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quarta-feira, 8 de junho de 2011

A QUEDA DE PALOCCI

                                                                                                          *Osny Araújo

Tenho alguns assuntos políticos interessantes do Amazonas para falar, mas resolvi deixar para outra oportunidade e rabiscar um pouco sobre a primeira grande baixa do Governo Dilma antes completar seis meses e isso, sem nenhuma dúvida, deverá ter um grande desdobramento político nos Arrais de Brasília.

Fragilizado moral e politicamente, após a denúncia da multiplicação da sua fortuna por vinte em quatro anos, feita pelo jornal Folha de São Paulo há pouco mais de vinte dias, mesmo blindado pelo Planalto, pelo Congresso Nacional e até mesmo pela Procuradoria Geral da República que determinou o arquivamento do processo de investigação, o então todo poderoso ministro-chefe da Casa Civil Antonio Palocci não resistiu a pressão de Brasília e caiu. Por carta ele pediu demissão do poderoso cargo que exercia no Governo Dilma.

Na verdade, Palocci apesar de todo o poder que lhe foi outorgado, não passava de um ministro moribundo politicamente, face ao seu passado, onde a história não lhe é muito favorável, desde os tempos em que foi prefeito no interior de São Paulo, acho que Ribeirão Preto, onde se viu envolvido por alguns escândalos. Depois veio a história da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, já na qualidade de ministro do Governo Lula e agora a denuncia seu rápido enriquecimento. Como seve, são muitas coisas e como dizia a minha avó, onde existe fumaça tem fogo.

Na verdade o banzeiro que pegou a nau onde viajava Palocci no “mar” de Brasília foi muito forte e contou até com o fogo amigo, uma vez que muitos aliados e até mesmo do próprio partido, não engoliram muito as explicações dadas por Palocci durante a entrevista na TV Globo, onde tentou explicar a multiplicação por 20 da sua fortuna em apenas quatro anos.

Na verdade, a queda de Palocci apesar de aparentemente fortalecer o PMDB dentro do Governo, que não era muito simpático às suas articulações políticos, deverá ser benéfica para o Governo, que poderá viver tempos mais calmos e para o próprio PT que poderá iniciar dessa maneira uma repurificarão, tirando membros do seu seio como o próprio Palocci, os Denúnibus Soares, os Josés Jenuínos e tantos outros que já causaram grandes estragos ao PT, um partido de duas histórias distantes. Uma antes de assumir o Poder e outra no Poder. É como dizia a minha saudosa avó, que em política só existem dois desejos lógicos. Quem está foram do Poder quer entrar e quem está dentro não quer sair, no mais, tudo é mais ou menos igual.

Penso que a mudança na Casa Civil será mesmo salutar ao Governo, por entender que a corrosão da “crise Palocci” ganhou ainda mais corpo quando o ex-ministro tentou explicar na entrevista da Globo a forma do seu enriquecimento, que, diga-se de passagem, não convenceu os seus adversários e até mesmo alguns aliados. O tiro saiu pela culatra.

Devido a isso, a crise ganhou grandes proporções e atingiu ao Governo como um todo, provocando uma grande hemorragia no seu seio e causando desconforto à presidente Dilma, que não teve meios para manter o seu amigo no Poder, mesmo sendo esse o seu desejo e a baixa, servirá pelo menos para apaziguar os ânimos em Brasília, livrar os transtornos que uma CPI para investigar o ex-ministro criaria para o Planalto e outros danos menores morais e políticos para o Governo nestes primeiros seis meses.

Apesar de ver melhores dias políticos para o Governo com a saída do ex-ministro, a fumaça ainda continua a se espalhar, agora com menos intensidade e o Governo já começa a tomar alguns cuidados para evitar maiores conseqüências, até pela orientação de como deverá se comportar a senadora Gleisi Hoffman, do PT paranaense, mulher do ministro das Comunicações Paulo Bernardes que atuará na Casa Civil, mais como gestora, no acompanhamento dos projetos e deixando a parte política para ser feita por outros companheiros.

É possível, que com essa nova visão de Governo e política, a Casa Civil tenha realmente mais tempo para trabalhar no acompanhamento dos importantes projetos do Governo e quem sabe, dar trabalho ao ministro da Articulação José Sérgio, que todos sabem era uma figura nula dentro do próprio Governo, porque os espaços onde poderia realizar ações nas articulações políticas eram inteiramente invadidos e dominados por Antônio Palocci que é graduado em medicina, mas com mestrados em política e articulação.

Ainda com relação à “crise Palocci”, cujas explicações não convenceram a todos, volto a lembrar o que minha avó dizia com base em frases feiras que ela aprendeu em algum lugar. “Meu neto, a mentira além de ter perna curta e manca, anda devagar e alguém pega”. Como certamente a coisa não vai parar com a saída de Palocci do Governo, mas aguardar que um dia a sociedade possa saber realmente como ocorreu esse enriquecimento rápido demais do ex-ministro-chefe da Casa Civil.

Alias, a Casa Civil para um carma para o Governo PT. Primeiro, houve o que houve com o ex-ministro José Dirceu, depois veio a Erenice Guerra e sabemos também o que ocorreu, forçando inclusive o segundo turno para a eleição da presidente Dilma e agora as arrumações do Palocci. É ou não é um carma?(Com postagem simultânea nos Sites: Noticianahora, Amazonianarede, Tadeudesouza e blog Jornalismo Eclético).

Osny Araújo é jornalista e analista político.
E-mail: osnyaraujo@bol.com.br





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