quarta-feira, 29 de julho de 2009
CRISE VAI ENVOLVENDO O PT- *Osny Araújo
Com o presidente Lula, (leia-se PT), continuando a trabalhar pela blindagem do presidente do Senado José Sarney, (PMDB-AP), que fez eclodir uma série de crise na instituição, sendo a última a dos atos secretos, o presidente da República e o seu partido, começam a ser envolvidos na história e isso em ano pré-eleitoral não é nada bom.
Esgotadas todas as condições política e moral para continuar presidindo o Senado, José Sarney, maranhense e senador pelo Amapá, recolhido na sua residência no litoral maranhense, parece alheio a tudo. Não renunciou a presidência da Casa, como queria a oposição e mais tarde parte do PT e só deverá ver o tamanho do incêndio que a crise está provocando em Brasília, quando o recesso terminar, no início de agosto. Até lá, o fogo vai continuar em grandes proporções.
Olhando as eleições do próximo ano e a sucessão presidencial, o presidente Lula, que trabalha pela candidatura da ministra Dilma Roussef, vem se expondo na defesa do indefensável Sarney, hoje, menos do que ontem, mas o estrago já está feito e poderá respingar nos senadores do partido que tentarão a reeleição no próximo ano.
Recentemente, o PT voltou atrás mais uma vez e decidiu, através de um discurso do seu líder no Senado, Aluísio Mercadante, pedir o afastamento do presidente da Casa, contrariando o pensamento do Governo, o que significa dizer, que o PT está dividido entre a vontade do presidente Lula e alguns dissidentes desse comportamento que decidiram pedir a saída do cacique maranhense, que parece estar naufragando politicamente e poderá levar muita gente com ele.
Não satisfeito com o incêndio, o ministro das Relações Institucionais José Murcio Monteiro, a autoridade encarregada de fazer a ponte em o Governo, o Congresso e o PT, tentou desqualificar a ultima posição anunciada da tribuna pelo líder do Partido, Aloizio Mercadante, que voltou a pedir a saída do cacique e essa defesa de Murcio parece não ter sido bem vista por Lula, que não quer mais tanta exposição na defesa do indefensável.
Com o PSDB anunciou pedido de cassação do presidente Sarney, o Palácio do Planalto se apressou e “nomeou” o ministro do Planejamento José Bernardo, como o “bombeiro do Governo” para tentar apagar o incêndio que foi alimentado com a posição de Múrcio, que teria desagradado em muito os petistas que defendem a saída do presidente da Casa, até porque, a maioria deles tentará a reeleição no ano que vem e do jeito que as coisas vão, muitas reeleições estarão em risco. A sociedade brasileira está de olho.
Talvez, quando o presidente Lula resolveu chamar o Partido para apoiar de forma contundente a permanência de Sarney no comando do Senado, com a desculpa de não entregar o cargo nas mãos do senador Marconi Perilo, do PSDB-GO, o presidente Lula, com mestrado e doutorado em política, parece não ter avaliado bem o tamanho da crise, por isso, entrou de cabeça na defesa do senador maranhense e agora, quer se distanciar um pouco do campo minado.
Acho que o presidente Lula demorou muito para sair do raio de ação desse fogo cruzado e certamente, a sua imagem pública, mesmo a despeito da sua empatia com o povo e do carisma que detém o apoio dado a Sarney, desde o primeiro momento, naturalmente maculou um pouco a sua imagem e os reflexos, certamente cairão no colo do partido nas eleições, de 2010.
Vamos ver agora, o que o ministro-bombeiro José Bernardo poderá fazer para abafar um pouco o incêndio, até que Sarney retorne das praias do Maranhão e decida o que fazer, embora, não acredite que vá optar pelo seu afastamento da presidência da Casa, com a certeza, de que tem história para ficar nessa posição e cacife para continuar recebendo apoio de políticos que no passado, ficaram presos a ele por favores recebidos. Coisas da política brasileira.
*Osny Araújo é jornalista e analista político.
e-mail: osnyaraujo@bol.com.br
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