A oposição insistiu, ameaçou, brigou, enfim, conseguiu aprovar no Senado a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), para apurar possíveis irregularidades na Petrobras, a maior estatal brasileira, com competência tecnológica na exploração petrolífera reconhecida internacionalmente.
Como o Governo não conseguiu abortar a CPI no Senado, entrou em cena para dificultar a sua instalação e desde então o queda de braço entre Governo e oposição vem ocorrendo, com o primeiro, querendo a todo custo blindar a estatal nas investigações e o segundo, querendo que a coisa aconteça, tudo em nome da democracia e da transparência
Depois de muito puxa e encolhe, o Governo trabalhou nos bastidores, arrumou as coisas de acordo com os seus interesses, principalmente políticos, até porque estamos em ano pré-eleitoral, finalmente anunciou a sua instalação, com a certeza de que a Petrobras estará inteiramente blindada e os possíveis segredos que possam existir e que poderiam contrariar o Governo, serão preservados.
Alias, não dá muito para entender que tipo de trabalho será desenvolvido pela CPI, considerando ,que a oposição está literalmente engessada e pouco ou nada poderá fazer. Sem força dentro do processo, a oposição não conseguirá produzir nada e no relatório final, ficará o dito pelo não e o Governo com a certeza de que não atrapalhou o processo, uma vez que a sua instalação foi materializada.
Vamos ver como a coisa está. Com as providências tomadas pela tropa de choque do Planalto no Senado, os governistas ficaram simplesmente com a presidência e a relatoria, além da maioria dos seus participantes. Isso significa na prática, que a oposição não terá nenhuma força nesse trabalho investigatório.
Mandando de ponta a ponta na CPI, naturalmente, que todos os requerimentos convocatórios para que pessoas envolvidas com a Petrobras sejam intimadas a depor, as propostas serão derrubadas pela maioria governista na CPI e dessa forma, nada se saberá.
Com essa bem feita blindagem, a CPI funcionará sem nenhuma objetividade, uma vez que só deverão comparecer para depor as figuras que interessarem aos governistas, caso contrário, serão rejeitados pela maioria de votos que a situação detém na formação da Comissão.
Vamos aguardar para ver como a coisa funcionará, mas, pelo andar da carruagem, teremos ao final dos trabalhos da CPI, uma grande pizza com sabor de petróleo e tudo continuará como está. Não vejo como, com o cenário montado, o que se poderá de concreto apurar sobre os negócios e como opera a maior e mais importante estatal brasileira.
Acho, que a tentativa da oposição foi válida, mas a caixa preta da estatal continuará fechada e a sociedade brasileira continuará sem saber, como atua a Petrobras e muito menos como são feitos os seus investimentos e outros altos negócios no campo internacional. Continuaremos, a saber, apenas o que a empresa deseja. Os possíveis segredos, os negócios maus feitos etc. e tal, continuarão escondidos como segredos que somente alguns poucos privilegiados têm acesso e conhecimento. Parece que a coisa funciona como um grande e importante segredo de Estado.
*Osny Araújo é jornalista e analista político.
E-Mail: osnyaraujo@bol.com.br
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