22), que o Supremo não tinha competência para julgar o caso e suspendeu a liminar que garantia permanência do garoto Sean no Brasil.
Em suas reclamações, a avó de Sean se refere a uma reportagem publicada pela BBC Brasil, que disse que o “Senado americano aprovou por unanimidade a extensão do programa de isenção tarifária que beneficia as exportações brasileiras e de mais 131 países, depois que o STF determinou a entrega do menino Sean ao seu pai”.
'Lutamos o quanto pudemos', disse advogado da família materna
Durante coletiva concedida na manhã desta quinta, o advogado da família materna do menino Sean, Sérgio Tostes, informou que foi feito de tudo para que a transição para o pai americano dele, David Goldman, fosse a mais suave possível. No entanto, ainda segundo advogado, Sean estava nervoso e teve febre durante a madrugada.
“Lutamos o quanto pudemos, mas não conseguimos mantê-lo com a família. Tentamos que a avó acompanhasse Sean aos Estados Unidos, mas as autoridades americanas negaram esse direito”, contou ele, se referindo a Silvana Bianchi.
O advogado negou que o consulado americano tenha oferecido à família que entrasse com o carro na garagem do prédio, para evitar a exposição de Sean.
Ainda segundo Tostes, a avó entregou a David Goldman um documento com características e peculiaridades sobre o menino. De acordo com o advogado, o único contato que Silvana e David tiveram foram poucos momentos antes de entregar o garoto.
“Silvana pediu que David tomasse conta do neto dela. O pai foi extremamente
atencioso com Sean”, afirmou.
Tostes disse que Sean se despediu da irmã dizendo que voltaria em breve.
De acordo com o advogado, as autoridades americanas não quiseram discutir a possibilidade de visitas da família materna a Sean nos Estados Unidos. Por isso, a avó deve permanecer no Brasil e aguardar “que a situação fique mais clara”, para embarcar para os EUA.
Segundo Tostes, a família vai contratar um advogado americano para que o caso continue sendo acompanhado. “Vamos contratar alguém que acompanhe o caso de perto. Espero reciprocidade do governo americano, assim como a Justiça brasileira fez”, disse.
Ao fim da entrevista, Tostes afirmou que fez vários contatos com o governo brasileiro, mas que não recebeu nenhuma resposta objetiva. Ele fez um apelo para que o presidente Lula se manifeste sobre o caso. (G-1)
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