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sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Política
DEBATE CORDIAL E SEM VENCEDOR

São Paulo - O primeiro debate entre os candidatos à Presidência da República, ontem na Rede Bandeirantes, foi marcado pela polarização das discussões entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). O tucano incitou o confronto com sua principal rival. Dilma de início titubeou, mas, rapidamente soube jogar o jogo. Ao fim de 24 confrontos diretos, a petista líder nas pesquisas, não comprometeu suas intenções de voto. Não houve, no entanto, vencedor.
Empate entre os dois até nas considerações finais. Em provável tentativa de se aproximar do eleitorado menos favorecido, Serra se emocionou ao recordar histórias com sua filha e o pai. Na sequência Dilma também ficou com olhos marejados e chegou a embargar a voz lembrando a missão de liderar a equipe de ministros do governo Lula.
O foco voltado aos dois candidatos irritou Plínio de Arruda Sampaio (Psol). "Até aqui há discriminação. Eu e Marina somos os menos perguntados."
Em queda nas pesquisas, Serra perdeu ótima chance de esquentar o debate logo na primeira pergunta, que, como o esperado, foi direcionada para Dilma. O tucano porém preferiu não partir para o ataque e, ao questionar as prioridades para a Educação, Segurança e Saúde, deu chance para a petista concluir a fala da pergunta anterior, do mediador Ricardo Boechat.
Mesmo sem desferirem ataques uns aos outros de início, Serra e Dilma eram os protagonistas. Revezavam perguntas, o que incomodou Plínio de Arruda Sampaio (Psol). "Se fizeram blocão aí nós dois (ele e Marina) faremos um bloquinho aqui e aí só nos dois falamos", ameaçou, antes de questionar o tucano sobre reforma agrária, jornada de trabalho e anistia para desmatadores, pergunta que já havia encaminhado a Dilma - Serra foi mais convincente na resposta, apontando, por exemplo, ser a favor de que as jornadas de trabalho sejam definidas pelos sindicatos.
Participando de seu primeiro debate, a petista começou nervosa, mas diante da inesperada postura quase que cordial de seu principal concorrente, logo ficou à vontade no estúdio. Serra tentou desconcertar Dilma, mas batendo quase sempre na mesma tecla (os mutirões da Saúde), fracassou.
Sobre os mutirões, a candidata do PT alegou não ser esta a principal ação para a Saúde, mas sim tornar o SUS (Sistema Único de Saúde) robusto, criando UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) 24 horas. O tucano rebateu dizendo que os mutirões são fundamentais para acabar com as filas de espera para exames, consultas e pequenas cirurgias.
Marina Silva seguiu no debate a linha a qual se propõe desde o lançamento de sua candidatura. Considerando-se a terceira via, a verde não criticou os adversários e passou praticamente despercebida. Pior: mesmo sem atacar, foi atacada por Plínio de Arruda Sampaio, que a rotulou de ecocapitalista. Pagou o preço por não se impor.
O candidato do Psol, por sua vez, acionou sua metralhadora giratória, que atingiu os três concorrentes. Chamou Serra de latifundiário e hipocondríaco (por só falar de Saúde). Sobre Dilma se dizer a "mãe dos pobres", ironizou. "É difícil acreditar. É petista, né?"
Sem oba-oba
Após quase duas horas e meia de debate, os presidenciáveis Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB), Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (Psol), evitaram oba-oba ao não revelarem o vencedor da discussão.
"Acho que o debate foi importante. Foi produtivo. Acredito que a partir de agora a campanha entra num ritmo de maior discussão de propostas", disse rapidamente a petista. "Fiquei feliz. Foi a primeira oportunidade de debater alguma coisa. Teve-se um bom nível. Várias questões não foram abordadas, porque não deu tempo", salientou o tucano.
"Foi positivo, porque aconteceu exatamente aquilo que propus: o debate. Sem pegadinha, sem agressão. Vim para debater e não para o embate", considerou a verde. "A avaliação é sempre positiva. Fui bem. Estou me sentindo ótimo. O eleitor pode escolher: tem uma proposta do sistema e vota em algum dos três; e tem contra o sistema, aí vota no candidato do Psol", citou o socialista, que por várias vezes citou a saída do PT e protagonizou os momentos mais ácidos.
Bastidores - Entre as cerca de 300 pessoas que acompanhavam, por telões, o primeiro debate presidencial das eleições 2010 grandes nomes do PT e PSDB, partidos de maior rivalidade da história contemporânea brasileira - ao lado deles, as principais figuras de legendas aliadas.
Alguns rivais trocaram apertos de mãos, sorriram uns aos outros, mas a maioria optou por olhares desconfiados. Do lado de fora da Rede Bandeirantes de Televisão, nenhum movimento político. Os famosos cabos eleitorais, com bandeiras e panfletos, não compareceram.
Todos os candidatos chegaram à sede da emissora de helicóptero (não enfrentaram o trânsito caótico nos arredores do Morumbi). Plínio de Arruda Sampaio puxou a fila e na entrada já demonstrava que buscava o embate. "Tenho responsabilidade, não vim aqui para brincar", destacou.
Para surpresa de muitos, o cineasta Fernando Meirelles acompanhou in loco o debate e elogiou Marina Silva, quem apoia e ajuda na campanha. "É impressionante a atenção dela. É elegante, educada... é a mais chique que tem." (Beto Silva)














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