Quem de nós nunca ouviu falar no Sermão de Santo Agostinho sobre o Filho Pródigo, a história daquele que saiu de casa, depois de ter usado e abusado de alguns recursos que seu pai lhe doou, no momento em que se encontrava sem dinheiro, não teve outra solução, senão a de voltar para seu lar. Pois bem, essa parábola acontece hoje de forma parecida no futebol brasileiro. Nossos craques são revelados por clubes brasileiros e de imediato, em muitos casos até de forma precoce, são vendidos para o futebol mundial. A história se repete a cada nova temporada do futebol brasileiro, os mais novos exemplos de craques que deixam o nosso futebol na ascendência da carreira estão no eixo RioXSão Paulo. O craque Felipe Coutinho, de apenas 17 anos, foi vendido à Inter de Milão, já o zagueiro André Dias, 30, do São Paulo foi vendido para o Lazio (ITA). O contrato do atleta no novo clube será de três anos e meio, daí a pergunta: será que ao término do contrato, Dias estará de volta pra casa, ou o jogador terá o contrato renovado aos 34 anos?. O que chama atenção agora é o outro lado dessa história, nos últimos anos, não sabemos se pela decadência do futebol individual de cada jogador ou se pelo interesse de ficar mais próximo dos olhos que convocará para a Copa da África, inúmeros são os casos de “Filhos Pródigos” do futebol brasileiro – porque não citar alguns - O Fluminense que tem Frede, ex-Lion da França e Palmeiras, especula a contratação de Ramon, junto ao clube Russo CSKA. O Timão que trouxe Ronaldo, que após inúmeras contusões foi contratado junto ao Milan, já recebeu também Roberto Carlos, o velho guerreiro lateral esquerda da Canarinho. Adriano que veio da Inter de Milão e Vagner Love que veio do CSKA-Russia e passou pelo Palmeiras, agora jogam pelo Flamengo, e porque não falar em Edinho, volante do Lecce (ITA) que vem para o Palmeiras e Robinho que chega para o Santos de Pelé, que fechou sua carreira de craque no clube. Na maioria desses casos podemos dizer: O Velho filho volta à casa do Pai.
A controvérsia se dá quando hoje, nossos grandes clubes, além de trazerem velhos jogadores brasileiros excluidos do futebol exterior e os apresentam como grandes contratações, ainda mateem em seus planteis ou fazem contratações de veteramos extrangeiros como reforços – a exemplo o Flamengo de Petcovit e o Botafogo do Loco Abreu -. Percebe-se ai, porque somos os melhores do mundo apenas como seleção, a superioridade do futebol brasileiro não reina em clubes, em duas décadas aparecem apenas dois clubes brasileiros entre os campeões do mundiais de clubes, São Paulo, que mais se destacou na competição com três títulos e o Internacional, último campeão brasileiro (2006).
Essa história foi escrita de forma diferente no passado, Pelé e Zico principais nomes do futebol brasileiro, brilharam no futebol nacional, se mantiveram no Brasil e somente ao fim da carreira, foram ensinar gringo a jogar bola lá fora. O Rei Pelé, foi para o Cosmo dos Estados Unidos e lá fez voltar a brilhar sua estrela de craque. O Galinho rumou para o Japão e do outro lado do mundo reescreveu sua história no futebol, com um brilhantismo que ainda lhe rende méritos até hoje. Desses astros herdamos as glórias produzidas pela magia do futebol em suas carreiras e tivemos o orgulho de ver, o único futebol tri-campeão do mundo, a época, ser muito bem representado por eles lá fora.
Pena que a história dos velhos filhos do futebol, que voltam a casa do Pai, não é parábola, é a realidade do futebol brasileiro.
*Adauto Silva de Oliveira é correspondente da Rede Amazônica, em, Manacapuru-AM. e-mail: adautosilva@yahoo.com.br
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