A MALDIÇÃO DA CASA CIVIL
*Osny Araújo
Desde o início do Governo Lula, já atravessando o final do segundo mandato, o presidente vem lutando e muito com o que pode ser chamado de “a maldição da Casa Civil”, que ao longo do tempo tem criado vários e sérios problemas, ou melhor, escândalos que tem transformado o presidente da República num fantástico bombeiro e dessa forma, vai neutralizando os focos e incêndios que de vez em quando surgem lá pelas bandas da poderosa Casa Civil, que funciona próximo ao seu gabinete, no Palácio do Planalto.
Para não nos alongarmos muito, falando dos sucessivos escândalos no Governo com a chancela da Casa Civil, vamos nos ater aos principais, que deram e está dando muita dor de cabeça ao presidente Lula, que só com carisma, jogo de cintura, prestígio e competência, vai conseguindo salvar o seu Governo de uma catástrofe.
Primeiro, foi o tenebroso “escândalo do mensalão”, que teria sido arquitetado e comandado pelo então todo poderoso ministro José Dirceu, que era deputado federal e tido como o natural candidato à sucessão presidencial e braço direito de Lula no Governo. Esse escândalo, tornando a público pelo cassado deputado Roberto Jefferson (PTB), envolvendo dezenas de políticos e autoridades do PT e partidos aliados, a exemplo do atual, que estamos vendo na mídia, teve também o envolvimento da Empresa Brasileira dos Correios e Telégrafos (ECT).
Esse episódio rendeu CPI, umas duas ou três cassações, inclusive as de Roberto Jefferson e José Dirceu e Lula, passou pelo fogo sem se queimar a ganhou a reeleição, mesmo com muitas evidências que prejudicavam a credibilidade do Governo, ele venceu e bem a reeleição.
No segundo mandato, Lula continuou a apagar incêndios no Governo. Trocou o companheiro (é assim o tratamento dos petistas) José Dirceu pela companheira Dilma Roussef que trocou o ministério das Minas e Energia pela Casa Civil e Lula, na ausência de outras lideranças e nomes fortes dentro do PT para concorrer à presidência da República, partiu para trabalhar o nome de Dilma e começou quando ele a denominou de “madrinha do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), com muito dinheiro e grandes obras para todo o Brasil. Estava a alicerçada a candidatura de Dilma a presidência da República, que seria feita, como foi, a custa da popularidade, do prestígio e carisma de Lula”.
Com a eleição polarizada entre o “tucano” José Serra e a petista Dilma Roussef, a candidata do presidente, navegava bem e transitava legal nos meios políticos, construindo alianças, umas muito esquisitas, mas o barco singrava com bastante tranqüilidade, até que surgiu mais um novo escândalo, protagonizado mais uma vez pela Casa Civil, segundo denúncia da revista Veja, com o vazamento de documentos fiscais da Receita Federal, contra familiares de Serra, já com a famosa Casa Civil, comandada pela “companheira” Êrenice Guerra, em plena reta final da corrida eleitoral, dando muitas esperanças a Serra em virar o jogo nas pesquisas, que em função do Lula e seu carisma, parece que não terá sucesso.
A oposição caiu de pau em cima do Governo tendo como pano de fundo mais esse escândalo, onde mais uma vez aparece o nome dos Correios, envolvendo uma forte agente do Governo, a companheira Êrenice e seus familiares, praticando abertamente o nepotismo que é proibido em lei e articulando uma verdadeira quadrilha dentro da Receita Federal, que teve uma de suas agências transformada em balcão de negócios, com participação quase generalizada, segundo denúncias dos servidores, que comercializavam informações sigilosas. Isso pegou muito mal para o Governo e a ministra Êrenice, dançou, mas, mesmo fora do Governo, espera-se que ela responda pelas suas responsabilidades, ou melhor, irresponsabilidades.
Erenice assumiu o mais importante cargo da República, depois do presidente a nível de Executivo, exatamente em substituição a Dilma Roussef que deixou o posto para concorrer à presidência e entregou o cargo à “companheira”, que era o seu braço direito na Casa Civil, onde funcionou antes de assumir o ministério, como Chefa de Gabinete e conseqüentemente, braço direito da atual candidata do PT a presidência da República. Observe, que ela só passou cinco meses como ministra.
Como se vê, o presidente Lula, desde o primeiro mandato teve sérios problemas com os gestores da Casa Civil, o que certamente tem lhe tirado o sono e aumentando os fios brancos na cabeleira e na barba. São os efeitos negativos e comprometedores da “maldição da Casa Civil”.
Assim como no Governo Collor, tivemos a “maldição da Casa da Dinda, a época residência presidencial, o Governo Lula se vê as voltas com a” maldição da Casa Civil, o que certamente, é muito ruim para um presidente da República, que pelo seu jeitão simples de se comportar, falar e se misturar com o povo, ostenta quase oitenta por cento de popularidade e com o Governo mantendo uma alta avaliação popular.”.
*Osny Araújo é jornalista e analista político.
Blog: osnyaraujo.blospot.com
E-mail: osnyaraujo@bol.com.br
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