Coletivos retornam às ruas
Rodoviários aceitam proposta
e ônibus voltam a circular
Antes de chegar ao acordo, o último dia de greve foi movimentado. Logo pela manhã, os trabalhadores do sistema decidiram em assembleia organizada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Amazonas (STTR-AM) pela paralisação total da frota.
Pela quebra do acordo judicial, que previa a manutenção de 60% dos coletivos em circulação nos horários de pico, o sindicato iria pagar multa diária de R$ 50 mil. O dinheiro para custear o prejuízo sairia dos cofres do sindicato e do bolso de cada um dos 10 mil rodoviários, incluindo motoristas e cobradores. “Ficou acertado que cada rodoviário contribuiria com R$ 5 por dia a ser descontado em folha de pagamento”, afirmou o presidente do STTR, Josildo Oliveira.
Os rodoviários haviam decidido pela greve devido a atitude do prefeito Amazonino Mendes de intervir no problema do transporte coletivo por meio da liberação de ônibus executivos e alternativos. Josildo frisou que esses ônibus ficaram fora do processo que reduziu a frota dos executivos de 300 para 170 e, portanto não tinham direito legal de circulação. “Inclusive se esses veículos circulassem amanhã (hoje) nós tomaríamos medidas severas, como furar pneus e barrar o trabalho deles”, ameaçou.
O presidente da Cooperativa de Transporte Rodoviário Coletivo de Passageiros (Coontran), Valdomiro Loureiro reagiu à interferência dos rodoviários no trabalho dos executivos. “Não temos nada a ver com a briga entre eles e os empresários que exploram os ônibus convencionais. Se houver retaliação, iremos acionar a polícia contra a medida”, avisou Loureiro, antes do acordo de ontem à noite.
Na tentativa de amenizar os problemas que seriam provocados pela greve, o comandante da Polícia Militar (PM), coronel Dan Câmara informou que pelo menos mil homens da Forças Tática, do Choque, Raio e Rocam estariam nas ruas da capital durante todo o dia de hoje para inibir qualquer ação.
Salários
O receio do presidente do STTR, Josildo Oliveira, ontem era de que o reajuste dos rodoviários não acontecesse em razão da categoria ser a melhor remunerada entre as capitais do país. Para ele, a comparação entre os vencimentos dos paulistas e amazonenses, por exemplo, acontecem em datas-bases diferentes. Ou seja: haverá diferença de salários em determinados períodos do ano. “Tomaram como parâmetro o mês de março quando os salários paulistanos ainda não foram reajustados. O dissídio deles ocorre em junho e, com certeza será maior do que os salários dos motoristas locais”, declarou.
Os passos do acordo
Até chegar ao percentual de 4%, a diretoria do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviários (STTR) e das Empresas de Transporte Coletivo do Amazonas (Sinetram) reuniram-se na tarde de ontem na sede do Ministério Público do Trabalho (MPT), localizada na Djalma Batista. No fim da tarde, representantes do Sinetram ofereceram aos rodoviários 4% de aumento, como os rodoviários não aceitaram, saíram da reunião para retornar às 19h com nova proposta.
A reunião foi intermediada pelo procurador-chefe do Ministério Público, Jocinei Dourado. O Sindicato dos Rodoviários afirmou de início que só terminaria a greve se o Sinetram fizesse reajuste de 7% ou até 5%. Este último com a redução da carga horária. “Iremos entrar em um individamento mensal de R$ 400 mil, mas estamos nos propondo a fazer um acordo porque não aguentamos mais esta situação do transporte coletivo. A categoria é quem não quer fazer nenhum acordo, mas vamos continuar tentando”, disse Fernando Moraes, advogado do Sinetram.
O diretor de Recursos Humanos da Transmanaus, Roberto Chagas, alegava que as empresas não teriam condições de dar o aumento exigido pela categoria porque a prefeitura não cumpre o contrato assinado em outubro de 2007, que promete reajuste salarial da tarifa anualmente de acordo com o valor do Departamento Intersindical de Estatística e Estudo Socioeconômico (Dieese) e Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). “O poder público tem sido omisso a esse caso”, enfatizou o advogado do Sinetram.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário, Josildo Oliveira, comentou que a categoria já havia cedido de 10% para 7% e não faria mais acordo com o sindicato patronal porque ele não cumpre os acordos feitos em anos anteriores. (Emtempo)
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