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sábado, 26 de outubro de 2013

(Amazonianarede - Osny Araújo)

Os mais antigos caminham saudosos e os mais jovens aprendem a direção para chegar ao Mercado Municipal Adolpho Lisboa, o tradicional “mercadão” ou “mercado grande” de histórias da cidade e da vida de muitos que aqui vivem.
O mercado que foi entregue pelo prefeito Arthur Neto como presente no aniversário de Manaus no dia 24, inteiramente restaurado, é um símbolo de uma época áurea da história da cidade, materializado por um complexo arquitetônico dos mais belos e um dos maiores símbolos da história da cidade e de seu povo.
Construção centenária com estilo do velho mundo, o Adolpho Lisboa, após ficar fechado por cerca de oito anos para uma restauração muito dificultada pela “burrocracia”, especialmente pelo Instituto Histórico, finalmente voltou a abrir os seus braços, ou melhor, as suas portas para receber os manauras e turistas e a admiração pelo belo é igual para todos e a satisfação que quem chega por lá é visível.
Os mais antigos chegam a ficar incrédulas com o que presenciam. É o nosso mercado mais que centenário inteiramente restaurado que volta a funcionar para orgulho de uma cidade e de um povo.

Após ter participado da festa de reinauguração, o Portal Amazonianarede, foi ver de perto o segundo dia de funcionamento do “mercadão” e sentiu o prazer e a alegria de permissionários e consumidores, que demonstravam orgulho do local, da beleza da obra restaurada, do bom atendimento e dos cuidados que permissionários e consumidores estão tendo com o belo monumento, pelos menos, até o momento e torcemos para que essa consciência e preocupação perdurem.
Agora, com calma, a reportagem percorreu todos os pavilhões do mercado e conversou com permissionários e fregueses e todos foram unânimes em elogiar a qualidade da restauração da obra, a limpeza do local e a maneira educada como os consumidores são atendidos pelos comerciantes, que agora, inclusive, tem noções de inglês para melhor comunicação com os turistas e dessa forma, oferecer um atendimento mais qualificado num complexo que é um dos grandes pontos turísticos da cidade.
Segundo estimativa feira pelo presidente da Associação dos Permissionários do Marcado Adolpho Lisboa, Fidelis Aguiar, nos dois primeiros dias de funcionamento aproximadamente mais de 130 mil pessoas passaram pelo popular “mercadão”.
No segundo dia de funcionamento calcula-se que apenas 30% dos boxes funcionaram, mas a movimentação dos permissionários para colocar as mercadorias e iniciarem os trabalhos de atendimento ao público com as vendas é intensa e dentro de mais alguns dias, os próprios comerciantes garantem que o comércio no Adolpho Lisboa estará funcionando a plenamente.

Início tranquilo

Neste início de arrumação dos boxes por parte dos 182 permissionários, o administrador do mercado, Clodoaldo Servalho, garantiu que o trabalho se desenvolve com tranquilidade e dá para notar a grande satisfação dos comerciantes dos mais diferentes seguimentos.
Servalho, disse ainda que o Adolpho Lisboa deverá num futuro próximo, uma vez que ainda depende de licitação de dois restaurantes com qualidade turística, sendo um em cada torre, “mas isso ainda não podemos adiantar quando entrarão em funcionamento” – afirmou.

Disse também que algumas coisas ainda estão sendo providenciadas, como por exemplo, ligações elétricas internas para os equipamentos, mas dentro de pouco tempo, tudo entrará em pleno funcionamento e anunciou ainda para esta semana alguns permissionários já começarão a trabalhar nos pavilhões do pescado e carne.
Setores
Com a restauração, surgiu uma forma mais dinâmica na arrumação dos boxes e com isso, os consumidores que forem às compras no Adolpho Lisboa, terão mais facilidade em localizar os pontos das compras, uma vez que tudo passou a ser setorizado.
Por exemplo, as duas praças de alimentação ficam em locais distintos, uma de cada lado, quem trabalha com horti-fruti, estivas e cereais, estão todos juntos num ponto só, o mesmo acontecendo com os permissionários que trabalham com artesanato, ervas medicinais, mingaus regionais, carne e pescado, o que certamente facilitará em muito o trabalho dos compradores.
Os comerciantes gostaram da inovação e garantem que tudo ficará mais fácil para os frequentadores do mercado que não precisarão andar de um lado para do, pois as compras, de acordo com o tipo, serão feitas num conglomerado e isso facilitará muito as coisas tanto para os comerciantes como para os consumidores, pois caso o que deseja não tenha num boxe basta se dirigir ao vizinho e tudo estará resolvido.

Movimento

Com todos os permissionários que a reportagem conversou os elogios as obras de restauração do mercado que é um dos mais importantes pontos turísticos da cidade, foram elogiadas e a organização dos boxes, a segurança e tudo mais que exista foi enaltecido pelos comerciantes que ficaram cerca de oito anos longe do seu antigo local de trabalho e aproveitaram a oportunidade para agradecer ao prefeito Arthur Neto pela reinauguração do mercado e não pouparam críticas aos problemas provocados pela burocracia e em especial, ao Patrimônio Histórico, que segundo eles, foi o grande responsável pela demora na restauração. “Agora, tudo isso graças a Deus” - afirmaram.

Seu Adalberto Santos, que passou um longo tempo trabalhando na calçada do mercado, está feliz da vida com a sua reabertura e garante que o movimento mais do que triplicou nestes dois primeiros dias de funcionamento.
Ontem, parei com a minha venda de mingau as 09h30min, pois as cinco panelas produzidas acabaram cedo e agora, só à tarde.
Adalberto trabalha com a venda de vários tipos de mingaus regionais, destacando o mungunzá, tapioca e banana e garante que os campeões de vanda são os mingaus de banana e mungunzá. “Se você tivesse chegada mais cedo um pouco, poderia fotografar a fila de gente a espera de ser servida com mingau e isso é muito bom, graças a Deus”.
Renato Marinho trabalha com a venda de produtos naturais, como pão integral, castanhas, fibras etc. É outro que está rindo com as paredes com o retorno ao antigo local de trabalho. “Está tudo muito bom e todos nós estamos de parabéns pela reabertura do nosso mercado Adolpho Lisboa. O ambiente está espetacular, a higienização está impecável, a segurança está presente e o mais importante para nós, o movimento está muito bom. O público está satisfeito e nós também e agora, é zelar para que o nosso mercado continue bonito, limpo e acolhedor para manauras e turistas” – afirmou.
Com 35 anos trabalhando como permissionária, d. Adelaide Pereira da Mata, era só alegria e entre o atendimento de um freguês e outro, conversava com a reportagem e fazia questão de demonstrar a sua alegria e o orgulho de trabalhar naquele ponto histórico e turístico de Manaus.

Ela trabalha com ervas medicinais e com os famosos remédios in atura da região, como óleos de copaíba, andiroba, banha de tartaruga, de sucurijú e mais uma variedade de produtos. “O que posso dizer amigo, é que eu não, mas todos nós que trabalhamos aqui estamos muito felizes com a reabertura do mercado e com as vendas que estão de vento em popa” – diz sorridente. tigo permissionário do “mercadão”.
“Coisa mais linda”
Seu Antonio Mattos, com dois tês como fez questão de afirmar, é só alegria e orgulho. Com mais ou menos 80 anos, garante que é o mais antigo permissionário do “mercadão” onde atua a 50 anos, substituindo a sua saudosa mãe, d. Maria Mattos.
Entre o atendimento de um e outro freguês com vendas de medicamentos regionais, como o famoso “Viagra da Amazônia” in natura e licores com sabores da região, seu Mattos se gaba ainda de ser um bom dançarino do Carrossel da Saudade.
“Amigo, estamos muito felizes, nós que trabalhamos neste local. Para falar a verdade, foram oito anos de muitos sacrifícios e sofrimentos, mas agora, tudo passou. Está tudo muito bem e ainda vai melhorar muito mais, se Deus quiser”.

Mais adiante afirma que tudo parece ,inacreditável o retorno ao velho local de trabalho. “Isto parece um sonho”. “Não sei se acreditava ou não que um dia voltaria a trabalhar aqui, ainda bem que aconteceu e pude estar vivo para presenciar este grande momento”.

“Vitória do povo”

Fechamos esta série de entrevistas com permissionários com o presidente da Associação da categoria, Fidelis Aguiar, que tem apenas 24 anos de trabalho no tradicional mercado. “Meu amigo, estamos orgulhosos e vivendo um sonho maravilhoso, que é retornar a nossa antiga casa, agora completamente restaurada. É uma verdadeira beleza e que certamente será um dos principais pontos turísticos da nossa cidade”.
Garantiu que a reabertura do Adolpho Lisboa completamente restaurado é uma vitoria para o povo amazonense. “ Temos muito a agradecer ao prefeito Arthur Neto que não mediu esforços para devolver o mercado ao povo de Manaus e seus visitantes”.
Frisou também que apenas cerca de 40% dos 182 boxes já estão funcionando, mas garantiu que dentro de pouco tempo todos estarão abertos e com muitas mercadorias a disposição do grande público.
Fez questão de dizer, que aos poucos os permissionários vão se adequando ao novo espaço e alguns pequenos problemas começam a ser solucionados, considerando que são poucos e naturais numa mudança tão grande e garantiu que eles mesmos podem resolver.
Para finalizar a sua participação nesta matéria, Fidelis Aguiar ressaltou que no primeiro dia de funcionamento o mercado que iria ficar aberto até às 18 horas, só conseguiu fechar as portas às 22 horas e afirmou que nesse primeiro dia, mas de cem mil pessoas passaram pelo tradicional e mais importante mercado de Manaus.

Orgulho e satisfação

O Portal Amazonianarede conversou também com vários visitantes e consumidores e todos só tiveram palavras de elogios ao Mercado Municipal Adolpho Lisboa que após um período de oito anos reabriu suas portas a população inteiramente restaurado.
D. José Pereira Mendonça, (52) estava com a neta de 14 anos comprando artesanato e era só alegria em retornar a um ponto que sempre gostou de visitar e a neta, também achou tudo muito bonito.
Seu Antonio Azevedo, (56), saboreava um mingau de banana e jurou que estava com muita saudade do mercadão. “Graças a Deus estou de volta a este local belo e acolhedor e espero, que os permissionários e nós, o povo, zelemos por este grandioso patrimônio da nossa cidade”.
“Estou muito feliz e orgulhosa em ver que o nosso tradicional mercado voltou a funcionar. Foram tantos anos fechado que até parece um milagre, mas valeu a pena esperar todo esse tempo. Está tudo muito bonito” – garantiu.
Trânsito estressante
A grande reclamação para quem vai às compras ou apenas visitar o mercado está inteiramente relacionada ao trânsito, que na área é absolutamente estressante, com o sistema travado e pela falta de estacionamento.
O carro da reportagem passou mais de 45 minutos se deslocando milimetricamente para conseguir um local para estacionar, por isso, a melhor opção para se chegar com tranquilidade e sem estresse ao Adolpho Lisboa, ainda é o sistema de transporte coletivo.

O fato é que imediações do mercado a desorganização do trânsito é absoluta, isso tudo aliado ao mau comportamento dos pedestres, que ficam se metendo entre os carros e com a nefasta colaboração dos carregadores que ajuda e muito a tumultuar o sistema.
Com relação a estacionamento, o administrador Clodoaldo Servalho, frisou que existem dois pátios, um que fica ao lado do pavilhão da carne, próximo a Capitania dos Portos e outro na Av. Lourenço Braga, pela chamada Manaus moderna.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013


(Amazonianarede - Osny Araújo)
Foto: Sandra Monteiro
 
Após oito anos fechado para uma ampla reforma, enfrentando problemas de recursos financeiros, com o Patrimônio Histórico e de vontade política, o prefeito Arthur ao assumir o cargo no dia 1º de janeiro deste ano, prometeu que daria de presente a Manaus, ao seu povo e aos visitantes, a reabertura do mercado municipal Adolpho Lisboa, patrimônio histórico de arquitetônico da cidade, no dia do aniversário de Manaus e a promessa foi cumprida.
O “mercadão” como é conhecido foi reinaugurado e já está funcionando a pleno vapor e a promessa de Arthur foi cumprida à risca.
 
Fogos, música e muita animação marcaram a solenidade, que segundo estimativa da Polícia Militar do Estado, contou com a participação de um público superior a quatro mil pessoas.
 
O fato é que a festa de reinauguração do Adolpho Lisboa, deixou muita gente emocionada, isto porque, recorda a infância e fatos importantes na passagem das vidas de milhares de amazonenses, que agora, se sentem recompensados com a reabertura do belo patrimônio na cidade, que começa a ter a sua historia resgatada para o bem de todos e felicidade geral dos manauaras.
 
Desde as primeiras horas da noite, ou melhor, no final da tarde, o público começou a chegar nas proximidades do mercado e todos demonstravam muita satisfação em vez o belo patrimônio resgatado no dia do aniversário da cidade e muitos, não faziam questão de esconder a emoção, especialmente os moradores mais antigos de Manaus e os turistas que por lá apareceram, reconheceram a beleza arquitetônica da obra.
 
A segurança do evento foi perfeita, contando com a participação da Polícia Militar do Estado, da Guarda Municipal e do Manaustrans no ordenamento do trânsito que foi fechado nas ruas próximas ao mercado.
 
Discurso emocionado
 
O prefeito Arthur Neto que chegou ao local acompanhado do governador Omar Aziz, num discurso emocionante, destacou a importância desse resgate histórico para a cidade de Manaus no que em dia comemora 344 anos. Garantiu, que com isso foi dado o primeiro grande passo para o completo resgate do centro histórico da cidade.
 
No emocionado discurso, Arthur frisou que “quem não tem centro histórico, não tem identidade e aos poucos chegaremos aos bairros”, comentou. “Temos entendimento que Manaus virou um canteiro de obras, são mais de 35 quilômetros de via recapeados em bom estado, com padrão e estilo. É o melhor que podemos ter, é o respeito pelo dinheiro público”.
 
O prefeito afirmou que o “mercadão” retorna as suas atividades na forma original e frisou que . “os permissionários estão recebendo apenas a justiça que merecem e eu estou honrado em ser na nossa administração. Este aniversario é muito simbólico, Manaus vai se acostumar com coisas boas e os habitantes a valorizar os imóveis daqui”.
 
Ratos & ratos
 
Também emocionado, o governador Omar Aziz discursou no evento e apelo pela preservação do belo e valioso patrimônio da cidade.O governador Omar Aziz chamou atenção do público para a necessidade de preservar o patrimônio.
 
 “Vamos preservar este presente, manter como recebemos e evitar tantos ratos animais quanto os ratos que queiram denegrir a cidade”, afirmou. “Esta obra marca a reconstrução de Manaus. A praça da Matriz também passa por recuperação e, em breve, faremos o mesmo com a dos Remédios”- disse o governador.
 
Em seguida, foi exibida para o público a 'Memória Encenada', que narra em sete minutos a história de Manaus e do mercadão com a participação de coral.
 
A solenidade oficial de descerramento da placa de reabertura do Mercado Municipal Adolpho Lisboa foi antecedida pela apresentação do Hino de Manaus e seguido por queima de fogos.
 
A programação seguiu com a apresentação de Paulo Marinho e Gonzaga Blantez. O evento contou ainda com o show da banda Amazônia Pop, da cantora Márcia Novo.
 
"Teremos 24 horas de programação cultural para celebrar a entrega do nosso mercado e esperamos o público para prestigiar", disse o titular da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult), Bernardo Monteiro. "São esperadas mais de cinco mil pessoas".
 
À meia-noite, a Orquestra de Beiradão do Amazonas (OBA), junto com os cantores Zezinho Correa e Márcia Novo, assumiu o comando da festa para o 'Parabéns a Manaus', com direito a novo show pirotécnico, com oito minutos de duração. A partir das 5h, foi servido um mingau aos presentes.
 
Mingau de banana
 
Uma das tradições do Mercado é o mingau de banana. Antigamente, os manauaras tinham o costume de, pela manhã, ir até o mercado só para tomar o mingau e devem retomar essa cultura.
 
"Uma coisa que cobrei muito é que quando abríssemos as portas do Mercado com a restauração é que voltasse também o hábito do bom e velho mingau de banana. Não sou muito chegado a coisas doces, mas hoje tudo vale", finalizou o prefeito.
 
Hoje, o funcionamento do mercado Adolpho Lisboa é normal e muita gente deverá passar pelos boxes para matar a saudade, fazer comprar, encontrar velhos e amigos e porque não, saborear o tradicional mingau de banana.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013


(Amazonianarede - Osny Araújo)
 
Manaus, a cidade morena, para muitos, a Paris dos trópicos para outros, pela influência que sofreu logo no início da sua história por países do velho continente, a capital amazonense, a maior e mais rica da Amazônia brasileira, banhada pelo caudaloso Rio Negro à sua margem esquerda, de clima tropical forte, administrada no momento pelo prefeito Arthur Neto (PSDB), está festejando amanhã, 24 de outubro, 344 anos de fundação.
 
Segundo antigos historiadores, as primeiras construções na cidade ocorreram de fundos para o Rio Negro, a exemplo do mercado Adolpho Lisboa, por isso, afirmam que ela nasceu de costas para o rio e hoje caminha de frente para o futuro. Com esta matéria, o Portal Amazonianarede presta a sua homenagem a metrópole histórica e verde da Amazônia e de muitas recordações.
 
Manaus do Palácio Rio Negro, Praia da Ponta Negra e seus arranha céus, do Parque do Mindu, da Zona Franca, do Rodway, da Arena da Amazônia, dos luxuosos e sofisticados condomínios, do Mercado Municipal Adolpho Lisboa, que após anos de reforma que amanhã (24), será reinaugurado, do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, da Ponte Benjamim Constant, da chegada da luz elétrica, dos balneários do Parque 10, da Cachoeira do Tarumã e Ponte da Bolívia e Parque 10, do Parque Amazonense, do clássico Rio X Nal, do Encontro das Águas que inspirou o poeta cearense Quintino Cunha, para uma das suas mais belas poesias, do Comando Militar da Amazônia, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, da Maloca dos Bares, palco de shows inesquecíveis, do SIVAM E SIPAM, Hospitais Beneficente Portuguesa e Santa Casa (hoje um prédio abandonado), dos colégios Pedro II, D. Bosco e IEA e do centenário Jornal do Commercio e Radio Baré, cujo primeiro nome foi Baricéia.

Recordamos ainda da chegada do bonde elétrico, dos extintos restaurantes Chapéu de Palha e Gabriela, dos cines Odeon, Avenida, Politheama e Guarany, Hotel Amazonas, um dos seus primeiros arranha-céus, que hoje funciona como centro comercial e de escritórios, do Hotel Tropical, das construções centenárias com estilo europeu, Matriz de Nossa Senhora da Conceição, dos igarapés que cortam a cidade, das palafitas e da extinta cidade flutuante, do terreiro da Mãe Joana, além da culinária cabocla, a base do pescado à cozinha internacional, das festas que eram realizadas nos tradicionais clubes da cidade, como Barés, Nacional, Rio Negro, Olímpico e das famosas manhãs de sol do Luso Sporting Club e União dos Estudantes do Amazonas (UESA), São Raimundo entre outras.
Lembramos também, dos bares do Armando, freqüentado por intelectuais e pseudos e Jangadeiro, ponto de encontro dos mais humildes que caminham pelas redondezas do mercado Adolpho Lisboa, das batalhas de confetes na Av. Eduardo Ribeiro, do Arraial da Vila Municipal, Festival Folclórico no estádio General Osório, da boneca carnavalesca Kamélia, do Olímpico Club e tantas outras coisas desta terra de um povo hospitaleiro e acolhedor e do rico e variado folclórico, ainda sonha com um futuro melhor, com mais ordenamento, transito com maior fluidez, mais segurança, educação, saúde pública, em fim, mais condições de vida para os seus habitantes e visitantes.
A cidade, mesmo com todo o crescimento urbano que experimenta, ainda preserva o charme da arquitetura parisiense, característico das obras realizadas no início da sua rica história.
 
Contrastes da cidade
 
Cidade plantada a margem esquerda do Negro, em meio à selva amazônica, que ainda não é totalmente arborizada, tem muitos contrastes, como alguns que a partir de agora enumeramos aqui. No futebol, as maiores torcidas são para os clubes cariocas, talvez pela falta de organização e gestão do nosso futebol.
 
Aqui temos também o chamado Plano Inclinado, o bairro de Aparecida, tem como padroeira Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e as novenas em louvor a Nossa Senhora do Perpetuo Socorro, são celebradas as terças feiras na Igreja de Aparecida.
A cidade abriga o bairro das Flores, onde não existem ruas ou praças ajardinadas e nenhuma floricultura, isso para não falar na Igreja de Santo Antonio, apelidada de capela do pobre diabo, no bairro da Cachoeirinha e na Praça dos Remédios, onde não existe nenhuma farmácia ou drogaria.

O bairro de Aparecida, tradicionalmente habitando no seu início por portugueses, tem como padroeira uma santa negra, a padroeira do Brasil, Nossa Senhora de Aparecida e a Praça 14 de Janeiro, berço de sambistas e onde no início foi habitado por milhares de negros, sem nenhum laço com Portugal, tem como padroeira uma santa portuguesa, Nossa Senhora de Fátima.
Apesar de ser banhados por um dos maiores rios de água doce do mundo, vários de seus bairros periféricos ainda não são servidos por uma rede de água encanada. Este talvez seja um dos seus piores contrastes.
 
Um passeio pela história
 
 
Para comemorar os 344 anos de Manaus, vamos fazer um ligeiro passeio pela sua história, relembrando um pouco da Manaus mais que tricentenária famosa por ser considerada a Paris dos trópicos.
Iniciamos o nosso passeio, recordando os tempos áureos da borracha, ocorrido nos século XIX e dar uma grande caminhada pela sua história é talvez a melhor maneira de comemorarmos os 344 anos da capital do Amazonas.
Famosa por ser a ‘Paris dos Trópicos, Manaus oferece ao público uma eclética história, que recorda os tempos áureos vividos com a ascensão da borracha na capital – séculos XIX e XX, quando a cidade respirava usos e costumes europeus, especialmente Paris, tempo também, conhecido como “Belle Epoque”, escrita por vários famosos historiadores.

O tempo passou o desenvolvimento, aliado ao progresso e ao modernismo, chegou mais não tirou o seu lado caboclo de ser, embora hoje seja uma das grandes metrópoles brasileiras.
 
Cíclo da Borracha
Ninguém pode falar de Manaus sem dedicar um capítulo especial ao ciclo da borracha, que entre outras coisas, protagonizou o primeiro movimento migratório para o Amazonas, todos fascinados pelo látex, também conhecido à época como “ouro branco”, extraído das nossas florestas, com uma grande participação dos irmãos nordestinos, especialmente do Ceará, considerados” soldados da borracha”.
 
Na metade do século XX, um surto de desenvolvimento tendo como base essa preciosidade das nossas florestas, especialmente da região do rio Purus, provocou uma grande revolução no desenvolvimento da cidade e aqui se estabelecia entre outras coisas importantes, um jornal impresso, sistema de abastecimento d’água, telefone e chegava também à luz elétrica e o bonde.
 
Ainda naquele período, a aniversariante de hoje se transformava no centro econômico do País e tudo graças ao chamado leite da seringueira, que mais tarde, “migrou para a Ásia” e a economia amazonense e Manaus entraram em profunda decadência e o seu declínio foi absoluto e por muito tempo, sobrevivendo à duras penas nesta Amazônia fantástica, longe dos grandes centros, ou seja, no mais completo isolamento.
 
Charme parisiense
 
Apesar do modernismo, a cidade ainda insiste em preservar o charme da arquitetura parisiense, característica de grandes e monumentais obras realizadas naquele longínquo período áureo, tais como o Palácio da Justiça, o Teatro Amazonas, o Palácio Rio Negro, a Igreja de São Sebastião, a Alfândega e outros, ocorrido já após o século XX.

Quando o Amazonas e Manaus começaram a perder a hegemonia da borracha e sua economia definhou, aos poucos a cidade transformou-se num porto de lenha, como diz muito bem a musica do jornalista e amigo Aldizio Filgueiras e Cilene, intitulada “Porto de Lenha”, até que no Governo Militar do saudoso presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, através do Decreto-lei 288, de 28 de fevereiro de 1967, implantou a Zona Franca de Manaus, e a partir daí, começou um no novo ciclo na sócia-economia do Estado e a cidade voltou a respirar aliviada, gerando empregos no comércio, indústria e serviços e cidade começou a uma grande massa de migrantes, que para cá vinham em busca de oportunidades de trabalho.

Esse modelo de desenvolvimento, foi idealizado pelo então a deputado federal pelo Amazonas, Francisco Pereira da Silva , através da lei 3.173 de 6 de junho de 1957, ou seja, dez anos após a aprovação da lei, o modelo foi implantado.
A partir daí, a cidade começou a ganhar shoppings, luxuosos hotéis, universidades particulares e outros equipamentos necessários ao bom funcionamento de uma metrópole e dessa forma, começou uma grande expansão horizontal e vertical e como tudo tem mão e contramão, surgiram também às favelas e a proliferação das palafitas de forma bem desordenada, fruto das invasões que a cidade sofria naquele momento, com muitos desses problemas, perdurando até os dias atuais, como a violência urbana.

Retornando aos velhos tempos, vale ressaltar que o Largo de São Sebastião é considerado um dos mais valiosos patrimônios históricos da cidade e engloba a Praça de São Sebastião, juntamente com o Monumento de Abertura dos Portos do Amazonas ao Comércio Mundial (1866), o Teatro Amazonas (1896), a Igreja de São Sebastião (1888), Núcleo de Artes Plásticas do Centro Cultural Cláudio Santoro, Casa J.G Araújo, Casa do Restauro, Casa Ivete Idiapina e a Casa das Artes.
 
Cultura e lazer no largo
 
O Largo acolhe todos os tipos de atividades, desde o ambiente calmo de uma praça, alimentação de boa qualidade e diversas manifestações culturais.

Muitos artistas de rua se apresentam pelo espaço e o público não precisa pagar nada por isso, apenas curtir uma boa música ou, quem sabe, uma performance teatral gratuita.
Há opções de lazer para adultos e crianças, normalmente a programação cultural começa nas noites de sexta-feira e seguem até domingo, além disso, há o passeio de charrete, onde estão disponíveis ao público duas charretes que fazem um tour pela história de Manaus.
Aos sábados e domingos, a partir das 17hr, ocorre o ‘Cinema no Largo’, onde há apresentação de filmes infantis. Para os adultos há a programação do ‘Cinemantigo’, a partir das 19hr, transmitindo filmes clássicos de grandes nomes da história do cinema mundial.
Há épocas do ano em que o Teatro Amazonas oferece o Festival de Ópera e o Amazon Film Festival, onde muitos espetáculos são realizados em torno da praça, também com a participação de grandes artistas nacionais e internacionais durante esses eventos culturais.
 
O lugar também oferece várias opções para os amantes de refeições rápidas com restaurantes, lanchonetes e até mesmo quiosques especializados em comidas regionais, como pirarucu de casaca, caruru e o famoso tacacá, sem esquecer o açaí com guaraná.
 
A primeira faculdade
 
Coube a nossa mais que tricentenária Manaus, o privilégio de instalar a primeira faculdade brasileira.
A Escola Universitária Livre de Manáos teve origem no Clube da Guarda Nacional do Amazonas, entidade fundada em 5 de setembro de 1906, e cujos Estatutos, publicados no ano seguinte, previam a criação de uma escola prática militar.

O Clube da Guarda tinha, entre outros objetivos, o de fomentar o desenvolvimento profissional de seus associados e cultivar as ciências auxiliares da arte da guerra, além de criar uma escola prática militar.

O que era aspiração máxima do Clube da Guarda Nacional somente se concretizou em 10 de novembro de 1908 quando foi criada em Manaus a Escola Militar Prática do Amazonas.
A Escola mantinha apenas dois cursos um preparatório e outro superior, ambos destinados à instrução militar de oficiais da Guarda Nacional e de outras milícias.
Os cursos, porém, eram abertos a qualquer brasileiro. Naquele mesmo ano, a Escola passou a chamar-se Escola Livre de Instrução do Amazonas.

Menos de um ano depois, em 17 de janeiro de 1909, a Escola de Instrução Militar do Amazonas se transformava na Escola Universitária Livre de Manáos.
 
De acordo com seus Estatutos, elaborados e apresentados pelo tenente-coronel Eulálio Chaves, a Escola deveria manter os cursos das três armas, segundo o programa adotado para as escolas do Exército Nacional.
 
Fora os cursos de instrução militar, também seriam ministrados os cursos de Engenharia Civil, Agrimensura, Agronomia, Indústrias e outras especialidades; Ciências Jurídicas e Sociais, bacharelado em Ciências Naturais e Farmacêuticas e Letras. Outros cursos deveriam ser criados posteriormente, com preferência o de Medicina.

Dirigida em seu primeiro ano pelo Dr. Pedro Botelho (1909-1910) e, posteriormente, pelo Dr. Astrolábio Passos, (1910/1926) a Escola Universitária instalou seus cursos em 15 de março de 1910, em sessão solene presidida pelo governador do Estado Antônio Clemente Ribeiro Bittencourt. Em 13 de julho de 1913, a Escola Universitária muda de nome, passando a chamar-se Universidade de Manaus.

A experiência bem sucedida da primeira universidade brasileira durou somente 17 anos, sendo ela desativada em 1926. A partir daí, passaram a funcionar como unidades isoladas de ensino superior, mantidas pelo Estado, as Faculdades de Direito, Odontologia e Agronomia.
Com a extinção das duas últimas, poucos anos depois, restou apenas a Faculdade de Direito, que formou os primeiros bacharéis em 1914, e foi incorporada pela Universidade Federal do Amazonas. Esse elo histórico entre as duas instituições testemunha e revalida a atual Ufam como a mais antiga universidade brasileira.

Criada pela Lei Federal 4.069-A, assinada pelo presidente João Goulart em 12 de junho de 1962, a sucessora legítima da Escola Universitária Livre de Manáos, a Universidade do Amazonas, teve seu Projeto de Lei, de autoria do então deputado federal Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Filho, publicado no Diário Oficial da União em 27 de junho do mesmo ano, mas só se instalou como Fundação de Direito Público mantida pela União Federal em 17 de janeiro de 1965. O autor da Lei era pai do atual prefeito de Manaus, Arthur do Carmo Ribeiro Neto.

Europa cabocla
 
Para quem já teve a oportunidade de visitar a Europa pode observar que Manaus possui muito daquele continente, marcada em especial na sua arquitetura eclética, que mistura traços de arte barroca e do romantismo. O lugar é inspirador, talvez porque essa mistura caracteriza um lugar único em plena Amazônia.
 
Uma das obras características da ‘Belle Époque’ é a calçada do Largo, feita em ondas preto e branco para lembrar o encontros dos Rios Negro e Solimões, os quais banham a capital e formam o Rio Amazonas.

O calçadão foi finalizado em 1901 e posteriormente, adotado em Copacabana (RJ), em 1905. A verdade é que este tipo de arte veio de Portugal, onde decora a Praça do Rossio, em Lisboa.
O desenho existe há muitos séculos e homenageia o encontro das águas do Rio Tejo com o Oceano Atlântico e foi idealizada em Manaus juntamente com a construção do Teatro Amazonas devido à forte influência da cultura portuguesa na cidade.

Isto é Manaus, que se expande na vertical e horizontal, onde vive um povo, hospitaleiro, alegre e feliz. Manaus nasceu de costas para o rio, mas está de frente para o futuro.

terça-feira, 22 de outubro de 2013


É PRECISO UM POUCO DE PACIÊNCIA ...
                                                                                                                        Osny Araújo*

Devido à famosa “lei seca”, no último fim de semana apanhei um taxi e foi ao encontro de alguns amigos para atualizarmos o papo em torno de algumas geladas.  No trajeto, entre o D. Pedro e Campos Elíseos, para puxar conversa com o taxista, comentei as obras de asfaltamento nas ruas que o prefeito Arthur Neto vem realizando, com um trabalho de qualidade e fui logo contestado, pelo profissional do   volante tecendo severas críticas a administração municipal, principalmente no que se relaciona ao asfaltamento da cidade.  Ao  longo da curta viagem, fiz algumas colocações, para que o taxista entendesse que é preciso ter alguma paciência, especialmente quando se fala de obras públicas.
Sem querer funcionar como advogado do prefeito, mas falando como cidadão de Manaus e mais que isso, como jornalista e crítico, defendi a administração de Arthur e lembrei ao “motora” que eu também desejo a cidade de toda Manaus com as ruas perfeitas para o trafego de veículos, mas como sei que o prefeito não faz milagres, fiz ver a ele, a necessidade de se esperar um pouco e dar um voto de confiança ao prefeito que está apenas a dez meses no cargo.

Lembrei que o prefeito até agora tem cumprido as promessas de campanha. Tem batido as portas dos Governos federal e estadual e busca de recursos e parcerias. Com a chegada do verão, como havia prometido, a cidade se encheu de obras. O mercado Adolpho Lisboa, um patrimônio da arquitetura e da história de Manaus, finalmente vai ser reinaugurado, a revitalização da Ponta Negra continua, o projeto para a melhoria do transporte de massa na capital não está esquecido, promoveu o enxugamento da máquina administrativa com a extinção de varias secretarias e por aí, caminham as ações da Prefeitura, com vistas a reconstruir a cidade, considerando que Manaus passou uma boa temporada sem um prefeito de fato e para essa construção, duas coisas são absolutamente necessárias – recursos financeiros e tempo, até porque, ele não tem na sua equipe uma fada-madrinha que possua uma varinha de condão.
Com relação ao asfaltamento das ruas, contrariando o que disse o taxista, a Prefeitura não está fazendo isso em função da Copa e posso afirmar que a prioridade nesse trabalho  são com os corretores do transporte coletivo e o trabalho, certamente não será para a Copa e sim para os manauras e os visitantes da cidade, por isso, a provo a idéia. Tenho certeza que a melhoria no nossos sistema viário aos poucos atingirá toda a capital.

A verdade, é que a Prefeitura de Arthur Neto aos poucos vai mostrando a sua cara e hoje, a fotografia do centro da cidade, ainda não é a ideal, mas já começa a mostrar uma nova fisionomia e vai melhorar muito mais, quando for avançando  a revitalização do centro, principalmente quando ficar livre dos incômodos “camelôs”, que passarão a ter locais para trabalhar com dignidade e livrando o centro do conglomerado de barracas e sujeira em função da presença dos ambulantes em larga escala.

Entendo que a coisa caminha para dar certo e para que tenhamos dentro de pouco tempo uma nova cidade, mais bonita, organizada, moderna e conseqüentemente mais cidadã, para isso, o prefeito vem construindo várias parcerias, independentemente de cores partidárias ou ideológicas e dessa forma, Arthur que foi adversário político do governador Omar Aziz nas eleições passadas, quando o Governo apoiou a então candidata, senadora Vanessa Grazziotin, estabeleceu uma parceria com o Governo do Estado, o que demonstra claramente, que os dois governantes, estão pensando em Manaus e no seu povo e não apenas em política partidária.
Entendo que criticar é necessário, até porque os seres humanos são passivos de erros.  Penso também , que é muito cedo para criticar uma administração que tem a duração de 48 meses, não pode ser criticada quando ainda atravessa os primeiros dez meses de trabalho, por isso, é bom dar tempo ao tempo e ter um pouco de paciência para que os trabalhos possam avançar e aí sim, até a próxima eleição municipal tenhamos condições de fazer para valar uma análise de como foi à administração. Qualquer analise agora, com apenas dez meses de administração é prematura.

Para finalizar, posso afirmar com todas as letras. Ser prefeito de Manaus é um emprego que eu jamais sonharia ter em minha vida. As cobranças são muitas e eternas. Ainda bem que o amigo Arthur Neto não pensa assim e tenta com determinação e o amor que tem pela cidade reconstruir Manaus, a nossa ex-cidade risonha.
Já que estamos na semana de seu aniversário, parabéns minha cidade querida pelos 344 anos de fundação e muita história. (Postagem simultânea nos sites: Noticianahora, Tadeudesousa, Amazonianarede e blog Jornalismo Eclético)

*Osny Araújo é jornalista e analista político.

E-mail: osnyaraujo@bol.com.br – amazonianarede@gmail.com.br

sábado, 5 de outubro de 2013


“CONSTITUIÇÃO CIDADÃ"

                                                                                                     Osny Araújo*

O Brasil e os brasileiros comemoram com orgulho os 25 anos da Constituição de 1988, documento que alterou substancialmente a democracia e a justiça social em nosso país, razão pela qual na solenidade de sua promulgação, o saudoso deputado federal Ulysses Guimarães, (PMDB) presidente da Assembleia Nacional Constituinte, ao promulga-la, batizou-a de “Constituição cidadã”.
Com isso, o Brasil passou a respirar novos ares e a democracia começou a se fortalecer, uma vez que o país rompia de uma vez por todas com a Constituição de 1967, elaborada pelos militares que governaram o Brasil de 1964 a 85.
Nessa construção histórica, o Amazonas teve talvez a sua participação mais importante no cenário político nacional, com o amazonense, José Bernardo Cabral, que tenho a honra de privar da amizade, sendo o grande articulador da nossa Lei maior, atuando como relator da Constituinte e dessa forma, coordenou e relatou a Peça que foi transformada na grande obra jurídica, política e social do país,  face aos avanços proporcionados em todos os sentidos.
Cabral, como relator, foi incansável e pude testemunhar isso várias vezes em Brasília. Sempre procurou ouvir a sociedade, os seus anseios e sonhos e foi dessa forma que começou a alinhavar o seu relatório para que o Brasil tivesse uma Constituição igualitária, sem discriminação, democrática e literalmente aberta à sociedade nos seus mais diferentes seguimentos, por isso, ganhou o apelido de "Constituição Cidadã".
Os negros foram valorizados, os jovens de 16 anos ganharam o direito de participar mais diretamente da vida política nacional, com direito a voto, as mulheres valorizadas, os jovens, crianças e idosos, ganharam prerrogativas, estabeleceu o voto facultativo para os analfabetos entre outros pontos importantes. Além disso, a Carta Magna também procurou reestruturar os Poderes da República.
Hoje, Cabral viaja pelo Brasil falando do honroso trabalho de relator da Constituição de 88 e tentando explicar com maiores detalhes os grandes benefícios que ela proporcionou e proporciona a todos nós, mostrando os avanços que o País passou a experimentar em todos os sentidos e naturalmente, lamentando que até hoje, 25 anos depois, não esteja inteiramente regulamentada e tenha sofrido 80 modificações no período, através de Propostas de Emenda Constitucional (PECs), das quais 74 foram de inteiramente responsabilidade da Câmara dos Deputados e do Senado da República.
Lembro-me de um trecho do histórico discurso de Ulysses Guimarães durante o ato de promulgação da Carta, quando afirmou  que” a nova Constituição brasileira não era perfeita, mas seria pioneira. Será luz, ainda que de lamparina, iluminando a noite dos desgraçados. É caminhando que se abrem os caminhos. Ela vai caminhar e abri-los. Será o caminho redentor que irá penetrar nos bolsões sujos, escuros, miseráveis e ignorados da miséria”.
Essa luz começa a iluminar os miseráveis e excluídos e com isso, o Brasil passa a ser um país mais igualitário, justo e com uma grande preocupação com a inclusão social, como determina a nossa Carta Magna.
Recordo-me, que certa tarde, na redação do centenário Jornal do Comércio, onde militei por 28 anos como editor político, conversa com o amigo Cabral, não mais o político o senador, mas o cultor jurídico e advogado,  conversamos longamente e, indaguei alguns pontos do seu trabalho, relembrando com ele algumas passagens desse hercúleo trabalho para a formatação do texto que se transformou na nossa Constituição Cidadã e que, não chegava à mídia e ao esboçar um largo sorriso, contou-me alguns detalhes interessantes, como as articulações que precisou fazer para colocar no texto constitucional as prerrogativas favoráveis a Zona Franca de Manaus.
Lembrou por exemplo, que como relator, fazia questão de acompanhar muito de perto tudo o que se passava ao seu redor e para isso, contava com um anjo protetor, a sua secretária Maria Será da Mota, que no Amazonas foi presidente da extinta Emantur e Secretária do Trabalho e Serviço Social, à época. Disse que Marisa o marcava de perto, tomava conta da agenda e ainda lembrava os compromissos assumidos, daí a homenagem durante a conversa.
Ético, José Bernardo Cabral, nunca usou o verbo na primeira pessoa do singular para falar sobre a Constituição e sempre fala em “nós, os constituintes” e a sociedade brasileira representava pelos seus mais diversos seguimentos escrevermos a Carta Magna do País.
O fato, é que esse jurista e político amazonense, foi o grande mestre de obras de uma Constituição moderna e avançada e que aos poucos, mesmo com alguns atropelos, vem conseguindo ajudar a dar uma nova cara ao Brasil, com uma democracia mais fortalecida, uma economia caminhando, os trabalhos sociais e políticos avançando, fazendo com que os brasileiros possam continuar a sonhar com dias melhores no futuro, como preconiza a Constituição Cidadã, uma jovem de apenas 25 anos, que ainda tem muito a nos oferecer. Que assim seja.
(Postagem simultânea nos sites Noticianahora, Amazonianarede, Tadeudesouza e blog Jornalismo Eclético).
*Osny Araújo é jornalista e analista político.
E-mail: osnyaraujo@bol.com.br – amazonianarede@gmail.com