TURISTAS ESTRANGEIROS CATIVADOS PELA
ARTE DA VALÉRIA, NO PA VILA AMAZONIA
Na Valéria, o encontro dos turistas estrangeiros com os moradores assentados é feito de forma simples, mas todos se entendem perfeitamente, sejam os turistas americanos, franceses, japoneses, ingleses argentinos etc.
Nesse encontro interessante, os gestos e mímicas passam a ser as “línguas oficiais” e ao final, todos se entendem os vários negócios são fechados sem maiores dificuldades entre os assentados e os visitantes.
Essa, é a forma utilizada pelos assentados da reforma agrária dessa comunidade na Vila Amazônia, para vender aos turistas estrangeiros a produção variada de artesanato feita com madeira cerificada, além de materiais como cerâmica e sementes de plantas nativas.
Entre os itens oferecidos, há desde miniaturas de barcos, canoas e réplicas de transatlânticos, além de quadros e enfeites com figuras da fauna amazônica e bijuterias.
Situada as margens do lago do mesmo nome, quase ao pé da Serra de Parintins e seus 152 metros de altitude, a comunidade da Valéria é o ponto obrigatório de parada de 80% dos transatlânticos que operam em cruzeiros turísticos pelo rio Amazonas.
Os grandes e vistosos navios ficam fundeados ao largo, e o transporte dos turistas para a terra firme é feito através de canoas e nas chamadas voadeiras e rabetas.
De acordo com levantamentos realizados pela Secretaria de Turismo de Parintins, passam pela Valéria de oito a Del mil turistas por temporada e lá, permanecem entre seis e oito horas, apreciando além das belezas naturais do local, a arte produzida pelos agricultores-assentados e artesãos.
O encantamento dos turistas estrangeiros, ( na sua maioria ingleses, americanos, japoneses, italianos, espanhóis e alemães), é imediato e as vendas fluem com naturalidade e conseqüentemente, gerando bons negócios para esses assentados da reforma agrária, que misturam a agricultura familiar com a arte, num casamento bem sucedido.
“TUDO O QUE EU FAÇO, VENDO”
”Tudo o que eu faço, vendo. Fico só aguardando os gingos chegarem”, diz com entusiasmo Adalberto Nunes Magalhães, 44.
Além de trabalhar no campo, ele tem uma pequena venda e produz entalhes de madeira, vendido, em dólar, durante a temporada.
Sem fazer um cálculo exato de quanto fatura em dólar por temporada, mas afirma que os negócios são bons.
Por lá, as peças de madeira bem m trabalhadas, as mais baratas custam entre 10 e 15 dólares. “As mais complexas e trabalhadas, como as réplicas dos transatlânticos, pode chegar até a 100 dólares, como afirma o artesão Marcelo Neris Xavier, especialista na fabricação de mini-embarcações e partir do molungó, madeira de fácil manuseio e corte macio.
Ele diz que “ o trabalho é lento, mas vale a pena, e sei que as peças que faço vão percorrer o mundo” afirma orgulhoso da arte produzida.
POTENCIALIDADES APROVEITADAS
A assentada Lucilene Costa Franca, 36é outra que a cada ano tem a expectativa de faturar mais dólares com a venda dos entalhes de madeira e das bijuterias feitas com sementes da flora regional (tentos, lágrimas de Santa Luzia e seringa), muito apreciada pelos turistas.“Aqui agente vende tudo – conta – e o melhor é que é tudo em dólar” afirma.
Para Alzira Sena Xavier, 39, os ganhos extras vem com a comercialização de panelas, jogos de chá e café e outros itens em cerâmica. “Entre agosto e março, ninguém fala em Cruzeiro por aqui, só em dólar “ – diz sorrindo, ao confundir o nome da moeda nacional corrente.
CENTRO RECEPTIVO
Em função de todo esse potencial, A superintendência Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, no Amazonas, estuda a possibilidade da implantação de um Centro Receptivo Turístico no local, com restaurante, lanchonete, museus, oficina de artesanato e capacitação.
Tudo isso, segundo fontes do INCRA deverá ser viabilizado por meio do Programa Terra Sol, de apoio as organizações de agricultores assentados e está orçado em torno de R$ 350 mil.
O museu concentrará as peças de arqueologia que já são expostas aos turistas atualmente. É que a comunidade da Valéria está localizada sobre um sítio arqueológico, em estudo pela Universidade Federal do Amazonas.
Os assentados recolhem facilmente as peças em cerâmica produzidas pelos índios tupinabás, maués, parintintin e sapupés, os antigos habitantes da região.
(Esta matéria foi extraída da revista Terra da Gente, editada pelo INCRA de autoria do jornalista Osny Araújo, Assessor de Comunicação do Incra-Am)
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