Osny
Araújo*
Passados sete
anos (2.615 dias) escândalo de corrupção registrado no Brasil, apelidado de
“mensalão”, a Justiça brasileira, através o Supremo Tribunal Federal inicia,
talvez, o maior julgamento de toda a sua história, envolvendo personalidades
poderosas e dos mais diferentes seguimentos, especialmente políticas e
empresariais.
Vamos recordar um
pouco. Tudo começou através de uma entrevista do então deputado (cassado mais
tarde) Roberto Jefferson (PTB), na Folha de São Paulo, publicada no dia 6 de
junho de 2005, tornando público um forte esquema de compra de apoio do Governo
Federal, dando origem ao grandioso escândalo, ainda no primeiro mandato do
ex-presidente Lula, envolvendo fortemente o Partido dos
Trabalhadores.
Estão pautados
para o julgamento trinta e oito réus e isso representa o maior número de réus
envolvidos em um único processo, para o qual já foram ouvidas cerca de
seiscentas testemunhas de acusação e defesa em diversos estados brasileiros,
todos constantes dos autos da Ação Penal composta de mais de 50 mil
páginas.
Será um
julgamento longo, histórico e complicado e no banco dos réus aparecem figurões
do PT, como o ex-ministro José Dirceu, (cassado) que certamente seria o
candidato de Lula a presidência da República, ex-deputado José Genoíno e
políticos de outros partidos e empresários destacados, como o publicitário Duda
Mendonça, o empresário Marcos Valério e ainda o tesoureiro da campanha do PT
Delúbio Soares, que chegou mais tarde a ser expulso do partido, posição essa
hoje reconsiderada.
Não resta nenhuma
dúvida de que a sociedade brasileira, embora um pouco descrente, acompanhará com
muito interesse esse histórico julgamento, sem pensar em cadeia para os futuros
condenados, por serem todos considerados réus primários, mas pelo menos ficarão
com as fichas sujas e fora do processo político eleitoral brasileiro por um bom
tempo.
O julgamento que
começa agora será um paradigma, um marco histórico pára o Brasil e para o
judiciário brasileiro, por isso, o julgamento deverá ser cercado de todos os
cuidados para que essa história seja grandiosa e não se transforme num simples
folhetim.
Vamos torcer para
que os doutos ministros do Supremo Tribunal Federal se portem realmente
compromissados com a Lei e o julgamento, seja feita a luz do direito, e luz
direito, de maneira imparcial, comprometidos apenas com a Justiça.
Segundo alguns
analistas, com os quais concordo plenamente, se o STF resolver absolver em
massa, estará maculando em muito a sua história e a sua credibilidade ficará de
uma vez por todas manchada. Por tudo isso, esse julgamento, já considerado
histórico, está sendo visto como um divisor de águas – antes e depois do
mensalão.
Uma cosia esse
escândalo serviu. Mostrou a sociedade brasileira em relação à corrupção no
Brasil. Não vai acabar. mas com certeza já está servindo de exemplo para que
coisas do tipo mensalão não ocorram mais considerando que hoje
inibidos.
Um grupo de
advogados petistas tentou adiar o julgamento do mensalão, com certeza, temendo
que o fato provoque desgastes e prejuízos ao PT nas eleições municipais de
outubro, mas ficou o dito pelo não dito e o julgamento, felizmente
permanece.
Acho que o PT não
será prejudicado com esse julgamento, até porque, do nascimento do “mensalão”
pra cá, o PT continuou crescendo, não impediu a reeleição de Lula e nem a
eleição de Dilma.
O julgamento não
será político e sim, de políticos envolvidos em corrupção num grande escândalo
envolvendo vários partidos e não apenas o que está no Governo. (Postagem
simultânea nos sites: Noticianahora, Amazonianarede, Tadeudesouza e Blog
Jornalismo Eclético).
*Osny Araújo é jornalista e analista
político.
E-mail – osnyaraujo@bol.com.br.
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