MAIS UMA QUEDA NA ESPLANADA
O telhado de vidro do gabinete de Alfredo Nascimento, nos Transportes, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, não suportou uma semana de um forte temporal de denúncias feitas pela Revista Veja e ontem a tarde ele arrumou as tralhas e resolveu entregar o cargo, antes que fosse demitido pela presidente Dilma Roussef. Agora, Nascimento retorna ao Senado compondo a bancada do PR e sai o suplente João Pedro, enfraquecendo a bancada do PT.
O certo, é que em menos de sete meses de Governo o Governo Dilma sofreu duas baixas, Palocci, que deixou a Casa Civil e agora Nascimento que sai do Ministério dos Transportes e essas duas quedas aconteceram em apenas dois meses. Palocci sofreu mais para cair e resistiu um pouco, mas Nascimento não teve fôlego para suportar o elenco de denúncias de corrupção e outras coisas mais no ministério que comandava e resolveu pular do barco, antes que fosse jogado aos tubarões n’agua.
Para quem acompanha a política brasileira, as denúncias feitas pela Revista Veja contra o ministro Alfredo Nascimento e seus asseclas no Ministério dos Transportes, não podem ser vista com novidade. A coisa é antiga e como onde existe fumaça tem fogo, um dia a coisa ir esquentar e como ninguém brinca com fogo, ou sai ou se queima. Como Nascimento foi levando na barriga e não saiu a tempo, acabou se queimando feio.
Na verdade, os seis meses de Governo da “durona” Dilma não têm sido nada fáceis e tudo por culpa do “time” que colocou em campo, liderado por Palocci que já abandonou o jogo e agora por Nascimento que também já está fora. Além disso, a presidente, isso mesmo presidente, vem colecionando revezes e um deles está atrelado ao Código Florestal, onde o Governo não foi bem no Congresso Nacional e foi necessária uma mexida na articulação política do Governo para acalmar as cosias.
Nascimento retornou ao Ministério dos Transportes com as bênçãos do ex-presidente Lula que continua como uma sombra para Dilma, com muita gente importante do time do ex-presidente mandando no Governo, o que certamente não agrada nenhum pouco a presidente, que vai tentando moldar um Governo com a sua cara e não com as feições de Lula.
No caso de Nascimento com relação às denúncias de Veja, a presidente ainda deu um crédito de confiança ao ex-ministro, mas caiu em seguida com as denúncias do enriquecimento meteórico e fantástico do seu filho, arquiteto Gustavo Pereira de Moraes. Aí o bicho pegou e o telhado de vidro de Nascimento na Esplanada dos Ministérios desabou com o forte temporal.
O certo é que o desgaste político de Alfredo Nascimento em Brasília e no Amazonas vinha se manifestando há algum tempo. São as péssimas condições das estradas federais brasileiras, os portos inadequados para o momento e tantas outras coisas mais.
No Amazonas, particularmente, os portos que estão construídos e com obras em andamento nos municípios, deixam a desejar. Obra mal feitas e inadequadas, ao ponto de alguns portos saírem flutuando por aí, como foi o caso de Humaitá e a reforma quase imediata após a inauguração do porto de Parintins, isso para não falar nos tropeços que o ministro deu em relação à recuperação da BR-319, importante rodovia de integração regional, interligando o Amazonas ao eixo-rodoviário nacional.
Todos sabiam que a “batata” do ex-ministro Alfredo Nascimento estava assando há algum tempo, logo, a sua saída do Ministério não pode ser vista como nenhuma surpresa. Agora, a briga vai ficar por conta da presidente Dilma para encontrar um outro nome para compor o Governo, sem ferir a aliança que mantém com o PR, partido presidido pelo senador Nascimento.
No senado, ex-ministro deverá suportar situações desagraveis, num convívio nada fácil com a bancada de oposição, que já falam até em CPI e cassação do seu mandato e ainda pelas presenças dos seus desafetos políticos no Amazonas, Eduardo Braga (PMDB) e Vanessa Grazziotin (PCdoB). Ele terá que demonstrar muita habilidade e jogo de cintura para contornar a situação, nesta fase de baixa astral que vive no momento.
Claro que a situação do Governo neste momento, apesar da firmeza da presidente, não é nenhum pouco confortável em termos de política e de bancada no Congresso Nacional. Brigar com o PR, certamente não deve ser esse o pensamento do Governo, até porque, em política só funcionam duas operações aritméticas – somar e multiplicar e nunca subtrair e dividir, só de vez em quando e o apoio do PR ao Governo é considerado importante.
Para o Amazonas, a saída do Nascimento do Ministério não parece politicamente uma coisa boa. É o Estado que perde um cargo no primeiro escalão do Governo, participando de um Ministério forte como é o dos Transportes. Agora, não adianta chorar sobre o leite derramado e torcer para que essas mudanças que estão ocorrendo no Governo possam trazer alguns benefícios para o Amazonas e para a Amazônia. (Com publicação simultânea nos sites: Noticianahora, Amazonianarede, Tadeudesouza e blog Jornalismo Eclético).
E-mail: osnyaraujo@bol.com.br
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