Pesquisar este blog

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O PRIMEIRO DESAFIO VENCIDO


                                                                                     *Osny Araújo

Houve muito puxa pra lá, puxa prá cá, pressão, falácias, bastidores e a palavra de ordem do Governo era a de aprovar a proposta do Salário Mínimo de R$ 545,00, para que dessa forma, a estabilidade econômica do País não corresse nenhum tipo de risco, especialmente com a volta da famigerada inflação.
 Dilma chamou os aliados e os parlamentares do seu partido, o PT e impôs condições. A vitória nesse primeiro embate político era importante para que Governo mostrasse sua força dentro do Legislativo, mesmo sabendo que essa posição poderia não ser bem vista pelas camadas mais populares e suas lideranças na Câmara baixa do País.
A questão era prioritária para o Governo, por isso o cabo-de-guerra travado com a oposição e com os sindicalistas que desejavam um Salário Mínimo maior, mesmo que isso no futuro fosse prejudicial ao País.
A presidente não abriu mão das suas convicções e do seu projeto e foi para o voto no Plenário da Câmara dos Deputados e nesse puxa e encolhe se deu bem. Mesmo com alguns filiados e aliados pulando fora do barco, como ocorreu com dois deputados petistas e nove pedetistas, Dilma passou incólume pelo seu primeiro embate dentro do Legislativo e o Governo mostrou a sua força para os opositores.
Interlocutores do Planalto não quiseram ainda se manifestar sobre os dissidentes, mas nas entrelinhas ficou claro que é com essa condição que serão tratados, lembrando ainda, que o PDT comanda a Pasta do Trabalho com o ministro Carlos Lupi. É aquela velha máxima - aos amigos os favores e aos inimigos os rigores da Lei.
O fato é que esse primeiro teste de Dilma na Câmara Federal, mesmo tendo ampla maioria, gerou muita expectativa, mas a posição do Governo, defendida com muita convicção, palavras e números a presidente foi vitoriosa, mesmo que o fato possa ter causado alguns leves danos na sua popularidade já apontado nas pesquisas, nada que possa preocupar, uma vez que ela ainda aparece com 50% de avaliação de Governo ótimo ou bom, mesmo tendo substituído no cargo o imbatível Luiz Inácio Lula da Silva.
Além do novo governo ter mostrado a sua força, outro fator importante na discussão naquela Casa Legislativa foi à aprovação do texto-básico do projeto de lei estabelecendo que a política de valorização do Mínimo até 2015 seja determinada pelo Governo através de decreto, o que certamente não agradou nenhum pouco a turma da oposição.
Para se ter uma idéia da importância dessa alteração, caso não haja ventos fortes ou vendavais na economia como se espera o Salário Mínimo em 2012, deverá ser de R$ 616,00. Isso não é nenhum acordo entre Governo e Sindicalistas. É a nova Lei.
Tirar do Congresso essa questão sempre interessante para conquistar votos, pela emoção da discussão de um assunto tão importante e que mexe com os mais pobres, foi à grande vitória do governo na Câmara dos Deputados, ou melhor, a grande derrota da oposição que jogou essa queda-de-braço com a presidente.
Claro que todo mundo quer ganhar mais, inclusive eu, mas essa história de Salário Mínimo é muito complexa até para os economistas, imaginem essa discussão feita por leigos, sem nenhum embasamento técnico ou acadêmico, valendo-se apenas do emocional. É complicado. Essa questão é muito simples para se tirar uma idéia de valores.
O salário mínimo é pouco para quem ganha e muito para quem paga e no caso do Governo, alie-se a isso tudo o caso da Previdência Social e outras coisas mais, como por exemplo, a diminuição da oferta de empregos.
Depois desse primeiro momento, a batalha segue agora para o Senado, onde faz tempo que o Governo não tem vida fácil, mas ainda assim, acredito que o que foi aprovado pela câmara dos Deputados será referendado pelo Senado da República. Lá, a oposição promete jogo duro e vai trabalhar por um Mínimo de R$ 600,00 e já ameaça recorrer a Justiça caso seja derrotada no voto. Vamos aguardar o embate e o seu desenrolar futuro.
As conversações entre os pares já estão sendo entabuladas para que nada saia errado e no final, essa primeira vitória da presidente Dilma Roussef seja materializada de fato e de direito no Congresso Nacional e o Governo possa ganhar mais tranqüilidade para programar as suas ações, contando para isso, com o apoio político da maioria de deputados e senadores. Sem isso, fica muito difícil a governabilidade. (Este artigo tem publicação simultânea nos sites noticianahora, tadeudesouza, amazonianarede e blog Jornalismo Eclético).

*Osny Araújo é jornalista e analista político.
E-mail: osnyaraujo@bol.com.br







Nenhum comentário: