Papuda com bancada na Câmara
Osny
Araújo*
“Isto é uma vergonha”. Diria o âncora do jornalismo da Band, Boris Casóy, sobre a vergonhosa posição da câmara dos Deputados quem em votação secreta livrou da cassação o deputado rondoniense Natan Donadon, (ex-PMDB), condenado pelo Supremo Tribunal Federal há 13 anos e quatro meses e preso na Penitenciária da Papuda, em Brasília, ainda assim, continua deputado, num verdadeiro desrespeito a Justiça e a sociedade brasileira.
A verdade, é que a exemplo de outros seguimentos como os
ruralistas, evangélicos, o chamado baixo clero, a Papuda, agora representado
pelo deputado Donadon, também tem a sua representação no Congresso Nacional. É.
De Gaulle realmente tinha razão quando disse certa feita que o “Brasil não é um
país sério”. Essa afirmação, ainda jovem, revoltou-me à época. Hoje, concordo
plenamente com o francês.
Tudo isso aconteceu pelo corporativismo que existe nesse
mundo político, onde a grande maioria tem “rabo preso” e o que acontece hoje
com um, poderá acontecer outro no futuro, por isso, com o voto secreto, sem que
o parlamentar mostre a cara na hora de votar, vão levando com a barriga e a
população enganada pelo seu deputado ou senador, porque não sabe a posição
exata assumida por quem ajudou a eleger. É bom lembrar que tramita ou estão
engavetados no Congresso nacional, vários projetos que extingue o voto secreto
em votações como essa, mas a questão, parece não interessa a maioria dos
membros da Câmara dos Deputados e do Senado da República.
Garanto que a maioria
da população brasileira, com base na decisão assumida pelo Judiciário, seria a
favor da cassação do deputado rondoniense, mas os sábios e doutos deputados,
protegidos pelo voto secreto, entenderam a o STF agiu errado resolveram
absolver um político condenado pelo STF e preso na Papuda, onde cumprirá o seu
mandato.
Nem o mais rude cidadão consegue entender a posição assumida
pela maioria dos deputados da câmara Federal, que se dizem representantes do povo
no Parlamento brasileiro. O normal, no meu entendimento, seria a câmara apenas
referendar a posição assumida pelo STF e nada mais.
Donadon foi condenado pelo STF, por crimes de peculato e
formação de quadrilha, mas ainda assim, os seus pares em Brasília, através de
votação secreta, resolveram passar por cima da decisão da Justiça e o
presidiário continua deputado. Como o fato não foi bem visto pela sociedade, se
hoje fizermos uma enquete junto aos parlamentares, a grande maioria dirá que
votou pela cassação. Pura balela e demagogia.
Alias, deve dar mais
votos a favor do que o número de deputados presentes a essa “histórica reunião
da cassação” de um deputado presidiário, que mesmo absolvido pela Câmara, manterá
o status de parlamentar, ainda que seja hóspede do presídio da Papuda
continuará com o seu apartamento funcional em Brasília e como ficará sem
comparecer a Câmara, a sociedade ainda pagará o salário e as mordomias do
suplente que assumirá a cadeira no afastamento do titular.
Recordo-me agora, no processo de impeachment do ex-presidente
Collor, onde a votação foi aberta e pouquíssimos votaram os que votaram a favor
do ex-presidente, agora senador, porque o voto foi aberto e a sociedade estava
de olho na votação desses ilustres eleitores e como ninguém queria ficar contra
os eleitores, acabaram, talvez mesmo contrariados a votar pela condenação de
Collor, o então famoso “caçador de marajás”.
Parlamentares que não aprovaram a decisão, integrantes do
PSDB e PPS, anunciam que entrarão na Justiça tentando anular a vergonhosa
votação, mas conversando com alguns especialistas na matéria, o STF
dificilmente se envolverá novamente na questão, uma vez que a sua decisão já
foi tomada, que foi a condenação do preso, que se mantém deputado, para
envergonhar ainda mais a Câmara dos Deputados, que simplesmente cometeu um
grande absurdo. (Postagem simultânea nos sites: Amazonianarede, Noticianahora,
Tadeudesouza e blog Jornalismo Eclético)
*Osny Araújo é jornalista e analista político.