Bióloga sobrevive a ataque de
jacaré e quer voltar a Mamirauá
São Paulo - A Reserva Mamirauá, no Amazonas, concentra uma das maiores populações de jacarés na região. Uma bióloga que saiu de São Paulo em busca de um sonho - viver numa das maiores unidades de conservação de vida selvagem da Amazônia – acabou sendo vítima desse animal, perdeu uma perna, mas sobreviveu de forma surpreendente.
Alguns pesquisadores garantem que em Mamirauá existem 90 jacarés para cada habitante da reserva. O jacaré-açu é o maior predador da América do Sul: alguns medem mais de 6 metros.
Quando um bicho desses morde alguém, dificilmente a vítima sobrevive. Em dezembro, na véspera do Ano Novo, em Mamirauá, a bióloga paulista Deise Nishimura limpava peixe na beira da casa flutuante onde morava, quando foi arrastada para a água por um jacaré de mais de 4 metros de comprimento. Mesmo desarmada, ela decidiu lutar pela vida.
“Nessa hora, achei que tinha morrido já, já era. Mas aí lembrei que num documentário eu vi que quando você é atacada por um tubarão, sua parte mais sensível é o nariz. Aí pensei: qual será a parte mais sensível do jacaré? Coloquei a mão na cabeça dele e achei dois buracos, não sei se era o nariz ou o olho, e eu enfiei meus dedos assim, bem forte, e apertei com toda a força. Foi quando ele me soltou, e, nessa hora, percebi que já estava sem minha perna”, relembra a bióloga.
Socorro - Deise nadou até a beirada da casa, mas não conseguiu subir. Teve de escalar um tronco para sair da água. Exausta, ela gritou por socorro. Mas não havia ninguém por perto. Então ela se arrastou até a sala de rádio e pediu ajuda. “Quinze minutos depois, os funcionários da reserva chegaram. Fizeram torniquetes nas pernas e levaram a bióloga até Tefé. No hospital, uma hora depois, o médico ficou espantado.
A bióloga chegou no hospital em estado de choque. Não tivesse a resistência que ela tem e a sorte que ela teve, não teria sobrevivido a esse tipo de ataque. O que mais chamou a atenção do médico é que artéria femural de Deise permanecia bloqueada, mesmo sem o torniquete. Isso impediu que ela morresse de hemorragia.
“Chegando no hospital o médico até estranhou que eu não tinha perdido muito sangue. Ele acha que o jacaré, na hora em que ele estava me girando, deu uma torcida na artéria também e isso estancou o sangue”.
Nos oito meses em que trabalhou na reserva, Deise tirou várias fotos do jacaré, ele gostava de dormir debaixo da casa flutuante onde a bióloga morava.
O jacaré tinha até nome: apesar de ser um macho enorme era chamado de dorotéia. No dia seguinte ao ataque, os ribeirinhos da reserva mataram o animal, encontraram a perna de Deise e levaram até o hospital em Tefé. Mas, segundo o médico Adalberto Villa Lobos, não havia como tentar um reimplante.
“O reimplante foi descartado por causa do tipo de lesão que o jacaré causa numa perna ou em qualquer membro que é atacado”, diz o médico. “Mas, graças a Deus, conseguimos fazer uma intervenção cirúrgica muito boa, conseguimos limpar tudo e não houve nenhuma infecção”.(Fonte: G1)
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