Lula diz que não deixará que eleições
'afrouxem' controle da economia
São Paulo - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, na noite desta sexta-feira (30), que não deixará que as eleições presidenciais influenciem o rumo dos juros e do controle da economia. Ele participou, em São Paulo, da cerimônia de posse do novo presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini, que passa a ocupar o cargo deixado por Jackson Schneider.
"Nós atingimos um grau de maturidade em que a gente não pode, por conta de uma eleição, afrouxar o controle da economia e deixar a coisa desandar, senão não controla mais", disse o presidente sobre a elevação da taxa de juros anunciada na quarta-feira (28) pelo Comitê de Política Monetária (Copom). "Não há eleição que me faça jogar fora o que nós acumulamos nesse período."
O presidente ressaltou que manter a inflação controlada é prioridade da política monetária do governo. "Quem tiver que ganhar as eleições vai ganhar e vai receber um país arrumado", disse o presidente, que apoia Dilma Roussef (PT).
Sobre a crise financeira que atinge países da Europa como Grécia, Espanha e Portugal, Lula disse também que o Brasil deveria exportar para os países ricos o conhecimento que acumulou no sistema financeiro, de modo a dar mais agilidade a decisões internacionais.
"O Brasil tem expertise financeiro e queremos exportar para que países importantes do mundo não fiquem brigando entre si e fazendo com que a crise da Grécia seja pior do que iria ser."
'Independência da mulher'
Ao falar sobre a vontade do governo de ampliar e subsidiar o financiamento de caminhões novos para caminhoneiros autônomos, Lula lembrou das discussões que teve com os setores na época em que resolveu estimular a produção de eletrodomésticos da linha branca, como geladeiras e máquinas de lavar.
Segundo ele, a medida é reconhecida como benéfica pelas grandes redes varejistas. "A máquina de lavar roupas é a independência da mulher. Não há nada que dê mais independência", disse ele a uma plateia formada em sua maioria por homens.
'Antagonismo' com montadoras
Lula também relembrou sua relação de "antagonismo" com as montadoras na época em que era presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, há três décadas. "Naquela época eu não seria nem convidado para a posse", brincou o presidente, que contou ter comprado, em 1979, um Fiat 147. "Paguei em 14 prestações e foi o carro mais chique que eu tive em muito tempo. Foi a ascensão da classe operária."
O presidente também afirmou que, quando o mandato do novo presidente da Anfavea chegar ao fim, ele (Lula) estará "esquecido". "No Brasil, ex-político, nem vento bate nas costas. Daqui a três anos, estarei mais esquecido ainda, mais velho, sem mandato, é o fim", disse, arrancando risos da plateia.
Também participaram do evento autoridades como o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, o governador do estado, Alberto Goldman, e os ministros das Cidades, Márcio Fortes, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge.(G-1)
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