Pesquisar este blog

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

LENDAS AMAZÔNICAS - X - UIRAPURU


O nome Uirapuru aplica-se a vários pássaros da mesma família: uirapuru-de-peito-branco; uirapuru-veado; uirapuru-de-asa-branca; e o uirapuru-verdadeiro. Esse tipo de pássaro é conhecido, também, como corneta, ou músico. Entretanto, o termo Uirapuru refere-se ao uirapuru-verdadeiro.
O Uirapuru é uma ave pequena de aproximadamente 12,5cm, de plumagem pardo-avermelhada e bem simples, tendo às vezes, nos lados da cabeça, um desenho branco. Tem bico forte, pés grandes e de comportamento irrequieto, movendo-se rapidamente no meio da folhagem ou do solo.
Pássaro típico da Amazônia raramente visto, pois vive habitualmente na parte mais alta das copas das árvores da selva. Alimenta-se de frutas e insetos.
Durante o ano todo, o Uirapuru canta apenas cerca de quinze dias, pois seu cantar longo e melodioso só acontece para atrair a parceira para o acasalamento e durante a construção do ninho. Cantos que duram de dez a quinze minutos ao amanhecer e ao anoitecer.
O canto do Uirapuru ecoa na mata virgem com um som puro e delicado, como o de uma flauta. Parece ser emitido por uma entidade divina. Quando canta o uirapuru, a floresta silencia. Todos calam para reverenciar o mestre, todos seduzidos pela beleza do seu trinado.
Quem tiver o privilégio de ouvir seu canto, jamais o esquecerá.
Existe a lenda amazônica sobre o Uirapuru. Nos registros existem, basicamente, duas narrativas, entretanto, ambas revelam que a origem do Uirapuru foi a compensação dada pela divindade a um grande sofrimento por um amor de impossível realização.
Uma das narrativas conta que um jovem índio apaixonou-se perdidamente pela esposa do grande cacique da tribo. Incapaz de viver este amor impossível pediu a Tupã para ser transformado em ave para amenizar a sua dor. Desde então passou a cantar à noite uma bela melodia para fazer a sua amada dormir.
O cacique ficou tão fascinado pelo canto que perseguiu o pássaro para prendê-lo. O Uirapuru voou para a floresta e o cacique, na perseguição, nela se perdeu para sempre.
Todas as noites o Uirapuru voltava para acalentar os sonhos do seu amor, esperando, também, que um dia, a índia pudesse reconhecê-lo e despertá-lo do seu encanto.
A outra narra que duas índias muito amigas apaixonaram-se pelo mesmo guerreiro da tribo. A história do amor das duas se espalhou pela aldeia, e os mais velhos resolveram perguntar ao índio qual das duas ele amava. Mais que uma resposta, confessou seu amor pelas duas.
Pelas tradições da tribo não era permitido o casamento com as duas índias e, assim, o conselho de anciões da tribo decidiu: “o guerreiro casaria com aquela que primeiro conseguisse flechar um marreco voando”.
O casamento foi realizado. A índia que perdeu foi ficando cada vez mais triste, pois não suportava a impossibilidade de realizar seu grande amor e a saudade da amiga Procurou um lugar distante e começou a chorar. Chorou tanto, que suas lágrimas se transformaram num riacho.
Inconformada com aquela situação implorou a Tupã para ser transformada num pássaro.
Tupã compadecido atendeu-a dizendo: “de hoje e para sempre serás o Uirapuru. Terás um canto tão lindo e harmonioso que te livrarás de teu sofrimento. Quando cantares a floresta silenciará”
Devido às lendas, uma pena ou um pedaço do ninho, ou o próprio uirapuru, mesmo morto, são tidos como precioso talismã ao amor.
Nesse mundo de desencontros, o homem tornou-se o maior predador do uirapuru-verdadeiro, por acreditar que, por meio dos poderes atribuídos ao pássaro, realizará seus sonhos de amor.
Otexto é baseado em vários sites e em especial shvoong.com/humanities e no livro de João Paes Loureiro "Cultura Amazônica"

Nenhum comentário: