Caso Nardoni
Julgamento marcado para esta
segunda pode ser emblemático
S.Paulo - Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá devem deixar a Penitenciária de Tremembé, no interior de São Paulo em comboios diferentes rumo a São Paulo, onde começa nesta segunda-feira (22) o julgamento pela morte da menina Isabela Nardoni.
Alexandre sairá da Penitenciária II e Ana Carolina no presídio feminino, distante cerca de 10 km. Nos últimos dias os dois têm mantido a rotina. Ele trabalha em tempo integral na rouparia da penintenciária e Ana Carolina ajuda na cozinha.
O presídio onde Alexandre está é reservado a presos ameaçados ou sob risco de morte. Alexandre divide uma cela de 12 metros quadrados com outras duas pessoas.
O tribunal que começa nesta segunda é o mais esperado de todos os tempos mobiliza comunidade jurídica. Especialistas em direito dizem que o julgamento vai servir como exemplo na formação de novos advogados. Veja a cronologia do caso.
29 de março (sábado)
Às 23h30, Isabella Nardoni cai do sexto andar sobre o gramado em frente ao prédio. A menina chega a ser socorrida, mas morre pouco depois. O pai da menina e a mulher vão à delegacia, onde dizem que alguém jogou Isabella do sexto andar, mas não sabem quem foi. Os médicos legistas analisam o corpo e encontram ferimentos que podem ter ser sido feitos antes da queda. O pai e a mulher passam a madrugada na delegacia.
30 de março (domingo)
Os depoimentos duram o dia todo e a polícia fala pela primeira vez. O delegado afirma que foi homicídio e não acidente, porque a menina não sofreu uma queda acidental. Segundo a polícia, alguém rompeu a tela protetora da janela e jogou a criança.
31 de março (segunda-feira)
Isabella Nardoni é enterrada de manhã e o avô materno, José Arcanjo de Oliveira, é o único a dar declarações. Diz que o caso abalou a família inteira.
Um operário que trabalhou no prédio presta depoimento, confirma que teve um desentendimento com o pai de Isabella, mas nega envolvimento na morte.
1º de abril (terça-feira)
A polícia ouve seis pessoas: o primeiro policial a chegar ao prédio, logo depois da morte, dois ex-vizinhos e três vizinhos da família. Eles contam que ouviram gritos.
2 de abril (quarta-feira)
A mãe de Isabella, Ana Carolina de Oliveira, presta depoimento. "Que a justiça seja feita", diz na saída. Com base no depoimento da mãe, a polícia pede a prisão temporária do pai e da madrasta de Isabella, Alexandre Nardoni e Anna Carolina Peixoto Jatobá. A Justiça aceita e determina a prisão.
3 de abril (quinta-feira)
Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá divulgam cartas, escritas de próprio punho, em que afirmam não serem culpados pela morte da criança e declaram amor por Isabella. Os advogados negociam a apresentação do casal, o que ocorre no fim da tarde.
4 de abril (sexta-feira)
O promotor Francisco Cembranelli afirma que há trechos "fantasiosos" nos depoimentos dados à polícia por Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá. Também na sexta-feira é realizada uma nova perícia no prédio. Técnicos do Instituto de Criminalística (IC) mediram o muro que cerca o prédio e verificaram a área abrangida pelo circuito de câmeras, caso ele estivesse em funcionamento no dia crime.
7 de abril (segunda-feira)
A defesa do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá entra com pedido de habeas corpus para o casal junto ao Tribunal de Justiça de São Paulo. Peritos da Polícia Civil concluem que Isabella Nardoni foi espancada e asfixiada dentro do apartamento, antes de ser jogada pela janela do 6º andar.
8 de abril (terça-feira)
Imagens do circuito interno de um supermercado em Guarulhos, na Grande São Paulo, onde Isabella esteve com sua família horas antes de morrer, em 29 de março, são divulgadas. O vídeo mostra Alexandre Nardoni usando roupas parecidas antes e depois da morte da menina de 5 anos.
11 de abril (sexta-feira)
Justiça de São Paulo concede habeas corpus a Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, que são libertados. Há tumulto na saída de ambos das delegacias e curiosos chegam a empunhar pedras. O casal vai para a casa de parentes na Zona Norte da capital paulista.
16 de abril (quarta-feira)
Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá são intimados pela polícia para depor na sexta-feira (18), quando Isabella completaria 6 anos. Exame feito, comparando o DNA de Isabella com o das manchas encontradas no cenário do crime, confirma que sangue em apartamento de Alexandre é mesmo de Isabella.
17 de abril (quinta-feira)
Laudo do Instituto de Criminalística, ao qual a TV Globo teve acesso, diz que a menina sofreu um processo de esganadura durante três minutos dentro do apartamento, o que ocasionou uma parada respiratória. Depois, Isabella foi jogada. A queda ocasionou um politraumatismo, com lesões nos órgãos internos. Segundo a polícia, não havia mesmo uma terceira pessoa no apartamento naquela noite de sábado, 29 de março. A perícia também constatou que a pegada no lençol era do chinelo de Alexandre Nardoni, pai da garota.
18 de abril (sexta-feira)
No dia em que Isabella completaria 6 anos, o pai da menina foi interrogado pela polícia por cerca de oito horas e a mãe visitou o túmulo da menina e manteve o silêncio sobre o caso. Durante interrogatórios, Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá entram em contradição, principalmente sobre horários na noite do crime. Madrasta de Isabella diz desconhecer manchas de sangue de Isabella encontradas no carro do casal pela perícia. Advogado de defesa diz que laudos ainda não são provas no caso.
20 de abril (domingo)
Em entrevista exclusiva para o Fantástico, Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá dizem ser inocentes da morte de Isabella e revelam detalhes da convivência com a menina. Anna Carolina negou ter batido em Isabella. Os dois, porém, não entraram em detalhes sobre os laudos da perícia, que revelam, entre outros detalhes, que as marcas encontradas no pescoço da garota são compatíveis com as mãos de Anna Carolina.
27 de abril (domingo)
Peritos realizam a reconstituição do crime. O trabalho no Edifício London começa por volta das 9h40 e vai até as 17h15. Técnicos simulam, por duas vezes, a queda da menina. Uma boneca com peso e tamanho de Isabella é lançada pelo buraco da tela de proteção, mas não despenca: fica pendurada por cordas.
30 de abril (quarta-feira)
Investigadores protocolam no Fórum de Santana, na Zona Norte, o inquérito e o relatório final com as conclusões da Polícia Civil sobre o fato. O promotor Francisco Cembranelli informa que, junto com o documento, os policiais pedem a prisão preventiva do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, pai e madrasta da menina.
6 de maio (terça-feira)
O promotor do Ministério Público de São Paulo, Francisco Cambranelli, entrega denúncia à Justiça contra o casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá. A denúncia é por homicídio doloso, quando há intenção de matar, triplamente qualificado (meio cruel, impossibilidade de defesa da vítima e para ocultar outro crime). Em entrevista coletiva, ele diz que “ambos mataram” a menina Isabella Nardoni.
Além de homicídio, o casal responde por fraude processual. Segundo o promotor, Alexandre e Anna Carolina alteraram a cena do crime. Cembranelli também deu parecer favorável ao pedido de prisão preventiva feito pela polícia contra o casal.
7 de maio (quarta-feira)
O juiz Maurício Fossen, da 2ª Vara do Tribunal do Júri da capital paulista, aceitou integralmente a denúncia do Ministério Público de São Paulo contra o casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá. Ele também decretou a prisão preventiva do pai e da madrasta de Isabella. O casal se entregou à polícia no início da noite.
11 de maio (domingo)
Ana Carolina de Oliveira, mãe da menina Isabella, concede entrevista exclusiva ao Fantástico. Ela diz que as declarações de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá ao mesmo programa no dia 20 de abril não foram "nem um pouco" convincentes. Ela afirmou que conversava muito pouco com o pai de Isabella e que, por justiça, está preparada para ser testemunha de acusação.
28 de maio (quinta-feira)
Anna Carolina Jatobá e Alexandre Nardoni deixam presídios no interior para serem interrogados pelo juiz Maurício Fossen, no Fórum de Santana, na Zona Norte de São Paulo. A madrasta de Isabella foi ouvida primeiro, e falou mais de três horas. Diante do juiz, ela se emocionou, criticou a polícia e disse que as acusações contra ela são "totalmente falsas".
Já o pai da menina atacou durante depoimento a conduta da Polícia Civil durante as investigações do assassinato. Alexandre disse que foi "coagido" pelos policiais, que o culpavam pelo crime.
17 de junho (terça-feira)
Testemunhas de acusação começam a ser ouvidas pelo juiz Maurício Fossen no Fórum de Santana, na Zona Norte de São Paulo. Entre elas, a delegada Renata Pontes, do 9º Distrito Policial. Ela negou que o casal Nardoni tenha sofrido maus-tratos ou sido coagido por parte das autoridades no dia do crime e tampouco durante as investigações.
Outra testemunha foi Benícia Maria Fernandes, que teria presenciado brigas de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá provocadas por ciúme da madrasta. Ela disse ao juiz que presenciou pelo menos uma tentativa de agressão da madrasta contra o marido quando era vizinha de frente da mãe de Alexandre. Benícia disse que falou à avó de Isabella que ela não deveria deixar a menina ir para o apartamento do casal com Anna Carolina Jatobá no local.
18 de junho (quinta-feira)
No segundo dia de depoimentos das testemunhas de acusação, a mãe de Isabella, Ana Carolina de Oliveira, falou ao juiz Maurício Fossen. Ela confirmou que a família de Alexandre Nardoni se preocupava em não deixar Isabella sozinha com a madrasta Anna Carolina Jatobá. A mãe contou que, quando o pai não estava em casa, a irmã dele, Cristiane Nardoni, costumava dormir no apartamento do casal.
Uma nova informação surgiu durante os depoimentos. O síndico do Edifício London, Antônio Lúcio Teixeira, contou ter sido procurado por um morador do prédio, chamado Jeferson, que relatou ter conversado na noite da morte de Isabella com o menino Pietro, de 3 anos, filho do casal. De acordo com relato do síndico, Jeferson perguntou a Pietro se alguém entrou no apartamento naquela noite. "Não, não", respondeu a criança, que estava bastante assustada. O vizinho ainda indagou: "O que fizeram com a sua irmã?", ao que Pietro teria apenas soluçado, sem nada dizer.
31 de outubro (sexta-feira)
Decisão do 2º Tribunal do Júri da Comarca de Santana manda o casal a júri popular e mantém os réus presos até o julgamento.
15 de dezembro de 2009 (terça-feira)
Juiz Mauricio Fossen, do 2º Tribunal do Júri do Fórum de Santana, marca o júri para o dia 22 de março, às 13h.(Do G1, com informações do SPTV )
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