Pesquisar este blog

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Agronegócio: Urgência no Zoneamento Agrícola do AM - * Thomaz Meirelles

A extensa lista de reivindicações nascida nos grupos de trabalho durante a realização do segundo Encontro de Trabalhadores Rurais do Amazonas me faz, novamente, lembrar as autoridades locais sobre a extrema necessidade de possuirmos o zoneamento agrícola de nossas principais culturas, tarefa de responsabilidade da competente Embrapa e parceiros, mas que só pode ser iniciado após o fechamento do ZEE (zoneamento econômico ecológico), que é de competência do governo estadual, e aprovado pela Assembleia Legislativa. Já tive a oportunidade de conhecer parte do que o estado vem desenvolvendo no âmbito do ZEE, podendo afirmar que é um belo trabalho e de difícil execução. Contudo, entendo que a sua imediata conclusão vai proporcionar ao setor primário regional focar nas áreas que ainda poderão ser trabalhadas pela agricultura familiar e, dessa forma, direcionar as ações públicas e privadas em termos de crédito rural, assistência técnica e extensão rural, infra-estrutura, comercialização, entre outras. Caso contrário, continuaremos atirando para os quatro cantos do estado sem, efetivamente, sabermos em que área, em que época e qual produto deveremos cultivar com perspectivas de melhores colheitas. Aliás, tarefa facilitada caso tenhamos implantado o zoneamento agrícola da Embrapa, que viabilizará, inclusive, maior acesso ao seguro rural. Este assunto é de total conhecimento dos técnicos do MAPA/SFA/AM, atualmente sob a gestão do amigo Edivar.

Pará na frente

A assessoria de comunicação social do MAPA divulgou, no último dia três de novembro, notícia intitulada “publicado zoneamento para soja, banana e dendê no Pará”. As três portarias já foram publicadas no Diário Oficial da União significando que as cultivares, as áreas aptas e os períodos com menor risco climático para o plantio das lavouras já foram identificadas no zoneamento agrícola. Trago esta notícia ao leitor do JC para exemplificar o que disse acima e o que desejo para o meu estado. O zoneamento agrícola é sinônimo de informação com qualidade, é sinônimo de segurança, ou seja, de maior acerto na atividade agrícola. Sem este instrumento de apoio dificilmente conseguiremos avançar em busca da criação de um novo modelo econômico capaz de substituir e nos livrar da total dependência do Pólo Industrial de Manaus. Se os parlamentares de São Paulo e Rio de Janeiro conseguirem emplacar a isenção de tributos para as fabricantes de CD e DVD certamente perderemos mais de dez mil empregos. Nesse caso, vejo, novamente, governador, senadores e deputados numa incansável luta em prol de manter nossa exclusividade alegando que o pleito dos demais estados não vai acabar com a pirataria. Pergunto: com tantas oportunidades internas de crescimento sustentável será que não seria mais conveniente melhor estruturar nosso setor primário, pois são infinitas as possibilidades de gerar emprego e renda com a marca “Amazônia”?

Inúmeros entraves

Atendendo convite do secretário de produção rural, Eron Bezerra, participei do II ETAF, ouvindo, atentamente, o relatório final dos grupos formados por agricultores familiares de todos os municípios amazonenses. Apesar dos avanços alcançados desde a gestão do deputado Luiz Castro na Sepror (reestruturação, subvenção das fibras, Idam em todos os municípios, resgate da expoagro) e, nos dias de hoje, na gestão do deputado Eron Bezerra (peixe popular, casa popular, fecularia, asfaltamento de vicinais e indústria de Salgas), as dificuldades relatadas durante o segundo ETAF que inviabilizam uma maior produção na área rural deixam apreensivos até os mais otimistas defensores da soberania alimentar do amazonense. Vi as fotos mostradas pelo amigo e sindicalista, Antonio de Oliveira, e pude constatar que os efeitos da última enchente na produção de cacau de Urucurituba são de impressionar. Foi tudo perdido. Nesse caso, não vejo condições para que o agricultor honre o seu compromisso com a instituição bancária. E agora, quem paga a conta? Entendo que o seguro rural é justamente para esses momentos, mas sem o zoneamento agrícola jamais poderemos ter acesso a esse instrumento.

Eleições de 2010

O governador Eduardo Braga está concluindo seu governo e, quando assumiu, afirmou que desejava criar um novo modelo econômico para o Amazonas através do setor primário. Entretanto, é fato, também, que o nosso modelo econômico continua sendo o implantado no PIM há mais de quarenta anos. Contudo, entendo que o governador Eduardo Braga cumpriu sua missão contribuindo com o setor, ou seja, mostrou que é possível criar alternativas econômicas de crescimento independentes ao PIM. Senão vejamos: resgatou os órgãos envolvidos com o setor rural, concedeu subvenções, fez investimentos, e em parceria com o governo federal vem resgatando o extrativismo e a comercialização. Regionalizou a merenda escolar e os móveis escolares e mostrou que o manejo de lagos e a piscicultura têm um enorme potencial econômico. Em 2010, teremos um novo governador, e o setor primário, unido, tem que cobrar maior “musculatura” para a estrutura criada pelo governador Eduardo Braga e, também, um orçamento mais generoso. Bem, vamos em frente, sempre lembrando a frase do Dr. Eurípedes: “É por aí o caminho”.

* Thomaz A P Silva Meirelles – administrador, funcionário público federal, especialista na gestão da informação do agronegócio. E-mail: superbox@argo.com.br / thomaz.meirelles@hotmail.com

Nenhum comentário: