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quarta-feira, 21 de abril de 2010

MANAUARA CONSOME MUITA GORDURA

Manaus, AM - Está comprovado que os maus hábitos alimentares aliado ao sedentarismo do amazonense necessitam de mudanças urgentes. É questão de sobrevivência. O alerta vem em formato de pesquisa divulgado esta semana pelo Ministério da Saúde (MS). Além de Manaus foram ouvidos 54,3 mil pessoas das demais capitais entre 12 de janeiro e 22 de dezembro do ano passado. O estudo que avaliou o perfil alimentar do brasileiro pode balizar novas estratégias governamentais para a inclusão de hábitos saudáveis na rotina da população.
Na consulta do MS, em pelo menos um item, embora negativo, Manaus está em primeiro lugar no ranking das restrições alimentares. Dos participantes entrevistados, 66% admitiram que consomem leite com teor integral de gordura. Porto Velho vem logo atrás, com 65,5%. A capital capichaba ficou na última posição: 48,3% preferem leite gorduroso.
As facilidades para aquisição do produto é apontado pela coordenadora do curso de nutrição do Centro Universitário Nilton Lins (UniNilton Lins), Patrícia de Oliveira, 28, como um dos responsáveis pelo elevado consumo do líquido entre os manauenses. A professora também alerta que a incidência de doenças como osteoporose é fator de crescimento do consumo do leite particularmente entre as mulheres. “Principalmente na faixa etária após os 40 anos onde a relativa perda de cálcio nos ossos exige maior ingestão do produto”, afirma a nutricionista.
E, os excessos na alimentação não param. Apesar de figurar na 19º posição, o consumo de carnes gordas está entre as refeições preferidas do amazonense. O churrasqueiro, João Henrique Souza, 24, garante que 70% dos clientes do restaurante em que trabalha, na Estrada da Ponta Negra, Zona Oeste, exigem o alimento com as capas e camadas mais gordurosas. “Eles dizem que a banha é o maior tempero e dá novo sabor à carne”, confessa Souza ao relacionar a picanha, cupim e fraldinha como os cortes mais pedidos.
Os efeitos colaterais nos exageros alimentares levaram a dona de casa, Vilma Silva, 48, a uma descoberta preocupante. “Fui diagnosticada com um tipo de diabete que exige uma redução drástica nos níveis gordurosos”, detalha. A vizinha de Vilma, a funcionária pública, Ana Lúcia Santos, 48, não se espelhou na amiga e, apesar dos riscos garante que a gordura da carne faz bem. “Nunca senti nada e até gosto daquelas partes queimadinhas”, conta.
É neste ponto que mora o perigo. O cirurgião oncológico do aparelho digestivo da Fundação Centro de Controle de Oncologia (FCecon), Sidney Chalub alerta que os torrõezinhos formados pelo contato do alimento assado com o fogo possuem substâncias cancerígenas. “Minha recomendação é que os consumidores envolvam o produto ou outros alimentos em papel alumínio, antes de levá-lo ao fogo para evitar que os ‘queimadinhos’ se formem na superfície da carne”, recomenda Chalub.
Na mesma medida em que cresce o consumo de alimentos gordurosos, produtos como frutas e hortaliças se distanciam da mesa do consumidor de Manaus. A sétima posição no ranking das cidades que menos consomem vegetais é confirmada pela gerente de um restaurante no bairro de São Jorge, na Zona Oeste, Sônia Marinho, 42. “Percebemos que o público não decora suas refeições utilizando frutas e verduras”, comenta.
Mas, a opinião da gerente não é unanimidade. O hábito de ingerir alimentos verdes é a justificativa encontrada pelo professor de artes marciais, Ademar do Vale, 63, como a explicação para o vigor físico. “Se não me alimentasse de maneira correta dificilmente chegaria a essa idade com saúde”, frisa o mestre que corre diariamente três quilômetros.
O vilão
Manaus é a quarta capital brasileira onde adultos maiores de 18 bebem refrigerantes cinco ou mais vezes por semana (32,3%). Porto Alegre está em primeiro (39%). Ainda no Norte, Porto Velho está melhor rankeado e aparece na segunda colocação, com 34,6% dos entrevistados que se dizem consumidores de refrigerantes. A professora da UniNilton Lins, Patrícia Oliveira acusa a falta de educação alimentar nas crianças como as culpadas pelo consumo desenfreado entre os adultos. “É na infância a chance que os pais tem de imprimir nos filhos um ritmo saudável”, acrescenta.
Enquanto a escala de consumo do refrigerante é ascendente, a ingestão de feijão desfalca o prato de pelo menos 38,4% dos manauenses. “Fica cada vez mais caro consumir o produto, o problema é que a população deve encontrar alimentos com o mesmo valor nutricional para garantir uma boa dieta alimentar”, pontua Patrícia Oliveira ao sugerir como opções de substituição os cereais, como aveia, e os vegetais, como alface e brócolis.
Na contramão dos fatores de riscos à saúde, as atividades físicas estão longe de ser uma realidade local. O 15º lugar no ranking nacional, deixa pelo caminho a tão sonhada qualidade de vida. Quanto aos adeptos das caminhadas ou deslocamentos a pé ou de bicicleta ao trabalho ou escola, Manaus tem um rendimento um pouco menos tímido e aparece na 14ª posição entre as capitais brasileiras.(Emtempo)





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