AGRONEGÓCIOS: REGIÃO SUL JÁ PRODUZ AÇAÍ
*Thomaz Meirelles
Em 06 de julho do ano passado, o site www.portalsatc.com publicava matéria com o título “Açaí da palmeira juçara é um super alimento”, inclusive contendo várias fotos da produção de Morrinhos do Sul, no estado do Rio Grande do Sul. É isso mesmo, não estou enganado, é a região Sul entrando nesse promissor mercado mundial. Enquanto isso, continuamos focados quase que exclusivamente na luta pela manutenção do modelo econômico implantado no Pólo Industrial de Manaus e na indicação do comando da Suframa. Eu tenho consciência de que jamais deveremos deixar de lutar pelo PIM, mas o setor primário regional precisa receber tratamento diferenciado, de maior apoio financeiro e de melhor estrutura dos órgãos a ele ligados, pois são infinitas as possibilidades de geração de emprego e renda. Será que vamos perder o mercado do açaí para os estados do Sul? Pelo que tenho lido e visto penso que essa potencialidade pode seguir o mesmo caminho de outros produtos regionais cuja demanda vem sendo atendida por outras regiões do Brasil e do mundo. Como exemplo, posso citar o cacau, borracha, juta e malva. A seguir, apresento trechos da matéria publicada no site acima citado e alguns números da produção nacional.
Santa Catarina, Rio Grande do Sul e o Banco Mundial
“A polpa do açaí é de extrema importância ecológica na cadeia alimentar do ecossistema da Mata Atlântica e também pode servir para o desenvolvimento econômico sustentável da região Norte do Rio Grande do Sul e Sul de Santa Catarina. Por sua relevância ambiental, desde 2009 o Açaí da Mata Atlântica tem o incentivo de um programa de fomento organizado pelo Banco Mundial através de um projeto do Centro Ecológico denominado Produção de Açaí para a Geração de Renda e Preservação Mata Atlântica. Com outros 22 ganhadores da América Latina, Caribe, Ásia e África, este projeto foi selecionado entre 1.800 propostas de todo o mundo em uma competição realizada em Washington D.C. (EUA). Até agora um dos resultados mais expressivos da produção de açaí foi a inclusão da polpa na alimentação escolar de Três Cachoeiras-RS, articulada pelo coordenador do Departamento de Meio Ambiente do município, Sidilon Mendes, com apoio da Secretaria Municipal de Educação”. De acordo com o site www.portalsatc.com o açaí da Mata Atlântica possui: uma das maiores concentrações de antioxidantes; contém proteínas, ferro, potássio, magnésio, vitamina E, antocianinas, tocoferol, ômegas 3, 6 e 9; contém 100 vezes mais antocianinas que o vinho tinto; rico em gorduras monoinsaturadas e poliinsaturadas; reduz o colesterol ruim; previne doenças cardíacas, doença de Alzheimer e perda de visão; protege a pele dos efeitos do sol; previne a celulite.
Açaí, os números da Conab
Em janeiro passado, minha colega de Conab, a analista Elizabeth Turini, responsável pelo acompanhamento da cultura do açaí, apresentou a conjuntura do produto contendo importantes dados sobre produção e mercado. Tratando-se de um produto em que o setor primário amazonense tem total interesse, destaco algumas partes do relato da analista Elizabeth Turini para reflexão dos envolvidos na atividade. “A produção nacional de frutos de açaí em 2009 totalizou 115.947 toneladas, sendo 4,1% menor que a de 2008. A oferta brasileira está concentrada na região norte, especialmente no Estado do Pará, responsável por mais de 101.375 toneladas por ano, com 87,4% da produção nacional e também o maior consumidor. Com os 10 maiores municípios produtores de açaí segundo (IBGE-2009). O mercado está crescendo, mas ainda é muito instável, sobretudo o mercado internacional. A maior regularidade, em termos de demanda, se encontra no nível regional, principalmente no Estado do Pará que possui um mercado muito forte na região norte, decorrente dos hábitos e tradições de sua população. Um problema no centro da cadeia produtiva do açaí: o excesso de intermediários faz com que o grande empresário que exporta o produto para diversos pontos do país e do exterior obtenha lucros desproporcionais, se comparados ao rendimento do agricultor familiar. A comercialização do açaí é distribuída no Pará da seguinte maneira: do total da produção, 20% é consumida na área rural, 40% na área metropolitana de Belém e 30% exportados para o mercado nacional, especialmente Rio de Janeiro e São Paulo. 10% são exportados para outros Países. Não existem números exatos de exportação, mas a produção de polpa de açaí tipo exportação no Pará subiu de 380 toneladas cúbicas em 2000 para 9.400 toneladas no ano 2009, conforme dados do Sagri/PA. Em 20 anos de pesquisas, segundo o Dieese-Pará (Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos), o preço do açaí nunca esteve tão elevado como agora. Nos primeiros cinco meses de 2010 o reajuste acumulado chegou à cerca de 80% com a alta de preço recorde ocorrida no mês de maio/2010 de R$ 3,76/Kg, pago ao extrativista. Esse aumento excessivo deve-se ao aumento do preço do açaí que é em parte, sazonal, mas também devido à maior demanda dos mercados interno e externo”.
Açaí na PGPM Bio
Em 2009, o governo federal incluiu o extrativismo do açaí na Política de Garantia de Preços Mínimos da sociobiodiversidade fixando o preço em R$ 0,69 kg. Portanto, quando o mercado estiver pagando preço abaixo dos R$ 0,69 kg ao extrativista, a Conab está autorizada a pagar a diferença à título de subvenção desde que apresente a Declaração de Aptidão ao Pronaf e o documento fiscal que comprove a venda.
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