OPORTUNISMO BARATO

                                                                                                                                 *Osny Araújo

Estava disposto a não tratar deste assunto, em face de sua falta de importância para a sociedade, mas diante de tantas baboseiras que tenho ouvido e do comportamento de alguns políticos, como a do vereador Joaquim Lucena, (PSB), resolvi meter minha mão em cumbuca e falar sobre a tão badalada “arrogância” do prefeito Amazonino Mendes, durante uma visita a comunidade Santa Marta, uma das muitas áreas de risco da cidade, onde ocorreram desabamentos e provocou mortes.

Vi pela televisão a visita do prefeito na área, a discussão com a moradora e a conversa com a comunidade, que gostou da visita e das ações anunciadas por Amazonino para resolver a questão de uma vez por todas, cujas providências já estão sendo tomadas pela Secretaria de Assistência Social do Município, que começa a retirar os moradores da área de risco.

O que ocorreu, é que o prefeito foi desacatado pela morada e que o chamou de mentiroso e o responsabilizou pela situação. Foi nesse momento que ele perdeu a cabeça e respondeu de forma ríspida, inclusive, perguntado de onde ela era e ocorreu aquele mal entendido quando ela afirmou ser paraense, ou seja, brasileira e tem direito a viver onde quiser no País. Aí, o prefeito deve ter falado mesmo de cabeça quente e sem pensar sem pensar, por isso, não penso em discriminação aos irmãos do Pará.

Quando o prefeito culpa o povo pela construção de moradias em áreas de risco, está mais do que certo.

Em Manaus estamos acostumados com essas invasões, alias, parece mesmo uma indústria de invasão e em várias oportunidades, os atores desse teatro são os mesmos, que vivem invadindo terrenos para auferir benefícios. A questão é bem complicada e claro, que precisa de uma solução.

Vi o fato como normal, ou melhor, apenas um destempero do prefeito durante a visita, onde a sua figura institucional de prefeito não foi respeitado pela moradora em questão e que hoje vive na mídia nacional.

Talvez, por falta de competência para uma atuação mais digna na Câmara Municipal de Manaus ou até pela falta do que fazer ou ainda para cumprir alguma ordem, o vereador Joaquim Lucena achou o comportamento do prefeito um absurdo e as pressas pediu o impeachment de Amazonino, que deve esta morrendo de medo. Numa pesquisa colocada no ar por um canal de TV da cidade, 80% da população nesse episódio deu razão ao prefeito.

Convivendo profissionalmente com políticos há muitos anos, já vi e ouvi muitos destemperos por parte dessa turma e vou citar alguns como exemplos: Assisti durante uma coletiva no Palácio Rio Negro, o saudoso governador Enock Reis expulsar após esmurrar a mesa um jornalista do seu gabinete no Palácio Rio Negro. No Senado, o ex-senador Artur Neto, da tribuna, disse que ia dar uma surra no ex-presidente Lula. O ex-presidente João Figueiredo disse certa feita que preferia o cheiro dos cavalos do que o do povo e mais recentemente a senadora Marta Suplici, quando ministra do turismo em plena crise aérea, disse simplesmente para os brasileiros que estavam, sofrendo nos aeroportos, que a questão era simples e para resolver o impasse, bastava apenas “relaxar e gozar”. Ninguém sofreu nenhum pedido de impeachment por esses destemperos, o que é normal ao ser humano, diante de determinadas situações.

Torço para que o vereador Lucena, a partir de agora, que já apareceu bem na mídia, possa se ocupar de questões mais sérias e interessantes para a sociedade, especialmente para os seus eleitores que precisam de mais políticas públicas nos seus bairros e de ações mais concretas da municipalidade e não ficar se ocupando com destemperos de autoridades, que não causam nenhum prejuízo a cidade, como foi o caso da discussão do prefeito que começa a trabalhar para resolver a grave questão dos moradores que habitavam a área de risco da comunidade Santa Marta.

Se procurar trabalho vereador, certamente o senhor o encontrará, até porque a cidade está precisando de muitas coisas e cabe aos vereadores, aí sim, aporrinhar o prefeito para que esses problemas sejam resolvidos e não ficar dando trela a um simples bate-boca. (Com publicação simultânea nos sites: noticianahora, amazonianarede, tadeudesouza e blog Jornalismo Eclético).

*Osny Araújo é jornalista e analista político.

E-mail: osnyaraujo@bol.com.br