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segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

A NATUREZA, A POLÍTICA E OS POLÍTICOS - *Osny Araújo



Tenho assistido estarrecido e triste pelas redes nacionais de TVs, o sofrimento de grande parte do povo brasileiro, vitimas de desastres naturais, provocados pela fúria da natureza, que parece querer se vingar dos humanos pela sua destruição, o que vem alterando substancialmente meio ambiente e o clima do nosso planeta. Vocês poderão perguntar. O que esse cara, que só escreve sobre política, quer metendo sua colher nessa história de meio ambiente? A resposta é simples e clara. Meio ambiente tem a ver sim e muito com política e com políticos.
Quem assiste pela TV os políticos visitando os locais de acidentes naturais em várias cidades e estados brasileiros, notadamente Rio de Janeiro, São Paulo, Minas, Paraná e outros, vê logo que tenho razão.
Nesses momentos de sofrimento, desespero e dor de centenas e milhares de brasileiros pobres, que por circunstâncias e falta de oportunidades vivem em locais de risco, sujeitos aos acidentes naturais, vereadores, prefeitos, deputados, senadores, governadores, ministros e até Presidente da República aparecem por lá e como um milagre prometem e arrumam soluções para os problemas.
Porque não procuram agir de forma preventiva, o que evitaria perdas de vidas humanas, prejuízos matérias para quem já tinha tão pouco e imensos gastos de recursos públicos para reconstrução de cidades. Apenas das cidades, porque as vidas, estas, infelizmente são irrecuperáveis. Tudo o que fica é a dor e a saudade para os entes queridos que sobreviveram as tragédias.
Ora. Isso só ocorre por falta de vontade dos nossos políticos, especialmente dos governantes. A verdade é que não existem políticas públicas para ajudar nessa solução preventiva. Com isso, o povo, sem opção e recursos financeiros, vai construindo seus casebres em áreas de risco, nos morros, nas encostas, próximos as nascentes, mexendo com a natureza, que revoltada, dá o troco em forma de acidentes naturais.
Claro, que o ser humano não pode evitar ou impedir que esses fenômenos naturais ocorram, mas, pode impedir que vidas sejam ceifadas. E isso só será possível com a ação das autoridades, ou seja, dos nossos políticos governantes, oferecendo condições dignas para que o povo possa morar como gente, fora das áreas consideradas de risco, com o direito mesmo sendo pobre, ter um sono tranqüilo.
É necessário que os Governos, nos três níveis, invistam com seriedade em políticas públicas como educação e saneamento básico, linhas de financiamentos mais acessíveis e menos burocrática para o campo, equipamentos para uma agricultura mecanizada e com isso evitar as maléficas queimadas, regularização fundiária e tantas outras ferramentas para que a nossa natureza não seja destruída e com isso não nos destrua.
Com uma educação de qualidade, crianças e adolescentes aprenderão a conviver e a respeitar a natureza e certamente o meio ambiente agradecerá e o saneamento básico, evitará a poluição das nossas águas e todos poderemos ter melhor qualidade de vida. Com isso, os filhos que ganharem esses conhecimentos na escola, poderão transformar o modo de vida e de pensar dos seus pais, que certamente não tiveram ao seu tempo essa oportunidade.É preciso criar no seio da juventude, ou seja da turma das escolas uma consciência verdadeiramente ecológica.
É necessário que as expansões urbanas das cidade sejam planejadas com responsabilidade, para que os seus habitantes tenham segurança e que existam mecanismos e políticas para não deixar que as construções ocorram nas áreas de risco.
Remédio para esse mal existe. Tanto existe, que quando os acidentes ocorrem, os governantes chegam lá com discursos bonitos, emocionantes e oferecem as soluções, gastando, talvez muito mais do que seria necessário para evitar que as pessoas vivessem miseravelmente com o risco, em áreas onde a natureza não gosta e não deseja ser perturbada.
Estamos iniciando um ano eleitoral, época de muitas promessas mirabolantes e falácias nos comícios e na mídia eletrônica. É a hora da sociedade prestar atenção nas promessas e nos projetos que serão apresentados, para que a natureza seja respeitada e todos possam viver com tranqüilidade e segurança.
O descaso com essas políticas, não é nenhum privilégio brasileiro. Quase no final do ano passado, assistimos a fracassada reunião internacional sobre o clima em Quioto, não tiveram a mínima grandeza, por isso, nada ou quase nada foi resolvido. As grandes lideranças mundiais presentes ao conclave, todos políticos, preferiram deixar para mais tarde soluções que possam ajudar a humanidade e a natureza, que precisa e deve ser preservada a salvar o planeta.

*Osny Araújo é jornalista e analista político.
e-mail: osnyaraujo@bol.com.br

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