NO JOGO DE CINTURA

A VANTAGEM É DE AZIZ

                                                                                                    *Osny Araújo

Talvez por ter ficado muito tempo em seu gabinete em Brasília, mesmo atuando em favor do Estado, quando ministro dos Transportes, o senador Alfredo Nascimento parece ter esquecido de um ponto fundamental para um político que precisa de votos para se eleger. Esqueceu as andanças pelos colégios eleitorais e ao que parece, ficou muito tempo dos prefeitos, vereadores e deputados e com isso, parece ter criado uma baita da dificuldade para a sua eleição ao Governo do Estado, uma vez que parece que não terá mesmo o apoio do ex-governador Eduardo Braga, que já anunciou a sua candidatura ao Senado e o quase certo apoio à reeleição do governador Omar Aziz (PMN).

Talvez por confiar muito no apoio do presidente Lula, muito importante por sinal e na militância do PT no Estado, presidido pelo seu suplente no senado João Pedro, não fez as necessárias costuras políticas e com isso foi perdendo terreno para Omar Aziz, que vislumbrou essa abertura e resolveu partir para uma candidatura, o que de certa forma deixa Eduardo Braga numa situação difícil, em função de um propalado acordo com o presidente Lula para apoiar a candidatura de Nascimento.

Na contra-mão de Nascimento caminhou Aziz, que nas suas andanças pelo interior arquitetou importantes alianças com prefeitos e vereadores, o mesmo ocorrendo na Assembléia Legislativa do Estado. Segundo se informa, e o fato parece real, a grande maioria dos prefeitos, vereadores e deputados estão compromissados com a sua candidatura ao Governo, o que tornará mais difícil a caminhada de Nascimento rumo ao Governo, até pela falta de um discurso mais próximo do povo e das lideranças políticas.

Só o fato de ter sido ministro, parece não representar a garantia de votos, até porque, o seu maior projeto como ministro dos Transportes, que é a integral recuperação da rodovia BR-319, continua sendo boicotada pela turma do meio-ambiente, gente do próprio Governo Lula, como foi o caso dos ex-ministros Marina Silva e Carlos Minc.

Outro fator importante que contraria o projeto de Alfredo Nascimento, é o claro cabo-de-guerra que vive o PT amazonense. Os aliados do presidente estadual João Pedro, defendendo a candidatura de Nascimento e a turma do deputado estadual Sinésio Campos, ex-presidente regional do Partido e líder do Governo na ALE e da bancada do PT, quebram lanças em favor de Aziz, até pelo grande número de companheiros que eles tem dentro da máquina administrativa estadual. A situação parece bem delicada. No fim da disputa interna, venceu João Pedro e o partido, mesmo a contra-gosto de alguns, marchará ao lado de Nascimento nas próximas eleições.

O fato, é que a esta altura do campeonato, quando estamos na contagem regressiva para as convenções partidárias e a oficialização das candidaturas, o desejo de palanque único entre os seus aliados do Estado, sonhado pelo presidente Lula, parece que naufragou, a não que haja um milagre e prevaleça à máxima na política, onde tudo pode e tudo é possível, caso contrário...

Nas declarações que tem feito em ventos oficiais e aos jornalistas, Aziz, não parece nenhum pouco disposto a abandonar o seu projeto de reeleição, a não ser que a moeda de troca política, e isso existe, seja tentadora e irrecusável, contando com uma possível vitória da candidata do PT Dilma Rousseff a presidência da República ou outra coisa, desde que não seja disputar o Senado, porque nesse campo, a bolada vez é do ex-governador Eduardo Braga, do PMDB.

Dessa forma, palanque único dos aliados de Lula no Amazonas, parece que só acontecerá mesmo em torno do nome da ex-ministra-chefe da Casa Civil, considerado por Lula como a madrinha do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), assunto que deverá ser sobejamente explorado tanto pelo Governo como pela oposição durante o fervor da campanha eleitoral. Para alguns observadores políticos, que foi liderado no Governo pela ex-ministra, hoje presidenciável Dilma Rousseff, o PAC está sendo visto como uma faca de dois gumes podendo gerar votos para o Governo ou produzir dividendos para a oposição. Tudo vai depender das colocações a serem feitos nos discursos e até mesmo as falácias políticas de campanha, que espero, sejam de alto nível.

*Osny Araújo é jornalista e analista político.

E-mail: osnyaraujo@bol.com.br

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